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Para delegado Waldir, Olavo de Carvalho é “macumbeiro” e rasga elogios a Rodrigo Maia: “Primeiro-Ministro”

Em entrevista à Rádio Bons Ventos, na manhã da última sexta-feira (03/05) o deputado federal delegado Waldir Soares (PSL-GO) falou sobre o cenário político nacional, reforma da previdência, relação do seu partido com o governo Caiado e chamou de “macumbeiro” e “feiticeiro”, o guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho. Fez críticas pontuais ao presidente da República, Jair Bolsonaro: “Eu tô vendo que o Bolsonaro tá se ferrando em algumas situações de articulação e eu vou ficar calado? Tem que ser alguém para chegar nele e falar ‘a verdade é essa'”. Atacou sem citar nomes, o líder do governo na Câmara e companheiro de partido Major Vitor Hugo. “O caboco não presta” e rasgou elogios a Rodrigo Maia: “Primeiro Ministro”.

Waldir tem procurado alertar o presidente sobre as articulações políticas que o rodeiam. Para o deputado, algumas pessoas não entendem bem esse cenário e o acusam de ser um opositor dentro da base aliada. “A verdade as vezes dói. Algumas pessoas chegaram em mim e falaram que iam me dar o diploma de líder da oposição. Não é líder da oposição. Estou abrindo os olhos do nosso presidente porque eu não ficar puxando o saco dele. Eu não tom de ficar puxando o saco dele. Eu sou aquela pessoa sincera, verdadeira e tenho que passar o sentimento verdadeiro do parlamento.”, salienta.

Ao ser questionado sobre o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, Waldir relembrou que tentou fazer um PSL forte no Estado de Goiás e recebeu Vitor no partido. Ainda em campanha, o Major direcionou ataques por meio de terceiros à Waldir tentando minimizar sua força. “Elegemos um deputado no Brasil com a menor quantidade de votos que é o atual líder do governo”, falou. O resultado é o parlamentar que não consegue reunir a base e segundo Waldir, trata-se de um líder odiado pela maioria dos parlamentares. “Ele é o para-raio do governo porque não tem caneta. Tudo que tiver errado é erro dele. Rodrigo Maia não recebe ele. Os líderes partidários odeiam ele. Ninguém aceita ele. Não tem jeito. O cara acabou de entrar no ônibus já quer sentar na janela. O parlamento não aceita ele”.

Se dentro do partido, o delegado tem alguns desafetos, ele enxerga na figura de Rodrigo Maia, do Democratas, um aliado e tanto. Acusa os bolsonaristas que atacam Maia de não saberem fazer política. Para Waldir, Maia conseguiu fazer uma base de articulação, coisa que o presidente da República ainda não conseguiu fazer. “Rodrigo Maia é um cara espetacular. É o primeiro-ministro. Ele tem 330 votos. Fez o que o Bolsonaro não fez que foi formar uma bancada. O Rodrigo formou. Temos a oposição com 138 votos, PSL com 55 e o centro com 330 votos. Reforma da Previdência, Pacote do Moro, qualquer mudança no Brasil, só acontece se o Rodrigo Maia quiser. Você quer que eu brigue com esse cara? Os bolsonaristas: ‘Esse cara não presta’, tá bom… vamos romper com o Rodrigo Maia e parar o Brasil? O povo tem que entender de fazer politica um pouquinho.”

Soares parte da premissa de que quem avisa amigo é, mas também não pode obrigar o presidente a tomar nenhuma decisão. “O Bolsonaro não se intromete na Câmara e eu não me intrometo nas decisões dele. Ele que mantenha quem ele quiser. O Líder da Câmara, o feiticeiro lá [fazendo referência direta a Olavo de Carvalho…]” Sobre o Major Vitor Hugo, Waldir conclui: “Eu já mandei o recado pela imprensa que o caboco não presta, então, se ele insiste com isso”, fazendo gestos de que não pode fazer nada. O conselho foi dado.

Tem que compreender os filhos de Jair

Waldir também pediu para que as pessoas entendam os pitacos que Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro – filhos do presidente – dão no governo. Ele lembra que os dois primeiros foram os mais votados da história em seus respectivos Estados, para os cargos de senador da República e deputado federal, respectivamente. Com respeito a Carlos, apesar de criticar a influência exacerbada que possui dentro das redes sociais, disse que foi o 02 que ajudou o presidente – que não entendia “p***a nenhuma de internet” – a ser eleito. Quando Bolsonaro sofreu o atentado com a facada ainda no período eleitoral, foi Carlos Bolsonaro que ficou ao seu lado no Hospital dando suporte, por período integral. “A gente tem que entender eles. Um deles é o deputado federal mais votado da história do Estado de São Paulo [Eduardo Bolsonaro], o outro é senador, o Flávio, um cara espetacular. A grande birra da parte de muita gente é o Carlos. O pessoal chega em mim ‘faz o Carlos calar a boca, vai governar’ e eu também acho que tem que governar, tem que diminuir o acesso as redes, mas o Carlos temos que entender o seguinte, o Bolsonaro não entendia porra nenhuma de internet. Não entendia nada de internet. Ai o Carlos foi lá e ajeitou, arrumou a vida dele. Virou presidente e as redes sociais dele é top e foi eleito presidente. Então, esse é o Carlos, o polêmico. Ai o que acontece, depois o pai levou uma facada e quem ficou do lado dele 24 horas no hospital? O Carlos segurando na mão do homem.”

