Investigadores alemães acreditam que há “grande probabilidade” de que o suspeito tunisiano que buscam em relação com o ataque de segunda-feira (19) a um mercado natalino em Berlim seja o autor do atentado, disse nesta quinta-feira (22) o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière.
“Podemos dizer hoje que o suspeito é muito provavelmente o responsável pelos ataques”, disse o ministro.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ao lado de De Maiziere no Gabinete Federal de Investigação Criminal, disse esperar que o autor do ataque seja preso em breve.
O suspeito fugiu e está sendo procurado pelas autoridades do país, que emitiram uma ordem europeia de detenção. Ele estaria à solta e armado.
Autoridades alemãs confirmaram que as digitais de Anis Amri foram encontradas na porta do veículo. Apartamentos em Berlim e em Dortmund foram revistados.
As autoridades encontraram, ademais, os documentos dele -que utiliza diversos nomes e também as cidadanias de Egito e Líbano.
A busca por Amri mobiliza todo o país e é conduzida também no resto do espaço europeu. Foi o maior ataque em solo alemão desde 1980.
A organização terrorista Estado Islâmico assumiu a autoria do atentado em uma nota divulgada por um de seus canais de propaganda. Não está provado, no entanto, que a milícia teve um papel ativo no ataque. A ação pode ter sido apenas inspirada por essa organização.
O restante da Europa segue em alerta e incrementando a segurança de outros mercados natalinos, como o da França. Há receios de que o Estado Islâmico planeje outros ataques, enquanto perde território no Iraque.
Caso a autoria de Amri seja provada, será um duro golpe à imagem das forças de segurança alemães e da chanceler Angela Merkel.
Amri era conhecido da polícia. Ele havia sido investigado entre março e setembro pelos planos de comprar armas automáticas para um ataque. O monitoramento foi encerrado por falta de evidências, o que teria deixado ele livre para seus planos.
Ele esteve em contato com o recrutador Abu Walaa, detido em novembro, e conversou com militantes do Estado Islâmico. Amri também ofereceu-se como atacante suicida em um site radical, segundo informação divulgada na imprensa local.
Ademais, o jovem tunisiano teria tido seu pedido de asilo negado e deveria ter sido deportado -não foi porque não tinha um passaporte válido e porque a Tunísia negava que fosse seu cidadão.
Amri estava também em uma lista de proibição ao voo nos EUA depois de ter buscado informações on-line sobre como construir bombas, segundo o jornal americano “New York Times”.
Merkel já é bastante criticada no país por sua política de abrir as portas a refugiados. Cerca de 900 mil deles entraram na Alemanha durante 2015, vindos de países como Síria e Afeganistão.
Partidos como o radical Alternativa para a Alemanha, contra a migração e à presença de muçulmanos, vão aproveitar-se da crise para seu próprio ganho político. Haverá eleições em 2017, às quais Merkel irá concorrer.
Folhapress