USANDO O TERMO FUTEBOLISTICO A “JANELA DE TRANSFERÊNCIA” FECHA NO FIM DO MÊS É HORA DE CHEGAREM OS REFORÇOS PARA 2014.
Após anos de articulação e muitos convites e recusas, estamos na reta final das filiações pensando nas próximas eleições. A reportagem de Murillo Soares, do Tribuna do Planalto, mostra como está o jogo de filiações nessa reta final
Principais agremiações começam a definir novas filiações de olho, principalmente, em reforçar as chapas legislativas para as eleições de 2014
Murillo Soares – Estagiário do Convênio Tribuna/UFG
Setembro é um mês de¬cisivo para as eleições de 2014. Até os primeiros dias de outubro es¬tá aberta a temporada de filiações nos partidos políticos para quem vai disputar algum cargo público no ano que vem. Isso significa que os partidos têm apenas este prazo para buscar novos nomes e fortalecer as chapas do ano que vem, principalmente na disputa legislativa. A busca por filiações vai desde pessoas iniciantes na política até figuras carimbadas. Alguns nomes já estão com a nova casa confirmada, enquanto que outros ainda estão negociando o futuro e devem anunciar o caminho até o fim do mês.
Dentre os nomes que já eram especulados para se filiar até o fim de setembro está o reitor na Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira. Ele anunciou, na semana passada, a sua filiação no PT. O partido estaria preparando uma festa para a assinatura da ficha, que ocorrerá no dia 19 de setembro. Em 2014, Edward deverá concorrer ao cargo de deputado federal.
A deputada federal Magda Mofatto é já anunciou que está com o caminho trilhado para o PR. A atual petebista deixará o partido do deputado Jovair Arantes (PTB) para ingressar na agremiação cujo seu marido, Flávio Canedo, é presidente regional. Canedo assumiu o partido depois da saída de Juquinha das Neves, ex-presidente da Valec.
‘Pesado’
Ao se filiar, os políticos têm um pouco de receio das siglas com maior número de candidatos que já são deputados, como o PSDB, o PSD e o PMDB. As suas chapas são consideradas ‘pesadas’ e a possibilidade de nomes recém-chegados nos partidos serem eleitos é menor, devido a proporcionalidade da lei eleitoral. A não ser que os novatos já tenham consagrado seu nome em outros segmentos da sociedade, ou mesmo em outro partido, o jogo para os novatos na política não é fácil.
A busca por nomes com boa capilaridade na sociedade causa uma disputa acirrada entre as legendas. Isso faz com que os líderes partidários, muitas vezes, usem a estratégia de ‘esconder o jogo’ para que ou¬tros não roubem seus “nomes de peso” ou para que, se eles estiverem em outro partido, a sigla atual não faça pressão. Pau¬lo de Jesus, presidente re¬gional do PSDB, afirma que há várias negociações em andamento, porém não comentará nenhuma por enquanto. “O trabalho da imprensa é tentar descobrir e o meu é tentar esconder”, brinca. O discurso do pre¬si¬dente é de que os nomes cogitados estão sendo cotados e selecionados para que possam somar saldos positivos ao PSDB.
Nos bastidores, especula-se que o tucano esteja articulando com Henrique Tibúrcio, presidente da OAB de Goiás, para que ele concorra a algum cargo no ano que vem. Paulo afirmou que os dois conversam bastante, já que são muito amigos. “Eu ajudei a construir o nome dele na OAB”, disse. O partido também estaria conversando a possibilidade de filiação com o presidente na Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner. Ele, porém, deve ir para o PSD.
Enquanto Tibúrcio nega enfaticamente que não deve ser candidato no ano que vem, Schreiner já admite que está estudando a possibilidade de tentar algum cargo. Ele, no entanto, teria se afastado das conversas com partidos para organizar as chapas da presidência da Faeg, que serão decididas até o fim deste mês. Após isso, tudo indica que ele assinará sua ficha no PSD.
Para ele, é vantajoso articular nos dois ambientes. Se ele realmente for para as eleições e ganhar, poderá acumular os cargos. A única exigência da Legislação é que ele fique afastado da Federação durante o período de campanha eleitoral.
Sigilo
Quem também mantém o silêncio acerca dos nomes que devem se filiar ao partido é Samuel Belchior, presidente regional do PMDB. Segundo ele, o partido agora está totalmente voltado para as filiações, buscando cada vez mais pessoas para fortalecer a chapa.
