A defesa do adolescente de 15 anos que fez um comentário racista a respeito de um entregador de aplicativo na noite da última quinta-feira (20) em Goiânia, disse que o perfil do jovem foi clonado e que ele não é o autor da mensagem. Através da plataforma do Ifood, o adolescente teria colocado como justificativa: ”entregador negro”.
De acordo com a advogada da família, Fabiana Castro, o cliente foi vítima de golpistas que fizerem compras em nome dele em outras regiões do país. Segundo a advogada, foi descoberto que o perfil do adolescente foi clonado porque, no histórico, tem registros de compras feitas em Aracaju (SE) e Penedo (AL). ”Locais que ele nunca foi”, explicou a advogada.
Segundo a advogada, o adolescente não tem perfil de fazer este tipo de comentário, e que inclusive, ele já presenciou ataques racistas contra seu pai, que também é negro. A defesa ainda destaca que o comentário ‘não tem lógica’, porque o entregador é branco.
Na madrugada de sexta-feira (21), o adolescente pediu um açaí e o recebeu onde mora, em um condomínio na Vila Alpes, em Goiânia. Após o entregador finalizar entrega e retornar ao restaurante, ele recebeu uma avaliação negativa e uma reclamação com a seguinte justificativa: “entregador negro”.
Ainda de acordo com relato do entregador, Cleiton Cruvinel, de 41 anos, ele disse que sentiu um olhar indiferente quando foi deixar o pedido com o adolescente. ”Quando voltei para a lanchonete vi o comentário no aplicativo. E olha que não sou negro, mas estava de máscara. Muito constrangedor. Estou abalado”, disse.
O caso foi registrado na Polícia Civil e deve ser investigado pelo Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri). A previsão da corporação é de que a vítima seja ouvida na segunda-feira (24).
Em nota, o iFood informou que repudia qualquer ato de discriminação. De acordo com a plataforma de entregas, um processo de investigação interno foi aberto para que as devidas providências sejam tomadas. Leia a nota na íntegra:
Nota Ifood
O iFood lamenta o caso e reforça que repudia qualquer ato de discriminação. A empresa preza por relações e ambientes seguros e livres de assédios, preconceitos e intimidação em todas ações que realiza, sempre baseado em respeito, conforme os valores presentes em seu Código de Ética e Conduta.
Por conta desse episódio, foi dado início a um processo de investigação interno para que as devidas providências sejam tomadas, incluindo o descadastramento do cliente. O iFood esclarece ainda que o entregador trabalha direto para o restaurante e, por isso, a empresa também acionou o estabelecimento para também poder prestar suporte ao entregador envolvido neste caso.
O iFood ressalta a importância de que sejam registrados em Boletins de Ocorrência junto às autoridades de segurança pública e segue à disposição para colaborar com as investigações, caso seja solicitada.
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