Brasília – O advogado de defesa de José Dirceu, o criminalista Roberto Podval, disse que o ex-ministro tornou-se “bode expiatório” da Lava Jato. “José Dirceu é hoje bode expiatório de um processo, como um grande prêmio”, disse o advogado durante coletiva realizada na noite desta segunda-feira, 3, em Brasília. Podval criticou o fato de colocarem o ex-ministro como “o grande responsável” pelos desvios da Petrobras. “Colocam em cima dele a grande responsabilidade por todo esse processo? Aí é politizar uma questão”, declarou.
Podval disse ainda que a prisão de Dirceu foi decretada em um momento “oportuno”, dizendo que agora deve-se encerrar uma etapa da Lava Jato e dar início a outra. “Faltava prender o Dirceu, era o que se anunciava”, declarou.
Ao longo da entrevista, o advogado disse por diversas vezes que a prisão não tinha justificativa jurídica e que não houve qualquer fato novo para que o pedido fosse feito agora. Podval disse que nada de novo aconteceu recentemente desde que as investigações sobre o ex-ministro tiveram início. “Não há absolutamente nada que indique que Dirceu tenha tentado destruir provas, nem risco de fuga e nem tentativa de obstruir investigação. A única justificativa dada foi ordem pÚblica, o clamor que caso teve”, disse.
O criminalista criticou as argumentações apresentadas pelo juiz Sérgio Moro, dizendo que os pagamentos feitos à JD Consultoria, empresa do ex-ministro, já existiam e que já haviam sido apresentadas ao juiz da 13a Vara Federal no Paraná. “Justificamos todos os pagamentos”, disse.
Sobre declarações do delator Milton Pascowitch, que revelou como José Dirceu recebia propinas, o advogado disse que o delator falou “o que queriam ouvir, o que era necessário para ter sua liberdade. Não o culpo”, disse.
Podval disse ainda que o decreto de prisão temporária é uma “antecipação da pena” e que o País vive um momento em que “a exceção vira regra: prender pessoas era exceção”. Embora tenha evitado fazer críticas diretas ao juiz Sérgio Moro, o advogado disse que ele “se deixou levar” pelo apelo público. “Estamos vivendo momento difícil, estão acontecendo coisas diferentes e isso tem se misturado à movimentação processual. Não vou culpar o Sergio Moro, não acho que ele esta fazendo política, mas acho que como qualquer se humano ele reage à pressão popular”, disse.
(Fonte: Estadão Conteúdo)