O executivo Ricardo Saud, delator da J&F (controladora da JBS), disse em depoimento na quinta-feira (7) à PGR (Procuradoria-Geral da República) que gravou conversa com o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo (PT) e enviou o áudio para o exterior.
A informação consta do pedido de prisão dele, de Joesley Batista e do ex-procurador Marcelo Miller, feito pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. Saud e Joesley estão presos temporariamente por determinação do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a PGR, conversas como a de Cardozo “não apenas deixaram de ser entregues ao Ministério Publico Federal como foram levadas ao exterior, em aparente tentativa de ocultação dos arquivos das autoridades”.
Segundo o documento da PGR, Saud contou aos procuradores sobre um jantar com Marco Aurélio Carvalho, sócio de Cardozo, na casa de Joesley Batista, no Jardim Europa, em São Paulo.
De acordo com Saud, Marco Aurélio lhe disse que Cardozo voltaria a advogar e que a empresa precisava de alguém da área de compliance e que então marcaram um encontro com Cardozo na casa de Joesley.
Esse encontro foi gravado, disse o executivo. “No jantar Marco Aurélio chegou antes e disse que José Eduardo Cardozo estava muito bem, era intocável pela reputação imaculada, querendo vender os serviços; que pagava a Marco Aurélio para ter uma ‘reserva de boa vontade’ caso precisasse de algo, que nunca ocorreu”, informa o depoimento.
Saud diz que relatou essa conversa a Marcelo Miller, “inflando o máximo” possível “para ver qual seria a reação” e o avisou que gravaria o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O executivo disse ainda que contou a Miller que gravou Cardozo e que ouviu do ex-procurador “que aquilo daria cadeia, que iriam para cima dele, depoente, e José Eduardo Cardozo”.
Depois dessa conversa, Miller saiu da sala e mandou mensagens pelo celular, disse Saud, acrescentando que achou aquilo estranho. Ele afirmou que não mostrou a gravação de Cardozo Marcelo Miller, “apenas mostrou um pen drive”. (Folhapress)