Recentemente, filiou-se ao PMDB Paulo do Vale, conceituado médico da cidade de Rio Verde, que antes era da base do governo, sendo até mesmo cotado para o ser candidato a vice na chapa do atual prefeito Juraci Martins (PSD). Assim, Paulo integra a equipe peemedebista do município, que ainda tem os vereadores Paulo Henrique e Zé Henrique, que foi candidato a vice-prefeito nas eleições municipais, ao lado de Karlos Cabral (PT). Além dele, o cantor sertanejo José Rico, da dupla Milionário e José Rico, também veio integrar a sigla, numa tentativa de fortalecer o nome do partido.
De acordo com o peemedebista, em todos os municípios com mais de 15 mil habitantes haverá um candidato a deputado estadual e, nos que tiverem mais de 25 mil habitantes, um federal. “E cada cidade do entorno terá um candidato”, completa Samuel.
Trocas e Desistências
Além de buscar novos nomes, os partidos buscam também nomes já consagrados em outros partidos para fortalecer sua sigla. O deputado federal Armando Vergílio (PSD), presidente metropolitano da sigla, já teria fechado com o PPS, apesar do presidente nacional do PSD Gilberto Kassab ter pedido que ele continue no partido. Para ele, é interessante comandar um partido neste momento, o que poderá ajudá-lo no ano que vem. No comando do PPS, Vergílio espera ter um quinhão maior na hora de sentar à mesa e negociar apoios com outros partidos da base aliada.
O PSD também perdeu o vice-prefeito de Itumbiara, Zé Antônio, que fechou com o PTB. Pedro Ludovico Neto, dono do cartório 3º Tabe¬lionato de Notas, também não irá mais para o PSD. Ele, que já estava em pré-campanha para as eleições do ano que vem, desistiu de sua candidatura. O motivo seria os altos custos da campanha.
José Vitti (DEM) também deve trocar de partido. Nos bastidores, especula-se que o deputado deve ir para o PSDB, viabilizando uma candidatura para deputado estadual no ano que vem. Vitti está hoje em xeque porque o DEM, seu partido, é protagonista na chamada ‘Terceira Via’, grupo que tenta viabilizar um nome para o governo do Estado fora da base aliada de Marconi Perillo e da oposição, os dois polos da política goiana. Vitti é de Palmeiras de Goiás, terra de Perillo, e aliado forte do tucano. Desta forma, não haveria espaço para o deputado apoiar Marconi dentro do DEM. O deputado Hélio de Sousa (DEM), porém, nega que está de saída do partido. Apesar de apoiar o governo estadual, Hélio diz que vai continuar no DEM.
Na chamada Terceira Via, o PSB tem buscado cada vez mais pessoas para se filiar. Nas conversas do partido está o ex-governador de Goiás Alcides Rodrigues (PP). Ele ainda está sendo disputado pelo DEM, PDT e PSC. O deputado estadual Ney Nogueira (PP) deve acompanhá-lo. Apesar de ainda estar avaliando suas opções, o pepista afirma que deve resolver sua situação no partido até o fim do mês. “Sou o único que discorda da base do governo dentro do PP”, diz.
Em Anápolis, o PSC recebeu a filiação de um líder religioso, o Pastor Washington Luiz, presidente nacional da Igreja Quandrangular, que deve concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa. O DEM, por sua vez, perdeu seu candidato na cidade. O ex-candidato a prefeito de Anápolis, em 2012, o empresário Wilson de Oliveira deixou a agremiação. Wilson deve ir para o PP, para o PSDB ou ainda para o PSDC. É provável que ele vá para o PP, devido ao apoio de que José Eliton deu a ele nas eleições municipais do ano passado.
________________________________________
As ‘novas caras’ dos partidos para as eleições de 2014
PSDB
José Vitti
Partido: DEM;
Situação: filiação provável;
O deputado deve sair do DEM e integrar o PSDB, visando uma reeleição ao cargo de deputado estadual no ano que vem.
Henrique Tibúrcio
Partido: Sem filiação;
Situação: rumores;
O presidente da OAB tem sido sondado pela base do governo. É possível que vá para o PSDB, mas ainda pode integrar os quadros do PSD.
________________________________________
PSD
José Mário Schreiner
Partido: Sem filiação;
Situação: filiação provável;
O presidente da Faeg estaria com os planos fe¬chados com o PSD, independente dos resulta¬dos das eleições para a presidência da Federação.
