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As últimas duas semanas foram turbulentas para Jair Bolsonaro. Ele mesmo havia previsto isso, na sexta-feira retrasada (10/05) quando declarou que poderia “enfrentar um tsunami”, na semana que avizinharia. Não estava errado. As ondas se ergueram em todo o Brasil, com manifestações pró-educação e contra as medidas anunciadas de contingenciamento anunciadas pelo Ministério da Educação. Seu filho Flávio Bolsonaro, senador eleito pelo Rio de Janeiro também pelo PSL teve seu sigilo financeiro quebrado pelo Ministério Público e agora a Receita Federal também mira seus olhos em torno do ZeroUm – a alcunha carinhosa dada pelo pai – e da primeira-dama da República, Michelle Bolsonaro.
A influência olavista no Governo também está sendo sentida pelos militares que já deram o aviso: controle sua milícia virtual ou o governo implodirá. Burburinhos de um possível impeachment começam a surgir. Na sexta-feira que Bolsonaro fez o prenuncio do tsunami, ele alertou seus correlegionários que fariam de tudo para atingi-lo e citou a expressão “impeachment” de forma orgânica. A sugestão sequer havia passado pela cabeça de seus adversários e opositores.
No dia 15, atos pró-educação e contra o contingenciamento de gastos do governo foram realizados em todo o Brasil. Os estudantes se apropriaram da fala do presidente e disseram que estavam realizando um “tsunami da Educação” nas ruas. Informações divulgadas pela União Nacional dos Estudantes Secundaristas dão conta que aproximadamente 3 milhões de pessoas se manifestaram em todo o Brasil.
Aliados do presidente ameaçam abandonar o barco. Nesta semana, Janaína Paschoal que era cogitada a vice-presidência de Bolsonaro antes do período eleitoral, bateu boca com colegas de partido. O resultado foi sua saída de um grupo do whatsapp e uma série de rumores que indicam uma possível desfiliação partidária. Saindo ou não, as feridas ficaram: “Vocês estão cegos”, sentenciou Paschoal ao sair do grupo.
Kim Kataguiri, um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) e deputado federal pelo Democratas, que também manifestou apoio a Jair Bolsonaro já sustenta a possibilidade de um impeachment. “Existe, sim, a possibilidade de votar o impeachment, é uma palavra que precisa ser considerada”, disse em entrevista a Agência de notícias Bloomberg. A história mostra que o MBL foi um dos principais responsáveis pela série de manifestações que levaram a deposição da ex-presidente Dilma Rousself (PT) em 2016.
Processos de impeachment são traumáticos em qualquer regime democrático ainda mais quando se considera que não faz nem quatro anos que uma presidente foi deposta e esvaziar os poderes do presidente da República pode ser uma alternativa para solucionar os problemas do governo. Essa é a ideia do líder do Podemos na Câmara Federal, José Nelto. “Se o governo não der certo, vamos para o parlamentarismo. Deixa o presidente lá, como rainha da Inglaterra. Não precisa tirar”, afirmou em entrevista concedida Bloomberg.