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Desnutrição atinge metade dos pacientes hospitalizados, aponta estudo; suplementos aparecem como tratamento

A desnutrição pode ser definida como um desequilíbrio metabólico causado pelo aumento da necessidade calórico-proteica, consumo inadequado de nutrientes com consequentes alterações da composição corporal e das funções fisiológicas. Dessa forma, a desnutrição que acontece no ambiente hospitalar vem normalmente associada à doença de base do paciente, mas fatores como a idade avançada, o tratamento com múltiplas drogas, quimioterapia, radioterapia, cirurgias, saúde dental, isolamento social, entre outros, podem contribuir para o agravamento da condição. Os participantes do XXII Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral (Braspen 2017) debateram o assuntoe, em Salvador. 

Tal acometimento causa um impacto negativo na saúde do indivíduo de forma geral. Entre os graves efeitos da desnutrição está a perda de massa magra, que eleva o risco de infecção, diminui a cicatrização e aumenta o risco de mortalidade em doenças agudas e crônicas, além do risco de complicações pós-operatórias e maior tempo de internação.

Estudo

Após 20 anos, o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI, 1996), um importante estudo sobre o estado nutricional de pacientes internados em hospitais de todo o Brasil, conduzido pelo gastroenterologista Dan Waitzberg, foi revisado (Position Paper) e a conclusão foi semelhante. A desnutrição clínica continua prevalente e atinge metade dos pacientes hospitalizados.

Conforme aponta o estudo, a prevalência da desnutrição se dá em pacientes oncológicos (com câncer), em pacientes com mais de 60 anos e em pacientes com infecções. Outro ponto preocupante é o tratamento dos pacientes que voltam para casa, mas sofrem com a negligência no cuidado nutricional, que por sua vez, aumenta a readmissão hospitalar. A taxa de mortalidade em pacientes desnutridos é 2,5x maior, do que no não desnutrido, e a taxa de complicações é de 40% a 50% maior do que no indivíduo nutrido.

“A desnutrição clínica, quando associada a outras doenças, resulta em um aumento das taxas de infecção e do tempo de permanência no hospital, levando a um acréscimo nos custos de tratamento e taxas de mortalidade significativamente mais altas. Este problema é um inimigo oculto que está infiltrado nos hospitais e nos domicílios dos pacientes. A reversão deste quadro depende de informação, detecção precoce dos pacientes desnutridos e da implementação da terapia nutricional adequada”, explica Dan, condutor do estudo.

Diagnóstico

O nutricionista faz a identificação por meio de perguntas simples (triagem nutricional) ou exames (avaliação nutricional). No caso do paciente internado, esse profissional observa o consumo alimentar do paciente. Se ele estiver comendo apenas a metade (ou menos) das refeições servidas é necessário intervir do ponto de vista nutricional.

De acordo com Dan Waitzberg, houve uma grande mudança no Brasil e no mundo em relação a composição corporal. “Muitas vezes um paciente com excesso de peso é visto como nutrido, mas pode não estar. Hoje, nós sabemos claramente que o faz a diferença no estado nutricional é a massa magra, e os obesos podem ter só gordura, com isso torna-se sarocpênico (deficiência de massa magra), sofrendo dos mesmos problemas que um magro desnutrido. Outro problema é o falso magro, ou seja, o indivíduo que não tem músculo. São dois pacientes que enganam e inspiram um olhar treinado e clínico”, afirmou o médico, ressaltando a importância do diagnóstico.  

Ainda de acordo com o médico, o paciente hospitalizado que não se alimenta normalmente vai ficando com déficit de calorias acumuladas. “Viu que o paciente não comeu, já se deve entrar com a dieta imediatamente, a terapia nutricional oral é de fácil digestão, mas o governo não paga isso. Esse ponto deve ser considerado, pois esse tipo de alimentação não depende de equipamento,há várias formas de ser servido, é realmente um reforço alimentar.

Soluções

A Terapia Nutricional Oral – por meio de suplementos, ou complementos industrializados dietéticos, que são soluções líquidas de pequeno volume, devem ser introduzidas quando o paciente não consegue ingerir alimentos na taxa adequada para a idade ou doença dele. Essa é uma das alternativas de tratamento apontadas pelo estudo.

“Esses doentes, a imensa maioria, têm pouca fome. Você pode até dar um prato de comida, que é o adequado, mas as pessoas não comem. Então, com uma pequena quantidade de suplemento, você repõe toda a quantidade de calorias necessárias, isso é uma estratégia nova. E não é uma coisa cara, é muito mais caro uma dose de antibiótico. A comida é o sustentáculo da vida, se não comer, não para em pé”, diz José Eduardo Aguilar, presidente do XXII Congresso Brasileiro de Nutrição Parenteral e Enteral (Braspen 2017).

“Muitos hospitais entendem que isso faz parte da dieta hospitalar, mas não faz. A dieta hospitalar é entendida como o prato, esses suplementos são específicos, eles têm gradações. Alguns hospitais privados têm aceitado as prescrições médicas e cobrando as operadoras, que estão entendendo que isso é custo benefício. Estudos provam que pacientes que tomaram terapia oral, tiveram resultados melhores em relação aos que não tomaram, em termos de estadia hospitalar, infecções e outras complicações”, ressaltou Dan Waitzberg.

“É muito importante entender que quando se usa terapia nutricional oral, se evita antibióticos, se evita UTI (Unidade de Terapia Intensiva), evita diária hospitalar, está se reduzindo custos. Quando se relaciona o custo da terapia com os suplementos em relação ao que se economiza, a terapia se torna altamente benéfica”, destaca ainda o presidente da Braspen.  

Laura Santos Braga

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