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Categorias: Brasil
| Em 8 anos atrás

‘Curtidas’ em rede social motivaram investigação da PF sobre blogueiro

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Curtidas em páginas ligadas à esquerda no Facebook embasaram os pedidos de quebra de sigilo telefônico dos suspeitos de vazar informações da Lava Jato para o blogueiro Eduardo Guimarães, que foi levado a depor na terça-feira (21).

Documentos da Polícia Federal sobre a investigação foram tornados públicos nesta quinta (23) após o juiz Sergio Moro determinar o fim do sigilo do caso. Eles indicam, por exemplo, que o interesse da auditora fiscal Rosicler Veigel pelas publicações do jornalista Fernando Morais no Facebook chamou a atenção dos policiais.

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Reproduções de postagens em que Morais critica a Lava Jato e Moro foram anexados em seis páginas do pedido de busca e apreensão e de condução coercitiva da auditora.

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Apesar de afirmar que as convicções do jornalista não tinham “qualquer pertinência” para a investigação, em dois momentos do inquérito a PF pontua que as publicações dele são “desrespeitosas” com a Lava Jato.

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Segundo os investigadores, o fato de Rosicler seguir as postagens de Morais seria o indício de sua motivação (“alguma espécie de simpatia ou alinhamento à posição ideológica do ex-presidente do Brasil”) para divulgar os documentos e justificou a quebra de seu sigilo telefônico.

No despacho, de 6 de março, a PF pediu à Justiça que aplicasse as mesmas medidas cabíveis a Rosicler para Eduardo Guimarães, o blogueiro que antecipou, em 26 fevereiro de 2016, a quebra do sigilo fiscal e a condução coercitiva de Lula.

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Moro havia determinado a quebra do sigilo telefônico de Guimarães, autor do “Blog da Cidadania”, argumentando que ele não é jornalista. Na quinta (23), dois dias após Guimarães ser levado a depor, o juiz voltou atrás e pediu a anulação do conteúdo apreendido em seus computadores e telefones para identificar quem eram seus informantes.

Reconstituição

Guimarães conta que, quando prestou depoimento na terça (21), os delegados lhe disseram que já conheciam identidade de deus informantes: Rosicler Veigel e Francisco José de Abreu Duarte, que telefonou para repassar as informações supostamente obtidas pela auditora.

A apuração da PF começou do lado de dentro da Lava Jato.

Primeiro passo: levantaram quais servidores tiveram acesso à decisão de quebra de sigilo de Lula entre 22 e 25 de fevereiro de 2016. Rosicler está na lista, composta por 22 servidores -são delegados, procuradores, assessores do Ministério Público e outros auditores fiscais.

Roberto Leonel de Oliveira Lima, chefe dos auditores da Receita, informou à PF que Rosicler integrava uma equipe que se dedicava exclusivamente à Lava Jato, mas não estava no núcleo de investigação contra o ex-presidente.

O pedido de quebra de sigilo de Lula já circulava dentro da Lava Jato meses antes, desde o final de 2015, sem que houvesse vazamentos. A PF identificou que apenas dois servidores o viram somente em fevereiro de 2016: Rosicler e Paulo Marcelo Pizorusso dos Santos, também auditor.

Eis que as preferências da servidora no Facebook entraram na investigação e a transformaram em suspeita.

“Radical Político”

Segundo passo: a polícia analisou os telefonemas feitos por Rosicler de 23 a 24 de fevereiro.

Neste último dia, ela ligou três vezes para Francisco Duarte, entre as 20h17 e as 20h19. Ele se declara jornalista e havia conhecido Rosicler em janeiro durante uma viagem de avião, segundo a investigação.

Terceiro passo: em visita à página de Duarte no Facebook, a PF traça seu perfil como o de um “radical político”.

Os indícios, anexados ao inquérito: curtia páginas ligadas à esquerda, como a da deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), a do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), a de Fernando Haddad (PT-SP) e, também, a de Fernando Morais. Além do “Blog da Cidadania”, de Guimarães -o que levantou a suspeita de que teria vínculos com o blogueiro.

Lima conta que a auditora recebeu a decisão por e-mail no dia 24 de fevereiro, em um arquivo em formato pdf, um dia depois de o arquivo chegar ao prédio digitalizado em um pen drive.

A PF também anexa reproduções de postagens de Duarte “ofensivas”, em que ele se refere à Lava Jato como “milícia-tarefa de Sergio Moro”.

Quarto passo: quebra do sigilo telefônico de Duarte entre 24 e 25 de fevereiro, e também de Guimarães.

Com esses dados em mãos, a PF identificou 26 chamadas de Duarte para um número que, depois, seria identificado como o de Eduardo Guimarães na noite de 24 de fevereiro de 2016.

Guimarães contou à reportagem que assistia a filmes quando percebeu as chamadas em seu celular.

O contato com Duarte -conforme a PF também identificou- se deu por uma troca de mensagens por WhatsApp.

O blogueiro relatou na ocasião da publicação que o informante, que disse não conhecer anteriormente, ditou as informações que estavam no documento em uma série de mensagens de áudio.

No pedido de condução coercitiva dos três, a PF diz que não tinha conseguido esclarecer o meio com que a auditora repassou a decisão judicial a Duarte. (Folhapress)

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