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Notícias do Estado
| Em 2 meses atrás

Documentário sobre surgimento de Palmelo a partir de centro espírita passa de meio milhão de visualizações

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Um documentário produzido em três meses de filmagens já tem mais de meio milhão de visualizações, mostrando ao público que a pequena cidade de Palmelo nasceu do Centro Espírita Luz da Verdade. O município se formou em torno do centro que há quase cem anos já atendia pessoas em busca de tratamentos espirituais, como acontece até hoje. É essa a história evidenciada no documentário “Palmelo, a Cidade Espírita”, disponível pelo YouTube, com duração de 45 minutos.

A casa espírita foi fundada há 95 anos, em fevereiro de 1929, e foi lançada como “marco da paz em 27 de setembro do mesmo ano”, conta o atual presidente, Barsanulfo Zarur. Em razão disso, a cidade tem o “codinome” de Cidade da Paz. Já a transformação em município, só veio com a emancipação, 24 anos depois, em 13 de novembro de 1953. No próximo mês, portanto, Palmelo completa 71 anos.

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Além da peculiaridade de ter surgido depois, e por causa do centro espírita, o nome da cidade também chama a atenção. Conta Zarur que a região escolhida para a construção do centro ficava em uma fazenda que no tempo do Brasil Império era uma sesmaria doada ao Barão de Palmela, dando origem depois ao nome Palmelo.

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Imagem antiga mostra grande movimentação no local -Reprodução: documentário Palmelo, a Cidade Espírita

Ele disse que o grande número de visualizações do documentário sobre Palmelo impressiona, mas não surpreende totalmente. “Já tivemos aqui a Revista Manchete, Revista Cruzeiro, Fantástico e Globo Repórter, por exemplo, produzindo reportagens sobre o centro espírita e a cidade”, justifica. Para ele, o interesse religioso, “a cura espiritual sem cortes, a psicografia que noticia do além”, é o que explica tantas pessoas assistindo o documentário.  

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Por semana, atualmente, o centro atende em torno de 200 pessoas para tratamentos espirituais e psicografias. Quando as pessoas buscam o tratamento, ficam em torno de seis dias na cidade, enquanto para a psicografia retornam no mesmo dia, relata. Zarur confirma que essa visitação mantém viva a economia local. As pessoas que buscam a cidade se hospedam e se alimentam nos estabelecimentos de Palmelo.

Ação voluntária

“Nos temos 300 médiuns e cada um doa seu tempo”, observa o presidente do Lar. Conforme ele, os atendimentos não são cobrados e a casa é mantida por donativos, bazares beneficentes, almoços e venda de obras espíritas. Com esses recursos, o Centro Espírita mantém uma escola com mais de 90 crianças matriculadas, doa cestas básicas e enxovais.

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Professor de história, química e música, já aposentado, atualmente Zarur é médium vidente, psicográfico e de operações cirúrgicas [espirituais]. Ele conta que já escreveu sete livros e todos os direitos autorais foram doados para a casa.

Visualizado por 590 mil pessoas de fevereiro até agora, o documentário mostra como surgiu a cidade a partir da procura por tratamentos espirituais e conta com rico material de fotos da época.  

Migrantes iniciaram os encontros espíritas, mostra documentário sobre Palmelo

“A história da cidade começa com a vinda de famílias oriundas de São Paulo no final do século XIX para a região de Santa Cruz de Goiás trazendo um evangelho segundo o espiritismo”, conta a coordenadora de mediunidade Liberalina Teodoro no documentário. Segundo ela, essas famílias de migrantes foram empregadas na fazenda Palmela e lá começam a ser realizados cultos espirituais que cada vez atraiam mais pessoas, como mostram fotografias da época.

Segundo a coordenadora, surgiu então a ideia de construir um lugar para a realização dos cultos. Houve então a chegada de Gerônimo Candinho, aluno de Eurípedes Barsanulfo, conceituado líder espírita. E a mediunidade de Candinho chamava a atenção para a cura de doenças complicadas na região, como fogo selvagem (pênfigo).

O documentário explica que foi nesta época que surgiu uma orientação mediúnica para um local para abrigar as reuniões de manifestações espirituais, evitando que elas ocorressem dentro do lar.

E cita o relato de que o ex-presidente Juscelino Kubitschek conheceu e se impressionou com Palmelo, chamando Jerônimo Candinho de herói por construir a cidade em uma região inóspita, na época um distrito de Pires do Rio. Ele teria ouvido em resposta que foi a “dona dor” que ajudou na construção.

Documentário exibe atendimentos espirituais

O vídeo também mostra como funciona hoje o Centro Espírita Luz da Verdade e a realização de exames nos frequentadores por grupos mediúnicos. E ilustra o que ocorre quando são indicadas cirurgias espirituais, ou microcirurgias, que são realizadas nas pousadas e casas de apoio onde os pacientes se hospedam. Esclarece, por exemplo, que esses procedimentos são realizados sem incisões (cortes) nos pacientes.

Documentário mostra ligação da cidade com espiritismo – Imagem reprodução Palmelo, a Cidade Espírita

A cidade que tem cerca de 2.300 habitantes apenas e sua região é chamada de ponto geomagnético por estar em um centro geodésico com concentração de energias e linhas magnéticas.

Algumas vezes são realizados “tratamentos desobsessivos” com o uso de correntes magnéticas através do envolvimento dos grupos mediúnicos. Os responsáveis citam que o tratamento se baseia na potência magnética criada pelas mãos dadas dos médiuns participantes, e pelo pensamento positivo em torno dos espíritos negativos que circundam a pessoa em tratamento.

O vídeo mostra ainda depoimento de pessoas que passaram pelos procedimentos espirituais em Palmelo. O documentário cita que os pacientes que mais procuram a cidade já tinham passado por diversos tratamentos convencionais e não encontraram a cura.

A casa espírita tem uma comunicação ativa. Tem dois sites, uma webrádio e um canal de tv pelo YouTube por onde começou a realizar um tratamento espiritual a distância.

Produtor de Brasília disse que ele e amigo tiveram o mesmo sonho do documentário sobre Palmelo

O vídeo é assinado pelo filmaker, diretor e roteirista Cleiton Freitas, da produtora Fenalma Arte, de Brasília. Responsável pela direção e edição, ao DG ele conta que tinha conhecido a cidade há muitos anos e sempre quis produzir algo a respeito do local “com tanta espiritualidade e simplicidade”. Segundo informou, a produção foi feita com recursos próprios e não foi beneficiada com as leis de incentivo cultural para o cinema.

A decisão de produzir veio de modo inusitado. “No ano passado sonhei com a cidade. O sonho era bem real, de tudo que tinha lá. E um amigo também teve o mesmo sonho. Não tivemos dúvidas de que era a hora de fazer o documentário. Fiz contato com um dos diretores do Centro Espírita e ele me falou: ‘já estávamos esperando você’. São aquelas circunstancias da vida que não são muito explicáveis pela nossa lógica racional do dia a dia”, relatou.

Autor de mais vídeos de conteúdo espírita e com outros conteúdos, Cleiton disse que não sabe avaliar precisamente o volume grande de visualizações do documentário Palmelo, a Cidade Espírita. “Mas, considerando que é um documentário, e espírita, sem estar em plataformas famosas de streaming, e sim no YouTube, é bem expressivo ter mais de 500 mil”.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.