O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná há oito meses, está trabalhando em uma proposta de delação premiada “casada” com a de Lúcio Funaro -doleiro que é apontado em investigações como principal operador do político em esquemas de corrupção como os que envolveram a Caixa Econômica Federal.
A decisão de delatar veio depois que Funaro bateu o martelo de que tentaria fazer o acordo.
Pessoas próximas a Cunha relataram que ele se viu sem saída, já que o operador iria esvaziar suas chances de delação, além de tornar a sua libertação ainda mais difícil. Envolvidos nas negociações afirmaram a reportagem que o ex-deputado nunca esteve tão perto de tentar um acordo.
Segundo pessoas que tiveram contato com o ex-deputado, Cunha está redigindo no Complexo-Médico Penal os anexos com os fatos que pretende revelar no acordo. O peemedebista já rascunhou mais de cem anexos para a colaboração, informou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Ainda não se sabe quantos deles serão aproveitados no acordo oficial.
Cunha deve envolver diretamente o presidente Michel Temer, os ministros Moreira Franco (Secretaria Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) em sua delação.
Na tarde de quarta (5), o doleiro foi transferido do Complexo Penitenciário da Papuda, onde estava preso desde julho passado, para a carceragem da Polícia Federal, em Brasília.
O pedido de transferência foi feito pelo Ministério Público Federal, com quem Funaro tenta um acordo, e autorizado pelo juiz da 10ª vara do Distrito Federal Vallisley Oliveira.
Para cuidar da negociação de sua delação, o político contratou o advogado Délio Lins, o mesmo que fez o acordo de delação do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa, do mesmo parido de Cunha, o PMDB. (Folhapress)