Tido como um possível opositor de Lula na disputa pela presidência nas eleições de 2026, o governador Ronaldo Caiado (UB), fez uma publicação em suas redes sociais criticando o atual presidente que fez uma comparação do conflito na Faixa de Gaza com o Holocausto nazista. A fala foi feita durante uma entrevista na Etiópia, onde o presidente participou neste fim de semana de uma reunião da cúpula da União Africana.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula em sua fala. Em resposta à fala que gerou uma forte controvérsia, Caiado disse: “Trata-se de um desrespeito absoluto ao povo de Israel e mostra o quanto Lula está desconectado com a realidade do país e do mundo”.
O governador ainda acrescentou que relativizar o Holocausto, onde judeus eram incinerados ou mortos em câmaras de gás, “é querer reescrever um dos capítulos mais terríveis da história mundial”. O líder estadual ainda cobrou de Lula um pedido de desculpas ao povo judeu. “O que precisamos é atuar pela paz e não acirrar ainda mais os ânimos naquela região, como fez o presidente Lula. O mínimo que se espera é que ele se retrate”. Confira:
Além de Caiado, Lula também foi criticado por instituições judaicas, que pontuam que a comparação é uma forma de “banalizar o Holocausto”. A declaração chegou até o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que afirmou que irá convocar o embaixador brasileiro no país para uma “dura conversa de repreensão” nesta segunda-feira (19).
“As palavras do presidente do Brasil são vergonhosas e graves. Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, disse Netanyahu afirmando que Lula “cruzou uma linha vermelha”.
A Conib (Confederação Israelita do Brasil) emitiu uma nota de repúdio à fala de Lula, na qual defendeu as ações de Israel. “Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua carta de fundação a eliminação do Estado judeu”, diz o comunicado.
O grupo extremista Hamas apoiou o posicionamento de Lula e publicou no último domingo (18), em seu canal oficial no Telegram, um comunicado elogiando a comparação. “A declaração surge no contexto de uma descrição precisa daquilo a que o nosso povo está exposto”, disse a nota.
“Apreciamos a declaração do presidente brasileiro Lula da Silva, que descreveu aquilo a que o nosso povo palestino está a ser submetido na Faixa de Gaza como um Holocausto, e que o que os sionistas estão a fazer hoje em Gaza é o mesmo que Hitler nazista fez aos judeus durante a Segunda Guerra Mundial”, afirma o texto.
Porém, em sua fala, Lula reiterou que condena o Hamas e os ataques realizados por eles. “O Brasil condena o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que Israel está fazendo na Faixa de Gaza”, disse durante a entrevista na Etiópia.