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De Goiás para o mundo: Fica 2018 celebra 20 anos de intenso legado cultural

Não há quem duvide que o Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) projeta Goiás para o mundo inteiro. Todos os anos cineastas dos mais variados países são atraídos por este que, ao longo de duas décadas, se tornou o principal festival ambiental da América Latina. E para celebrar a 20.ª edição, que ocorre de 5 a 10 de junho (desta terça a domingo), nada mais justo que destacar como tema “A Força de um Legado”. O governador José Eliton comanda nesta terça-feira, 5, o festival, às 20h, no Cineteatro São Joaquim.

Ex-Pajé, documentário do cineasta Luiz Bolognesi sobre a resistência das culturas indígenas, abre a 20ª edição do Fica nesta terça-feira, 5, durante a cerimônia oficial a partir das 20 horas no Cineteatro São Joaquim. O cineasta assina o roteiro de obras como “Bingo: O Rei das Manhãs” (2017) – representante brasileiro na 90ª edição do Oscar – e “Bicho de Sete Cabeças” (2001). Pelo 3º ano consecutivo, o festival lança luz sobre questões do universo socioambiental brasileiro já na abertura da mostra.

Ao longo desta primeira semana de junho, a antiga Vila Boa vai respirar cinema e inspirar novos rumos para a preservação do meio ambiente. Dos 355 filmes inscritos, foram selecionados 22, provenientes de nove países diferentes. A programação também inclui fóruns, oficinas e minicursos. Paralelo a isso, haverá atrações musicais em cada dia de atividade, com artistas como Nila Branco, The Galo Power e Almir Pessoa . E para fechar a programação musical do Fica, a cantora Ana Carolina subirá ao palco da Praça de Eventos Beira Rio, dia 9 de junho. A cerimônia de anúncio dos vencedores e encerramento oficial será no domingo, 10, às 11h.

O evento é realizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce). Para o governador José Eliton, o Fica é reflexo de um governo que investe em cultura. “Tenho certeza de que, lá em 1999, o então governador Marconi Perillo iniciou esse projeto por entender que Goiás era um terreno fértil para o cinema. E levantar a temática de meio ambiente em nossa antiga capital, onde a natureza se faz tão presente, foi um casamento que deu certo. Tanto que estamos completando duas décadas de sucesso”, disse.

Já o titular da Seduce, Marcos das Neves, destaca que a programação dessa edição foi baseada no legado do festival. “O Fica 2018 fala de memória e celebra a sua trajetória de duas décadas. Ele promoveu mudanças importantes ao longo da história, colocando Goiás no mapa do cinema ambiental do mundo, incentivando a criação de cursos de cinema no Estado e dando visibilidade para diversas questões ambientais e humanitárias, como o uso racional da água, impactos da poluição e geração de energia”.

Passado no presenteEm pleno Cerrado brasileiro, bioma tão peculiar quanto ameaçado, o festival tem a tradição de reunir filmes com a temática de meio ambiente. Ao longo dessas 20 edições, a produção do Fica registrou a inscrição de mais de 7 mil produções, nacionais e internacionais. Foi um minucioso trabalho de seleção dos mais relevantes filmes que, ano após ano, atraiu milhares de espectadores para as salas gratuitas de cinema.

Para honrar o tema de 2018, a programação apresenta a nostálgica Mostra Fica 20 anos: “A força de um legado”. São filmes que apresentam em comum o fato de já terem sido premiados ao longo das edições do festival. O evento selecionou seis produções, que serão exibidas entre os dias 6 e 8 de junho. Entre os filmes está “Recife de dentro pra fora”. Dirigido por Kátia Mesel, o documentário foi o primeiro vencedor do Grande Prêmio Cora Coralina, em 1999.

