A ex-presidente Dilma Rousseff prestou nesta segunda-feira (12) em Brasília seu primeiro depoimento à Polícia Federal como investigada na Operação Lava Jato.
Acompanhada de seu advogado, Alberto Zacharias Toron, a ex-presidente chegou por volta das 15h à sede da PF na capital e negou às autoridades qualquer tentativa de obstrução de Justiça, suspeita de que é alvo em inquérito aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a reportagem apurou, Dilma respondeu a perguntas sobre a indicação do ministro Marcelo Navarro ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), à nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao comando da Casa Civil e à tentativa do então ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em oferecer ajuda política e financeira ao ex-senador Delcídio do Amaral em troca do silêncio dele.
O depoimento de Dilma durou cerca de uma hora e, segundo Toron, a petista respondeu a todos os questionamentos. “Ela mostrou claramente que não houve, em hipótese alguma, qualquer tipo de obstrução de Justiça”, afirmou o advogado.
INQUÉRITO
Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki determinou em agosto a abertura de inquérito para investigar a conduta de Dilma e outras seis pessoas: o ex-presidente Lula, os ex-ministros do PT Aloizio Mercadante e José Eduardo Cardozo, e os ministros do STJ Francisco Falcão e Marcelo Navarro.
A principal suspeita à qual Dilma respondeu em seu depoimento desta segunda foi em relação às declarações de Delcídio que, em acordo de delação premiada, afirmou que a então presidente tentou interferir nas investigações por meio do Judiciário.
Segundo o ex-senador, Dilma indicou Marcelo Navarro para o cargo de ministro do STJ, com ajuda do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e do então presidente da corte, Francisco Falcão, sob o compromisso de que ele votasse pela soltura de presos pela Lava Jato, entre eles empreiteiros como Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo.
Em depoimento prestado em fevereiro deste ano, Delcídio disse ainda que a investida do Planalto para a nomeação de Navarro não era apenas um “abafa” imediato, mas algo de “maior amplitude e profundidade” que pudesse “mitigar os efeitos da Lava Jato” e não apenas liberar esta ou aquela pessoa.
Além das declarações do ex-senador do PT a Procuradoria-Geral da República levou em conta, para pedir ao STF a abertura de inquérito contra Dilma, a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil, o que acabou não se concretizando.
Os investigadores sustentam que a escolha do ex-presidente tinha o objetivo de garantir foro privilegiado ao petista e, assim, permitir que seus inquéritos saíssem das mãos do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Após o pedido de Teori, a Procuradoria-Geral e a PF puderam conduzir investigações para conseguir provas de que houve crime de obstrução de Justiça.
Folhapress