SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O advogado do ex-ministro Antonio Palocci, José Roberto Batochio, criticou nesta manhã a 35ª fase da Operação Lava Jato.
Questionado por jornalistas em frente à sede da Polícia Federal em São Paulo, para onde o petista foi levado após a prisão temporária, o defensor afirmou desconhecer a acusação -secreta, segundo ele, “no melhor estilo da ditadura militar”.
“Não conheço a acusação porque ela é até o presente momento absolutamente secreta. No melhor estilo da ditadura militar. Você não sabe de nada, não sabe do que está sendo investigado. Um belo dia batem a sua porta e o levam”, declarou Batochio.
“Nós estamos voltando nos tempos do autoritarismo, da arbitrariedade. Qual é a necessidade de prender uma pessoa com domicílio certo, que é médico, que foi duas vezes ministro, que pode dar todas as informações quando for intimado. É por causa do espetáculo?”, questionou o advogado.
Batochio também criticou o nome da operação, “Omertà”, termo usado pela máfia italiana para designar a “lei do silêncio” e a obrigação de não se delatar companheiros diante de autoridades ou rivais. Ele afirmou que a designação é preconceituosa.
“Causa uma certa indignação o nome dado a essa operação. Só porque ele tem nome de descendente italiano, como eu também tenho?”, disse.
A nova fase da operação investiga indícios de uma relação criminosa entre o ex-ministro e a empreiteira Odebrecht. Palocci chefiou a Fazenda nos primeiros anos do governo Lula, entre janeiro de 2003 e março de 2006, e foi ministro da Casa Civil do governo Dilma, em 2011.
Segundo a PF, há indícios de que o ex-ministro atuou de diretamente para obter vantagens econômicas à empresa em contratos com o com o poder público e se beneficiado de valores ilícitos. Entre as provas obtidas pela força-tarefa estão e-mails que mostram indícios da atuação de Palocci nos crimes sob investigação.
Entre as negociações envolvendo Palocci que a PF apura estão as tentativas de aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009 que resultou em benefícios fiscais à empreiteira baiana, aumento da linha de crédito junto ao BNDES para país africano com a qual a empresa tinha relações comerciais, além de interferência no procedimento licitatório da Petrobras para aquisição de 21 navios sonda para exploração da camada pré-sal.