Em jogo movimentado o time do Goiás não se entregou e teve chance de empatar até o ultimo minuto
São Paulo – O Cruzeiro é, mais uma vez, o melhor time do Campeonato Brasileiro. A hegemonia celeste, que novamente já vinha se mostrando durante 35 rodadas, foi matematicamente oficializada neste domingo, no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, diante de mais de 50 mil torcedores. À vontade dentro de casa e com todos os principais jogadores em campo, o Cruzeiro venceu o Goiás por 2 a 1, pela 36.ª rodada, e garantiu o título – o segundo seguido e o quarto da história – com duas rodadas de antecipação.
A conquista só foi possível com o triunfo sobre os goianos, pois a grande distância na tabela de classificação por si só ainda não garantia a taça. Isso porque o vice-líder São Paulo passou pelo Santos – 1 a 0, em Cuiabá – e fez valer as remotas chances que tinha de alcançar os campeões brasileiros.
Um forte temporal caiu sobre Belo Horizonte durante todo o dia e comprometeu bastante a qualidade do espetáculo dentro de campo. Apesar disso, nas arquibancadas ninguém pareceu se importar. A chuva foi apenas mais um dos muitos combustíveis que embalaram a festa daqueles que gritaram “é campeão” (do Brasil) pela segunda vez seguida.
Foi igualando as 23 vitórias do campeonato de 2013 que o time do técnico Marcelo Oliveira comemorou o quarto título nacional (1966, 2003, 2013 e agora 2014) e fez a alegria da parte azul de Belo Horizonte e de milhões de torcedores espalhados por todo o País.
Missão cumprida? Sim, claro. É hora de comemorar a conquista! No entanto, a sensação de levantar duas taças em quatro dias é ainda mais tentadora. Nesta quarta-feira, o Cruzeiro tentará reverter a boa vantagem de 2 a 0 do maior rival Atlético para se tornar também campeão da Copa do Brasil. É o bônus que pode trazer a perfeição para o ano de 2014 ao torcedor cruzeirense – faturou o Campeonato Mineiro e, assim como em 2003, completaria a “Tríplice Coroa”.
O JOGO – Muita água. Essa foi a tônica da primeira etapa. Com o gramado totalmente encharcado e povoado por poças d’água, o duelo que definiu o campeão brasileiro deixou a desejar no quesito qualidade. O Cruzeiro e o Goiás, além de se enfrentarem, travaram uma verdadeira batalha com o campo de jogo.
Apesar disso, a vontade dos times – principalmente do Cruzeiro – falou mais alto no início da partida. Os primeiros 5 minutos foram de posse de bola quase que exclusiva do time da casa, que tentava sem sucesso assustar o adversário. No entanto, a calmaria terminou aos 7, com Marcelo Moreno aproveitando bola alçada na área e quase abrindo o marcador: o centroavante subiu mais que a zaga, se valeu de saída atrapalhada de Renan e acertou as redes, mas pelo lado de fora.
E não tinha jeito. Foi pelo alto que o placar começou a tomar forma. Aos 13 minutos, aproveitando o lado direito do ataque – o menos alagado do gramado – Mayke cruzou na cabeça de Ricardo Goulart, que desviou de cabeça sem chances para o goleiro goiano. Cruzeiro 1 a 0 e festa nas arquibancadas!
Após o gol, o time de Minas Gerais manteve a pegada apostando nas jogadas aéreas sempre pelo flanco direito. O desenho do time em campo mostrava a clara opção de evitar as enormes poças d’água e, consequentemente, as subidas do lateral-esquerdo Egídio. Aos 17 minutos, quem chegou com perigo novamente foram os donos da casa. Em falta cobrança de falta, do meio da rua, Lucas Silva bateu com violência e acertou a meta, mas Renan foi muito bem e encaixou sem dar rebote.
Em alguns momentos, chutões do Goiás soavam como contra-ataques, mas em nada resultavam. Até que aos 22 minutos, em lance de bola parada, o time que não assustava chegou a um surpreendente empate. David cobrou falta da intermediária direto na área, a zaga cruzeirense se atrapalhou e Samuel, sozinho, teve tempo para dominar e bater bonito no alto para igualar o placar.
A partir daí, um panorama mais equilibrado se apresentou. O Cruzeiro não era mais tão perigoso pela direita e o Goiás conseguiu ter mais posse, chegando por diversas vezes com perigo à meta cruzeirense. Aos 30 minutos, a zaga celeste marcou a bola no lançamento e foi encoberta. Ramon ajeitou dentro da área e bateu para boa defesa de Fábio.