________________________________________
PMDB
Paulo do Vale
Partido Anterior: PSDB;
Situação: filiação concretizada;
Médico em Rio Verde, foi especulado para ser vice do atual prefeito, Juraci Martins, nas eleições de 2012. Agora, ele compõe o bloco peemedebista da cidade.
________________________________________
PT
Edward Madureira
Partido: Sem filiação;
Situação: filiação confirmada;
Reitor da Universidade Federal, Edward chega ao PT com a intenção de disputar cargo de deputado federal. Ele já está com festa de filiação marcada para o dia 19 deste mês.
________________________________________
PR
Magda Mofatto
Partido: PTB;
Situação: filiação confirmada;
Deputada federal e empresária, Magda se filiará ao PR até o fim do mês. Ao colocar seu marido no comando do partido, disse que também se filiaria.
________________________________________
PPS
Armando Vergílio
Partido: PSD;
Situação: filiação provável;
Presidente metropolitano do PSD, ele deve sair em breve do partido, filiando-se ao PPS. Ele planeja ser candidato à reeleição à Câmara Federal.
________________________________________
PTB
José Antônio Neto
Partido anterior: PSD;
Situação: filiação concretizada;
Vice-prefeito de Itumbiara e ex-vereador, Zé Antônio se filiou ao PTB no dia 31 de agosto e foi anunciado como pré-candidato a deputado estadual no ano que vem.
José Gomes
Partido anterior: PP;
Situação: filiação concretizada;
Ex-prefeito de Itumbiara e atual presidente da Saneago, filiou-se ao PTB no mesmo dia que Zé Antônio, com o propósito de tentar algum cargo no ano que vem.
________________________________________
PSB
Alcides Rodrigues
Partido: PP;
Situação: rumores;
Ex-governador de Goiás, está em diálogo com o PSB, embora ainda tenha convites de DEM, PTB e PSC.
Ney Nogueira
Partido: PP;
Situação: filiação provável;
Devido a um embate ideológico com o que está sendo discutido dentro do partido, o deputado deve mudar de partido e, possivelmente, acompanhará Alcides.
________________________________________
PP
Wilson Oliveira
Partido anterior: DEM;
Situação: filiação provável;
Candidato à prefeitura de Anápolis em 2012, ele teria saído do partido devido a pressões. Pode ir também para o PSDB ou PSDC.
________________________________________
REDE
Major Araújo
Partido: PRB;
Situação: filiação confirmada;
O deputado já tem a aprovação do partido para se filiar onde quiser, porém ele esbarra na burocracia da criação da Rede. Caso o partido não seja criado, seguirá Marina Silva.
Elias Vaz
Partido anterior: Psol;
Situação: filiação confirmada;
Atualmente vereador, também tem planos para se filiar ao Rede, caso o partido saia do papel.
Martiniano Cavalcante
Partido anterior: Psol;
Situação: filiação confirmada;
Faz parte da Comissão Nacional Provisória da Rede e tem planos de se candidatar a governador no ano que vem, caso o partido seja criado.
________________________________________
Rede também marca espaço na política goiana
Apesar da discussão dentro do novo partido da ex-can¬didata a presidente da República, Marina Silva, o Rede Sustentabilidade, ser a obtenção do registro oficial antes de outubro, os partidários também buscam pré-candidatos para o ano que vem. Caso a sigla seja criada oficialmente, o partido já precisa ter seus nomes engatinhados para o registro eleitoral.
Aqui em Goiás, três figuras da política já declararam que se filiarão ao partido e que possivelmente concorrerão a cargos no ano que vem. O vereador Elias Vaz (ex-PSOL), Martiniano Cavalcante (ex-PSOL) e o deputado Major Araújo (PRB). Não se fala na possibilidade de coligação com nenhum partido, nem da base, nem da oposição, nem da chamada ‘Terceira Via’.
No entanto, mesmo antes do registro, o Rede já tem sido sondado pela base do Estado. O deputado estadual Fábio Sousa (PSDB) teria procurado o partido para tentar viabilizar uma filiação. Além disso, o deputado estaria articulando para ser chefe do partido em Goiás, levando-o, indiretamente, para a base. Apesar da tentativa, Fábio não teve sucesso e deverá continuar no PSDB, buscando ser candidato a deputado federal em 2014. (M.S.)