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Categorias: Economia
| Em 9 anos atrás

Desemprego salta em julho para 7,5%, maior nível em 6 anos

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Rio – A taxa de desemprego deu um salto em julho, justamente em um período que costuma apresentar movimentos mais tímidos no mercado de trabalho. O resultado ficou em 7,5% nas seis principais regiões metropolitanas do País, o maior nível para o mês desde 2009, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quinta-feira, 20. Em julho de 2014, a desocupação era bem menor, de 4,9%. Nunca houve um avanço anual tão intenso em toda a Pesquisa Mensal de Emprego, iniciada em 2002.

A taxa de desocupação costuma crescer no primeiro trimestre, quando trabalhadores temporários contratados para as festas de fim de ano são dispensados. Após março, a tendência de alta é atenuada. “Chama a atenção a aceleração da taxa, que não se interrompeu depois do primeiro trimestre. A taxa não ficou estável, continuou crescendo”, afirmou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do órgão.

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A rapidez da deterioração do mercado de trabalho surpreendeu analistas, que esperavam uma taxa de desemprego de, no máximo, 7,3% para o mês. “A taxa de julho mostra o desemprego andando mais rápido do que mostrava o nosso pior cenário”, resumiu o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores. “É muito rápido”, repetiu ele, que projeta uma taxa de 8% no fim do ano.

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Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, a crise política é o novo fator que eleva a velocidade das demissões. “Há um processo agudo de elevação das dispensas por parte das empresas em geral e não há uma perspectiva de melhora da economia até 2016, dado que muitos especialistas avaliam que o PIB (Produto Interno Bruto) também cairá, embora menos do que 2015”, comentou.

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Procura por trabalho

Além das dispensas, há um aumento intenso na procura por emprego. Ao todo, 662 mil pessoas entraram na fila por uma vaga, alta de 56% em relação a julho de 2014, resultado que não encontra precedentes na pesquisa. As demissões, por outro lado, somaram 206 mil no período.

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“O que provavelmente está acontecendo é que as pessoas sentem mais necessidade de buscar emprego”, explicou Adriana, do IBGE. A queda na renda tem um peso importante nesta decisão. Em julho ante igual mês de 2014, o rendimento médio dos trabalhadores caiu 2,4%, a sexta retração consecutiva nesta comparação.

Essa necessidade parece bater à porta de um número cada vez maior de pessoas. Na terça-feira, 18, uma feira de emprego causou confusão na zona oeste do Rio de Janeiro. Havia oferta de quase dois mil postos, mas mais de 20 mil foram entregar seus currículos para vagas de caixa de supermercado, segurança, auxiliar de escritório, entre outros. O resultado foram filas enormes e um empurra-empurra na abertura dos portões.

Jovens

Os brasileiros entre 18 e 24 anos estão à frente dessa multidão que procura emprego. Até o ano passado, eles podiam se dedicar aos estudos, já que a renda do domicílio era suficiente para bancar as despesas. Agora, o cenário mudou, e eles têm retornado ao mercado para ajudar na renda da família.

“Os jovens estão exercendo uma pressão bastante acentuada no mercado de trabalho. As outras pessoas também, mas eles de maneira mais intensa”, disse Adriana.

Além da perda do emprego, o IBGE atentou para a piora na qualidade no mercado de trabalho. Em um ano, 359 mil postos formais foram fechados. Agora, 49,7% dos trabalhadores nas seis principais regiões metropolitanas do País têm carteira assinada no setor privado – o menor porcentual desde dezembro de 2012.

“Se a indústria e os serviços, que têm a carteira assinada como principal vínculo, continuarem demitindo, pode sim haver um processo de equiparação dos indicadores atuais com aqueles de 2009. Seria uma forma de anular aquilo que a gente veio acumulando nos últimos anos”, afirmou a técnica do IBGE.

Para o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo, a tendência de aumento do desemprego deve continuar não apenas neste ano, mas também ao longo de 2016. “Talvez a virada do mercado de trabalho fique para 2017. Ano que vem deve ser de piora dos índices (de emprego), embora em ritmo menor do que neste ano”, disse. Colaboraram Francisco Carlos de Assis, Gabriela Lara e Ricardo Leopoldo

(Estadão Conteúdo)

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