Muitas faltas (não desleais), jogadas atrapalhadas, tentativas de jogadas aéreas e brigas com a água no gramado foram suficientes para atrapalhar a tentativa de alterar o placar antes do intervalo. Léo bem que tentou aos 43 minutos, quando subiu bem em escanteio e cabeceou firme muito próximo ao ângulo direito de Renan, mas foi só. Nada mal para o Cruzeiro, que com o resultado e o 0 a 0 no jogo do São Paulo, desceu para os vestiários bicampeão brasileiro.
Durante o intervalo, a chuva reduzida e o trabalho dos funcionários do estádio proporcionaram um gramado mais agradável para a prática do futebol. Os times de fato começaram trocando mais passes, mas nada que mereça registro foi registrado nos 10 minutos iniciais. Houve um início de polêmica em um lance de bola na mão na área cruzeirense, mas o árbitro catarinense Paulo Henrique Godoy Bezerra mandou seguir.
Aos 13 minutos, Egídio entrou em velocidade e escorou para dentro da área lançamento da intermediária, mas ninguém aproveitou. Neste momento, com o empate o Cruzeiro não era campeão, já que o São Paulo acabara de abrir o placar contra o Santos. O placar eletrônico do Mineirão não mostrou o resultado do clássico paulista, mas a torcida tratou de acordar e empurrar o time para a vitória.
E o segundo gol chegou: novamente antes dos 20 minutos (aos 17), novamente pelo alto, mas desta vez pela cabeçada de Everton Ribeiro. Vindo da esquerda, o cruzamento que encontrou o atacante sozinho dentro da área foi de William. Nova festa nas arquibancadas, agora talvez com maior consciência de que a vitória era fundamental.
O jogo ficou mais aberto e, aos 21 minutos, quase que o Goiás empata novamente. Em jogada confusa de cruzamento, a bola desviou em Bruno Rodrigo e foi contra o patrimônio. Fábio, atento, operou um milagre e salvou a meta cruzeirense. Dois minutos depois, o Goiás achou a trave em chute desviado e, no rebote, defesa à queima-roupa do arqueiro cruzeirense. A arbitragem já tinha marcado impedimento, mas a torcida vibrou como se fosse o terceiro gol.
Mesmo à frente no marcador e com a obrigação de segurar a vitória, o Cruzeiro insistia em ser ofensivo dentro de campo – apostando nas jogadas de linha de fundo – e dava alguns espaços para contra-ataques. Como no primeiro tempo, este foi o momento de jogo mais aberto.
Fora das quatro linhas, uma postura mais cautelosa veio do técnico Marcelo Oliveira. Lucas Silva foi sacado para a entrada de Nilton e, mais tarde, Marcelo Moreno foi substituído pelo experiente Júlio Baptista. Do lado do Goiás, Esquerdinha substituiu Ramon, mas o destaque ficou por conta da disposição da equipe goiana.
A partir dos 30 minutos, a partida se transformou em uma eterna contagem regressiva para o título com pitadas de emoções fortes. Em uma delas, aos 40, Fábio salvou mais uma vez em defesa estranha após desvio de cabeça ter ganhado velocidade com a ajuda do gramado escorregadio.
Aos 45, novo milagre de Fábio – novamente em lance com impedimento já marcado. Só faltavam então os 3 minutos de acréscimo e um Goiás tentando melar a festa do título. Em vão. A torcida já cantava o que se confirmou: o Cruzeiro era mesmo bicampeão brasileiro.
FICHA TÉCNICA
CRUZEIRO 2 x 1 GOIÁS
CRUZEIRO – Fábio; Mayke (Eurico), Léo, Bruno Rodrigo e Egídio; Henrique, Lucas Silva (Nilton), Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart e Willian; Marcelo Moreno (Júlio Baptista). Técnico: Marcelo Oliveira.
GOIÁS – Renan; Tiago Real, Jackson, Pedro Henrique e Felipe Saturnino (Lima); Amaral, Tiago Mendes, David (Wellington Jr.) e Ramon; Samuel e Erik. Técnico: Ricardo Drubscky.
GOLS – Ricardo Goulart, aos 13, e Samuel, aos 22 minutos do primeiro tempo; Everton Ribeiro, aos 17 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Henrique (Cruzeiro); Tiago Real (Goiás).
ÁRBITRO – Paulo Henrique Godoy Bezerra (SC).
RENDA – R$ 3.609.142,00.
PÚBLICO – 56.769 pagantes (57.129 no total).
LOCAL – Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte (MG).