As outras produções que compõem a mostra especial são: documentário Corumbiara, de Vicent Carelli (vencedor do Grande Prêmio Cora Coralina 2009); documentário Rapsódia do Absurdo, de Cláudia Nunes (Melhor Produção Goiana 2007); animação O Menino e o Mundo, de Alê Abreu (Troféu Carmo Bernardes de Melhor Longa 2014); ficção Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho (Troféu Acari Passos de Melhor Curta 2010) e documentário Ainda há Pastores, de Jorge Pelicano (Grande Prêmio Cora Coralina 2007). História e legadoElaborada por Luiz Felipe Gabriel, Jaime Sautchuk, Adnair França e Luís Gonzaga, a ideia de criar um festival de cinema e meio ambiente no coração do país foi vista com bons olhos pelo então presidente da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), Nasr Chaul. Apoiador, ele levou o projeto ao conhecimento do então governador Marconi Perillo, que garantiu recursos para a execução do festival. Aqui o Fica entrava para o calendário cultural de Goiás.

Atualmente coordenador geral de Música e Meio Ambiente do Fica, Chaul classifica o festival como ímpar. “Primeiro porque paga R$ 280 mil em prêmios, o que estimula a participação dos cineastas. Também oferece rica programação, com mesas de debate e convidados de altíssimo nível. Tudo isso dentro de uma atmosfera única, em uma cidade que é patrimônio mundial. São elementos que o torna singular. É um festival imenso, se comparado aos outros do mesmo segmento. Isso chama a atenção de gente do mundo inteiro, além de fomentar o turismo”.

Parte significativa da herança do Fica surgiu ainda na primeira edição, realizada pelo Governo de Goiás em 1999. A repercussão positiva do festival credenciou a antiga capital do Estado para o título de Patrimônio Histórico Cultural da Humanidade. Preservado e protegido, cada beco da charmosa cidade de Goiás parece ter muita história para contar aos seus moradores e milhares de turistas graças a tal reconhecimento, concedido pela Unesco em 2001.

O Fica também foi fundamental para a consolidação da indústria goiana de cinema. As mostras do festival não só despertaram o interesse, como incentivaram a produção cinematográfica local que, antes disso, era tida como rudimentar. Até mesmo as universidades incorporaram a sétima arte entre seus cursos, oferecendo aos goianos a possibilidade de formações acadêmicas especializadas.

Para os envolvidos na produção, o Fica vem cumprindo seus objetivos fundamentais: enaltecer o cinema; movimentar a cultura com ações de valorização do artista e sua criação; além de promover a reflexão e sensibilização sobre os desafios do ser humano diante da situação ambiental do planeta. Desde que foi criado, o evento já envolveu cerca de 1 milhão de pessoas, gerou empregos e estimulou o turismo local, atraindo turistas de outros estados e até estrangeiros. 

Tela e exposição de SoláA identidade visual da edição 2018 também remete a um saudoso passado, que insiste em se fazer presente. Assinada por Marcelo Solá, a tela “1999” ilustra a 20ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental. O artista plástico disse que extraiu da memória afetiva a inspiração para criar o desenho. “Morei dois anos na Vila Boa, e coincidentemente estava lá no primeiro festival. Então vi de perto toda aquela efervescência, gente de vários países enchendo a cidade para discutir cinema e meio ambiente. Então a tela é uma versão minha sobre Goiás”, explicou.

O desenho original foi feito sobre papel e tem 1.50m x 2m. O fundo predominantemente preto tem um porquê. Segundo Solá, “é como se fosse uma tela escura de cinema, por onde saem cores vibrantes e traços que lembram a arquitetura de Goiás”, detalhou. A partir da tela serão confeccionados os cartazes e toda a comunicação visual do 20º Fica. O artista também terá exposição individual no Palácio Conde dos Arcos.

101 filmesCom a exibição de 101 filmes, Fica 2018 oferece opções de cinema para diversos públicos. Animações, documentários, ficção e outros gêneros trazem diversos temas para as telas do festival, que mostra sua força e sua importância para a comunidade e para o cenário da produção cinematográfica ambiental. Ampliando os públicos e temas, o Fica tem programação intensa com em oito mostras de cinema: Grandes Sucessos e Vencedores do Fica 20 anos; Mostra Competitiva, ABD Cine Goiás; Fica Animado; Cinema Fica Atitude; Cinema Povos do Cerrado; Mostra Saneago e Mostra de filmes com audiodescrição.  Além das mostras, o Festival promove ainda algumas exibições avulsas.

