Conhecer a sorologia positiva de forma precoce aumenta muito a expectativa e a qualidade de vida de uma pessoa que vive com o vírus HIV. O tratamento antirretroviral da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) é garantido para todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Mesmo assim, de acordo com o Boletim Epidemiológico de HIV/Aids, divulgado pelo Ministério da Saúde em fevereiro, entre 2011 e 2021, o número de diagnósticos saltou 198%, passando de 13,7 mil para 40,9 mil.
Por outro lado, graças ao tratamento, os casos de Aids caíram 18,5% no mesmo período, passando de 43,2 mil novas notificações, em 2011, para 35,2 mil, em 2021. Isso acontece porque os medicamentos atuais conseguem controlar a infecção do HIV, impedindo a evolução para a sua forma grave, que é a aids. Por isso, nem todos que vivem com o HIV têm aids. Para seguir alertando a população sobre o tema, 1º de dezembro é o Dia Mundial de Combate à Aids, e o tema dá a cor vermelha ao mês.
A infectologista Juliana Barreto, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, detalha como é o tratamento para a doença. “Já que o HIV é um retrovírus, então o tratamento consiste em antirretrovirais, com medicações específicas. A pessoa que tem o diagnóstico de HIV, ela já inicia o tratamento com antirretroviral para tentar evitar que ela evolua com o caso de Aids. Então, o paciente hoje consegue, sim, levar uma vida normal se ele tiver adesão à terapia antirretroviral, que é conhecida como TARV”, explica.
A especialista ressalta ainda a diferença entre HIV e Aids. “A pessoa que vive com o HIV é portador do vírus. A Aids é a síndrome da imunodeficiência adquirida, que é o portador de HIV que já evoluiu com a doença oportunista, levando a uma taxa de defesa do corpo, que são os linfócitos CD4, a ficarem baixos, e a principal doença oportunista é a tuberculose. Então, é diferente ser um portador de HIV e a pessoa que tem a Aids”, salienta a médica. “Assim, se o paciente for portador do vírus HIV ele tem que aderir totalmente ao tratamento para não evoluir para Aids e ficar mais suscetível a contrair doenças, porque ela leva à baixa do sistema imune”, completa.
Hoje em dia, o portador de HIV pode se relacionar com outra pessoa tranquilamente. “Ele precisa falar com o parceiro que é portador de HIV para tomar todas as medidas. Ele tem que ter uma adesão total à terapia anti retroviral, para que dessa forma esteja com a carga viral zerada, isso é importantíssimo para que ele possa não transmitir e usar os métodos preventivos de barreira, como a camisinha. Isso é importantíssimo para que ele tenha um relacionamento normal com outra pessoa”, destaca Juliana Barreto.
Mulheres portadores do vírus também podem ter filhos sem transmitir para a criança. “Ela vai ter que sempre falar para o obstetra, é importantíssimo ter o acompanhamento pré-natal para poder já estar com a carga viral zerada para baixar muito o risco de transmissão para o feto. Além disso, no parto deve-se ter toda a questão clínica, de cuidados, um parto especial, por isso o obstetra tem que ter conhecimento”, orienta a infectologista.
Contudo, Juliana Barreto salienta que mesmo com toda a evolução do tratamento, é necessário seguir cuidados para evitar a evolução do HIV para a Aids. “É preciso acompanhamento médico especializado frequentemente, para que possa numa consulta, avaliar a carga viral, a taxa de defesa, o risco cardiológico. A gente já sabe hoje que o portador de HIV tem uma doença crônica, o vírus HIV aumenta o risco de doenças cardiovasculares, portanto, é necessário sim um acompanhamento especializado, para evitar a evolução da doença e para que você tenha uma vida normal”.
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