A preocupação dos investidores com o risco político nos Estados Unidos fez o dólar subir para R$ 3,13 nesta quarta-feira (17), na primeira alta após seis sessões seguidas de baixa. A Bolsa brasileira também reagiu à piora do humor no exterior e recuou quase 2%.
O dólar comercial fechou em alta de 1,19%, para R$ 3,134. O dólar à vista, que encerra seus negócios mais cedo, subiu 0,41%, para R$ 3,104.
A alta da moeda americana refletiu a piora da aversão a risco dos investidores, após episódios envolvendo o presidente americano, Donald Trump, criarem novas turbulências políticas.
Na noite de terça-feira (16), o jornal “The New York TImes” informou que Trump pediu em fevereiro ao então diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, que encerrasse uma investigação federal sobre Michael Flynn um dia depois de o conselheiro de Segurança Nacional renunciar.
O pedido estaria em memorando do ex-diretor do FBI e, se confirmado, seria a primeira evidência de que o presidente tentou interferir nas investigações sobre possíveis ligações de membros da sua equipe com a Rússia durante as eleições.
A instabilidade dá força a setores que pedem o impeachment de Trump. E o agravamento da percepção de risco faz os investidores buscarem ativos mais seguros, como o dólar, e saírem de mercados mais arriscados, como a Bolsa.
“A probabilidade de um impeachment é baixa. É uma situação nova e o mercado tem que se adaptar e saber até que ponto isso pode influenciar a economia. Eu ainda acho muito vago esse cenário”, afirma Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do grupo Confidence.
No mundo, o dólar ganhou força em relação a 16 das 31 principais moedas.
No Brasil, o governo ainda não definiu uma data para a votação da reforma da Previdência, embora o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) tenha afirmado que o Planalto acreditar já ter os votos necessários para aprovar a proposta.
“Enquanto existir esse impasse na votação da reforma da Previdência e da trabalhista, o dólar vai oscilar nesta faixa entre R$ 3,10 e R$ 3,20, com alguma volatilidade”, afirma Pellegrini.
A alta da moeda americana ocorreu apesar de nova intervenção do Banco Central no mercado de câmbio. O BC vendeu 8.000 contratos de swaps cambiais, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro, por US$ 400 milhões. Em junho, vencem US$ 4,435 bilhões. Até agora, a autoridade monetária já rolou US$ 800 milhões desse total, o que significa que deve rolar o lote inteiro.
Outra medida de risco, o CDS (credit default swap), que mede o nível de risco de crédito de um país, subiu 4,63%, para 206 pontos, após recuar ao menor nível em 28 meses na terça-feira.
A Bolsa brasileira interrompeu sua sequência de seis altas e fechou em baixa de 1,67%, para 67.540 pontos.
O volume financeiro negociado foi de R$ 8,6 bilhões. A média diária do ano é de R$ 8,12 bilhões.
Das 59 ações que compõem o Ibovespa, 56 fecharam em baixa. Apenas três encerraram o dia no azul -Br Malls, Qualicorp e CPFL Energia.
Os bancos, que têm o maior peso no índice, fecharam em forte baixa. Os papéis do Itaú Unibanco recuaram 2,04%, as ações preferenciais do Bradesco caíram 1,97% e as ordinárias tiveram baixa de 2,60%. Os papéis do Banco do Brasil caíram 2,71% e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil fecharam com desvalorização de 1,90%.
As ações da Vale desconsideraram a alta de 1,68% do minério de ferro no exterior e caíram nesta sessão. As ações mais negociadas recuaram 1,93%, para R$ 25,44, e as ações com direito a voto tiveram queda de 1,54%, para R$ 26,84.
A Petrobras também passou ao largo da valorização dos preços do petróleo no exterior. As ações mais negociadas da estatal caíram 0,57%, para R$ 15,61. Os papéis que dão direito a voto tiveram baixa de 0,56%, para R$ 16,10.
Os preços do petróleo atingiram o maior patamar em duas semanas após os estoques dos Estados Unidos registrarem queda pela sexta semana consecutiva. Os investidores aguardam também a reunião da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) na próxima semana, onde grandes produtores de petróleo deverão concordar em prolongar os cortes de produção. (Folhapress)