O Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná pediu nesta quarta (11) que o superintendente da corporação no estado, Maurício Valeixo, transfira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da carceragem de Curitiba, onde ele está preso desde sábado (7).
Nos arredores do edifício a polícia montou bloqueios para evitar manifestações contra ou a favor ao ex-presidente. Só podem entrar funcionários, jornalistas, policiais e pessoas que tenham algum procedimento marcado com a PF.
Em frente, militantes montaram um acampamento em apoio a Lula. No pedido, o sindicato afirma que “a medida mais acertada seria a transferência imediata do ex-presidente para uma unidade das Forças Armadas, que possua efetivo e estrutura à altura dos riscos envolvidos”.
“Há comprovados riscos à população que reside no entorno do prédio da PF, aos policiais federais e demais integrantes do sistema de segurança pública que moram nas imediações da sede da Polícia Federal”, diz a nota da categoria.
Segundo o informativo, “alguns invasores” que “já se instalaram com barracas e determinada estrutura” estão “promovendo ações no sentido de intimidar estas pessoas”.
Moradores do local têm reclamado da presença dos manifestantes, que passam o dia discursando e assistindo atrações artísticas que defendem o ex-presidente. Já passou pelo local, por exemplo, a apresentadora Bela Gil -que entregou cestas de alimento agroecológicos- e a cantora Ana Cañas.
O bloqueio foi feito após ação policial quando o helicóptero com o ex-presidente pousava no edifício, no sábado. Oito pessoas ficaram feridas. O sindicato diz que houve “invasão da região próxima deste prédio de centenas de pessoas ligadas a movimentos sociais e outras facções”.
A PF não se pronunciou sobre a proposta. Logo após o pedido do sindicato de delegados, entidade que representa agentes da PF se manifestou contra a transferência de Lula.
Em nota, o presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) Luís Antônio Boudens, afirma que o pedido é um “movimento apressado e sem respaldo dos policiais federais”.
“Cada deslocamento gera custos para os cofres públicos e uma enorme demanda de pessoal, além de aumentar a possibilidade de confrontos e situações de embate entre grupos de apoiadores e de contrários ao ex-presidente”, diz o comunicado.
Na manhã desta quarta, estiveram no acampamento o presidenciável do PSOL Guilherme Boulos e o ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner, tido como um possível candidato do PT nas eleições presidenciais caso Lula não concorra.
Depois de discursar aos acampados, Wagner avaliou negativamente o adiamento no STF (Supremo Tribunal Federal) da ação que poderia rever a execução de prisões em segunda instância.
O relator do processo, ministro Marco Aurélio, adiou o julgamento por cinco dias após pedido do autor da ação, o nanico PEN (Partido Ecológico Nacional).
“É ruim, mas não tenho como interferir nisso. É da regra e o ministro Marco Aurélio é extremamente garantista”, afirmou. “Espero que em cinco dias votem.”
Wagner não estava no ato antes da prisão de Lula em São Bernardo do Campo (SP), mas diz que houve um problema com o avião que iria ao local e que a ausência “não foi sinal de afastamento”.
Ele evitou apontar substitutos para Lula nas eleições, mas afirmou que “se vier a interdição [de Lula], acho que a gente já terá acumulado o suficiente para escolher alguém dentro ou fora do partido”, afirmou.
Segundo ele, a prisão de Lula é ruim para todos os partidos, de direita e esquerda. Comparou a situação com o golpe militar de 1964.
“Alguns podem estar torcendo e batendo palma para essa interdição por uma conta muito, na minha opinião, rasa, mesquinha e imediatista, de achar que a não presença do Lula na eleição ajuda eles. Mas hoje é um, amanhã é outro.”
Além de Wagner e Boulos, passou pelo acampamento outra pré-candidata a presidente de esquerda, Manuela D’Ávila (PC do B). (Folhapress)
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