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Goiânia
| Em 3 anos atrás

“Diariamente entregadores de aplicativos sofrem algum tipo de discriminação”, diz representante da classe

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Na noite da última quinta-feira (20), o entregador por aplicativo Cleiton Cruvinel, de 41 anos, foi alvo de comentário racista ao realizar uma entrega a um cliente de um condomínio localizado no setor Vila Alpes, em Goiânia.

Após deixar a entrega, o cliente foi até a plataforma e escreveu como justificativa: ”Entregador negro”. De acordo com Cleiton, no momento da entrega ele sentiu indiferença no olhar do cliente, e quando retornou a lanchonete, tomou conhecimento do comentário deixado no chat do aplicativo.

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Indignados com mais um relato de discriminação, um grupo de entregadores realizaram nesta sexta-feira (21) uma manifestação em frente ao condomínio onde aconteceu o episódio, na Vila Alpes.

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Ao Diário de Goiás, o representante da categoria pelo Ifood em Goiânia, Marcione Luiz Araújo, disse que diariamente acontece algum tipo de discriminação com entregadores por aplicativos em Goiânia. Marcione explica que isso se dá pelo o fato de muitos entregadores não subirem até o apartamento do cliente para deixar a entrega, isso por uma questão de preservação de saúde, em vista que estamos ainda na pandemia e para evitar contatos diretos, muitos entregadores deixam o pedido nas portarias e isso vira motivo de ataques por parte de clientes.

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”Como ainda estamos no meio de uma pandemia, alguns entregadores tem o hábito de se recusarem a subir. Como o cliente não quer descer, é onde acontece tanta discriminação, porque o cliente quer que o entregador suba e deixe o pedido na porta, só que para resguardar sua saúde e para não ter constrangimento com um morador ou síndico, alguns entregadores se recusam a subir e com isso o cliente fica revoltado e vai falar ‘asneira’ pelo chat do aplicativo”, explica Marcione Luiz.

Para o representante da categoria, deveria haver mais compreensão por parte do cliente quando o entregador não sobe até o apartamento. Ele explica que de certa forma o entregador perde tempo fazendo esse trâmite. ”Tempo pra nós é dinheiro, se a gente for ficar subindo de prédio em prédio, acaba que nossos ganhos diminuem no decorrer do dia”, explica.

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Ataques a entregadores de aplicativos

Marcione Luiz explica que além de racismo, muitos entregadores de aplicativos sofrem todo e qualquer tipo de preconceito como também por exemplo, ataques homofóbicos. De acordo com ele, todos estes ataques é justamente pelo o fato do entregador não subir para deixar o pedido na porta.

”Nós entregadores somos uma intermediação entre plataforma, restaurante e cliente final. Como tempo para nós é dinheiro, então, quanto mais rápido finalizarmos uma corrida, mais a gente terá outras para fazer e como boa parte dos entregadores se recusa a subir, é da onde vem estes ataques”, destaca Marcione.

”Eu principalmente já recebi diversos ataques durante entregas onde eu me recuso também a subir, porque se acontecer alguma coisa, a gente precisa se explicar etc,e para evitar esse tipo de constrangimento e devido a pandemia também, eu e boa parte dos entregadores não subimos mais em prédios”, frisa.

Cliente menor de idade

O ocorrido com o entregador Cleiton Cruvinel na noite da última quinta-feira (20), o morador que praticou o ato racista, é um adolescente de 15 anos. Marcione explica que como sendo representante da classe em Goiânia, achou inadmissível.

”Em pleno século XI ainda ter gente com atitude dessa, é bastante bizarro. Mesmo que seja um adolescente de 15 anos, a gente vê que o tratamento familiar dele não é de boa índole, porque educação vem de berço”, dispara Marcione.

Ainda de acordo com o representante, Cleiton Cruvinel ainda não havia registrado um Boletim de Ocorrência. ”Ele ficou tão abalado que não ia mexer. Mas como teve muita repercussão em grupos de whatsapp os entregadores começaram a se mobilizar, e na manhã deste sábado (22) ele vai registrar o boletim’, explica.

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Leonardo Calazenço

Jornalista - repórter de cidades, política, economia e o que mais vier! Apaixonado por comunicação e por levar a notícia de forma clara, objetiva e transparente.