Apesar de considerar Carlos uma figura importante para a vida de Jair, Waldir ressalta que ela deve ser minimizada, ainda mais pela “guerra ideológica” que promove e também com respeito à quem o rodeia. “Porra, como que você vai fazer com um filho desses? Ele tem a guerra dele ideológica, ele é colado naquele feiticeiro dos Estados Unidos, aquele macumbeiro dos Estados Unidos”, fazendo de novo referência a Olavo de Carvalho que é astrológo e autoproclamado filósofo. Carvalho também tem extrema influência ideológica no governo federal.

“A reforma é espetacular”

Quando o assunto é a reforma da Previdência, Soares faz lobby para sua aprovação e diz que irá votar favorável, sem ressalvas. Ataca aqueles que se opõe a ela. Segundo ele, quem é contra uma reforma que vai gerar mais de 1 trilhão de receita aos cofres públicos é “covarde” e não teve a capacidade de apresentar alternativas. “Quem tá criticando ela foi covarde, não teve coragem de fazer, teve coragem de meter a mão e acabar com o Brasil.”, provocou.

“É questão de uma reforma que foi feita para uma economia de R$ 1 trilhão e trezentos. Essa reforma é espetacular. Hoje, temos 50 milhões de desempregados. Pessoal fala 13, 14 milhões. Mas se pegar todo mundo que tá na economia informal vamos ter 50 milhões de desempregados. É esse o Brasil que queremos ou vamos mudar? É justo o delegado Waldir, um oficial da PM, um funcionário público, um promotor, um juiz, um deputado estadual, um vereador, pegar uma leva e continuar aposentando de 20 mil a 30 mil reais enquanto o zelador, um jornalista, um operador de som, um cinegrafista, um motorista de ônibus, vigilante tem um teto de até 5 mil e pouquinho? Não é justo isso. Temos que igualar isso. O sistema é igualitário, nós vamos igualar todo mundo. Essa é uma das pretensões.”

Relação com Caiado

Para o parlamentar que apoiou Ronaldo Caiado durante a campanha para o governo em 2018, o governador está sendo ingrato e não valoriza aqueles que deram sustentação em sua campanha. Aparentemente, segundo Waldir, o governador enxerga o PSL ainda como um “partido nanico”. “A gente buscou o diálogo. O PSL queria ajudar a governar. O DEM tem 30 deputados e ele está ajudando o Bolsonaro a governar: comanda 3 ministérios. O PSL ajudou a eleger o Rodrigo Maia. Foi decisiva minha posição, do Luciano Bivar [líder do partido na Câmara], de ajudar a eleger o Rodrigo Maia. Demos 55 votos. A declaração do apoio trouxe todos os demais partidos. Então fundamental nas eleições. A declação do Flávio [Bolsonaro] favorável ao Davi [Alcolumbre] também foi espetacular. O que eu vejo é que o governador parece que esquece que o PSL é o maior partido do país. Temos o presidente da República, e temos 55 deputados e tem tratado o PSL como se fosse o partido nanico.” O governador ainda não o procurou para fazer qualquer tipo de articulação política e isso o incomoda. “Eu não quero nenhum cargo pra mim. Sou deputado, parlamentar, delegado. Eu queria que o atual governo ajudasse quem ajudou ele. E que agora, levaram chute no traseiro.”

Questionado se isso não seria uma característica da “velha política”, expressão que o presidente da República em época de campanha tanto criticou, Waldir é categórico em responder e dizer que alertou até mesmo Jair Bolsonaro que isso era uma fala equivocada: não existe nem velha, e nem nova política. “Não tem velha nem nova política. Tem política. Todo mundo que foi eleito foi escolhido pelo povo. Eu fui uma das pessoas que puxou a orelha do Bolsonaro: ‘Cara, ó presidente, fala esse trem não. Não tem nova política, nem velha política. Tem política. E política no mundo inteiro é composição. Não é acordo, não é barganha, não é negociata. Ou você compõe ou você não governa'”, rememora.

Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.

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