Indo além de discutir puramente a preservação, o festival continua sua proposta de lançar luz sobre questões do universo socioambiental brasileiro e mundial. Com a exibição do curta-metragem documental/ficcional “Ex-Pajé”, de direção e roteiro de Luiz Bolognesi, o Fica abre sua programação 2018 com a temática indígena.

O Fica na Comunidade vem conectado às pautas da cidade de Goiás e também prepara uma programação especial esse ano. Em sua abertura, dia 8/6, sexta-feira, promove no Cine Cora coralina, na Universidade Estadual de Goias (UEG), a exibição do documentário goiano O voo da primavera, de Dagmar Talga, que documenta a história de Dom Tomás Balduíno, bispo-emérito e teólogo goiano. Por seu envolvimento com as pautas de povos tradicionais e seu trabalho na pastoral da terra, a vida de Dom Tomás Balduino está imersa na luta pela terra, pelo território,  pelos direitos humanos e atrelada à resistência indígena, quilombola e camponesa.

Ainda, o festival recebe no sábado, 9/6, o lançamento do longa-metragem Correndo Atrás, do diretor Jeferson De, que vem à cidade de Goiás acompanhado do ator Ailton Graça e do humorista e roteirista do filme, Hélio de La Peña. O filme conta história de Paulo Ventania, interpretado por Ailton Graça, um morador do subúrbio do Rio de Janeiro que enxerga no brilhante jogador de futebol Glanderson, interpretado por Ruam Paiva, uma saída para seus problemas financeiros. O filme usa de uma narrativa tragicômica para retratar da realidade de muitos brasileiros periféricos negros e colocar em pauta questões políticas, econômicas e sociais.

Mesas de cinema  debatem modernidade e feminismoA edição 2018 do Festival Internacional de Cinema Ambiental (Fica) recebe um time de peso da produção cinematográfica brasileira. Nesta edição, os cineastas Walter Carvalho, José Vilamarim e George Moura, diretores e roteiristas da série global Onde nascem os fortes, participam do Fórum de Cinema no sábado, 09/06, para uma discussão sobre os novos rumos da dramaturgia brasileira.

Walter Carvalho é consultor de cinema do festival ao lado da produtora Ilda Santiago e participa do Fórum de Cinema do Fica pela segunda vez. O diretor de grandes títulos da televisão brasileira, como a novela recorde de audiência Avenida Brasil, José Villamarim também participa do debate junto com o roteirista seis vezes indicado ao Emmy International George Moura. Os dois atuaram juntos em diversas produções além de Onde Nascem os Fortes.

O festival também contribui para a mudança do cenário de gênero no audiovisual com uma mesa de discussão na sexta-feira, 08/06, encabeçada pela atriz Bruna Linzmeyer e pelas cineastas Laís Bodanzky e Susanna Lira

Fórum Ambiental debate energia, cidades e espiritualidadeEm sua vigésima edição, o Fica 2018 revisita o legado que deixou em seus anos de existência na história da defesa do meio ambiente. A ideia foi do jornalista André Trigueiro, que é consultor do Fórum Ambiental deste ano. Nesta edição, a programação oferece três mesas de Meio Ambiente, que trazem os temas A Nova Energia, As Novas Cidades e A Nova Espiritualidade.

A ideia central do Fórum Ambiental é debater o que há de novo por meio do resgate do que se instigou e influenciou nos últimos anos. Para Trigueiro, o Fica, em duas décadas de existência já abriu caminhos para uma nova visão sobre a defesa do meio ambiente e, neste ano, promove uma “versão sobre a colheita dessa semeadura”.

No sábado, 9/6, o festival terá a presença dos atores Lázaro Ramos e Ailton Graça, do humorista Hélio de La Peña e do cineasta Jeferson De, que lançam na cidade de Goiás o longa metragem Correndo Atrás.

Marcley Matos

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