O deputado estadual Amauri Ribeiro (Patriota) reafirmou, em entrevista ao Diário de Goiás, que a vereadora por Goiânia, Luciula do Recanto (PSD), “merecia um tiro na cara” por uma ação na casa de um homem que supostamente promovia rinhas de galo na capital.
O caso aconteceu em maio deste ano. Vídeos gravados pela equipe da parlamentar mostram o portão da casa sendo arrombado e galos presos em gaiolas. O homem, dono da residência e dos animais, é filmado algemado.
Amauri Ribeiro, numa sessão da Assembleia Legislativa na última quinta-feira (5), afirmou que a vereadora “merecia um tiro na cara” por ter arrombado o portão da casa e reiterou a posição.
“Se alguém entrar na minha casa sem ordem judicial, toma um tiro na cara”, destaca. Ele chamou Luciula de “vitimista” e afirmou que a operação ocorreu sem mandado judicial para entrada na propriedade. “Ela tinha que estar na cadeia. O que ela fez é crime”, completou.
O deputado disse ainda que o homem que teve a casa invadida não promovia rinha de galos, e o local funcionava como criatório. As aves foram apreendidas. Num vídeo divulgado pelo rapaz, ele relata que também teve subtraídos outros bens, como um televisor. A reportagem do Diário de Goiás tentou repetidas vezes entrar em contato com sua defesa, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.
Ribeiro afirmou que acionou judicialmente a vereadora pela operação.
Vereadora vai à polícia: “Humilhada e ameaçada”
Assustada e indignada com as declarações do deputado, a vereadora Luciola vai nesta terça-feira (10) à 13ª Delegacia de Polícia para registrar ocorrência. Ela também disse que acionará o Ministério Público. “Isso que ele fez é crime e não podemos deixar passar impune. Agrediu uma mulher, mãe de família e ativista. Se ele quiser calar a minha boca, ele que me mate”.
A parlamentar relatou que está em pânico e desabafou após os ataques. “Jamais acreditei que ele seria capaz de tamanha crueldade e afronta. Me senti humilhada, ameaçada. Estou em pânico. Percebi que querem me calar. Isso é só porque sou mulher. Tive coragem de exercer minha função na Câmara e na sociedade e o que recebo é uma ameaça de morte”, afirmou.
Ela se defendeu das acusações de Ribeiro e garantiu a legalidade na ação. Segundo ela, o rapaz, dono da casa, foi preso um dia antes do arrombamento. Ele já teria três passagens pela polícia pelo crime de maus tratos a animais. Luciola explicou que, no primeiro momento, acompanhou a Amma e a Romu na ocorrência e depois voltou com os mandados necessários.
“Minha atitude jamais foi ilegal. Fomos lá porque a Amma e a Romu receberam a denúncia de que havia esse criador de galo para rinhas, juntamente com quatro cães, que estavam em estado deplorável. Cheguei lá depois, só filmei o suspeito, que já tinha três passagens na polícia pelo mesmo crime, sendo algemado. Fui a fiel depositária. Voltamos no dia seguinte e, como não tinha ninguém na casa, porque o cidadão estava preso, eu tinha toda documentação e agi dentro da legalidade”, explicou.
Repúdio e apuração
Em nota, a Câmara Municipal repudiou a fala do deputado na tribuna da Alego, chamou-as de ‘intimidatórias’ e destacou o ‘tom de ameaça’. A Casa também disse que a Procuradoria estuda medidas legais “em defesa da honra e do livre direito de atuação, manifestação e expressão da vereadora e dos demais 34 vereadores”.
A Comissão de Ética da Alego vai apurar o comportamento de Amauri Ribeiro e avaliar se houve quebra de decoro. O presidente da Casa, Lissauer Vieira, também deve ter encontro com o parlamentar para conversar sobre o caso.
Em nota encaminhada ao Diário de Goiás, a Agência Municipal de Meio Ambiente confirmou que recebeu uma denúncia de maus tratos à animais e foi ao local para a devida apuração. A ação foi acompanhada pela vereadora Lucíola. Leia a nota na íntegra:
A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) realizou ação fiscal no dia 19 de maio de 2021 para apurar denúncia de maus tratos a animais recebida pelo telefone 161. A equipe da Amma foi até o local acompanhada de integrantes da Guarda Civil Metropolitana e a vereadora Lucíola também esteve na ocorrência, atuando como fiel depositária dos animais apreendidos na ação.