O PMDB foi o partido que mais elegeu prefeitos no primeiro turno das eleições, mas o PSDB teve melhor desempenho nas grandes cidades que concentram maior fatia da população e têm orçamentos maiores.
Com as 793 prefeituras conquistadas pelos tucanos, o partido ficou com 14,4% dos 5.509 municípios com eleição definida. Considerando apenas o grupo de cidades grandes, porém, o índice cresce para 21,3%.
A tabulação da reportagem dividiu os municípios do país em três grupos com população total equivalente. O conjunto de cidades grandes concentra as com mais de 150 mil habitantes, já o de cidades pequenas inclui aquelas com menos de 26 mil moradores.
No grupo de cidades médias estão os municípios que têm entre 26 mil e 150 mil habitantes, considerando a estimativa feita anualmente pelo IBGE.
O cruzamento aponta que o PSDB sai das urnas em situação favorável para a disputa nacional de 2018, já que a partir do ano que vem passará a ter influência direta sobre os maiores colégios eleitorais do país.
João Doria, tucano que foi eleito em São Paulo, maior cidade do país, com 53% dos votos, usou o discurso de vitória para apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin à presidência.
O governador é padrinho político do prefeito eleito e foi fiador de sua candidatura dentro do PSDB.
O partido pode aumentar ainda mais sua influência, já que é a sigla com maior número de candidatos disputando o segundo turno que ocorre justamente nas maiores cidades.
Os tucanos já garantiram uma população de 37,5 milhões de pessoas sob sua influência, o maior contingente do país. Se levar as outras 19 prefeituras que ainda disputa, o número pode aumentar para 53,4 milhões, mais de um quarto da população brasileira.
CAPILARIDADE
O cruzamento de dados aponta também que partidos como PSD e PP, terceiro e quarto colocados no ranking de prefeituras conquistadas no primeiro turno, têm desempenho melhor nos rincões do Brasil.
A média nacional de 9,8% das prefeitas do PSD cai para 6,6% nas cidades grandes e sobe para 10% nas pequenas.
O PP, que ficou com 9% das prefeituras, tem apenas 2,9% das administrações de cidades grandes e 9,4% das pequenas.
Já o PSB, quinto colocado em número de prefeituras, tem desempenho melhor nas metrópoles. O percentual de 7,5% das prefeituras do país sobe para 9,6% no recorte dos maiores municípios.
O PMDB tem índices semelhantes nos dois extremos do grupo de cidades, e vai pior nas cidades médias. O PT, partido que sofreu a pior derrota entre todas as legendas sob qualquer aspecto, tem desempenho ligeiramente melhor nesse grupo.
BRANCOS E NULOS
Os votos brancos e nulos crescem conforme o porte dos municípios, aponta análise feita com o mesmo grupo e a mesma divisão de cidades.
Se no país como um todo o percentual médio de votos nulos foi de 7,3%, nas grandes cidades ele chegou a 12,9%.
O índice médio de votos brancos do país, 1,8%, também é maior considerando apenas as maiores cidades 4,5%.
Na capital paulista, o número de brancos e nulos (1,5 milhão) foi maior do que a votação do prefeito Fernando Haddad (PT), que ficou em segundo.
O exemplo de São Paulo se repetiu em outras capitais e, segundo especialistas, é sintoma do descontentamento do eleitor com a classe política.
Outro fator que influencia o número de votos nulos são as candidaturas com pendências com a Justiça. Se no momento da eleição o candidato não está apto, os votos recebidos são considerados nulos e contabilizados à parte, até que a situação seja definida.
(FOLHAPRESS)