A falta de combustível causada pela paralisação dos caminhoneiros, que começou no último dia 21, afetou o setor de turismo, que já passava por um momento difícil por causa da alta do dólar.
Segundo a Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens), a movimentação nas agências caiu desde a semana passada, o que prejudicou as vendas para as férias de julho. “Temos reservas, mas ninguém quer fechar com risco de não embarcar”, afirma a nota da entidade.
A paralisação prejudicou principalmente o turismo doméstico, que era uma boa opção para fugir da escalada da moeda americana.
De acordo com a associação, 65% das vendas para as férias de julho eram de pacotes nacionais: o normal para o período é de 50% ou menos.
A falta de combustíveis atrapalhou tanto as viagens de avião -mais de 270 voos foram cancelados até a segunda (28), segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas)- quanto o transporte por terra.
A dentista Alessandra Moreira, 46, tinha reservado uma noite de hotel em Campos do Jordão há mais de um mês, para o final de semana dos dias 26 e 27. “Estava com o tanque cheio, mas fiquei com medo de gastar e não ter combustível para a semana”, diz.
Ela decidiu cancelar o passeio e agora aguarda uma resposta do hotel sobre remarcação ou estorno do valor (veja abaixo).
Alessandra não foi a única a desistir da viagem. De acordo com a Abih-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo), destinos de inverno no estado sofreram com mais de 50% de cancelamentos nas diárias no último final de semana.
O prejuízo financeiro é de pelo menos R$ 1,8 milhão. Já para o período entre os dias 28 a 30 de maio, os afetados foram os destinos de negócios e eventos, também com ao menos 50% de cancelamentos e prejuízo de R$ 6 milhões.
No Rio, destinos de inverno na serra foram os mais atingidos, de acordo com a Abih.
A Accor, que tem hotéis em 23 estados do país e no Distrito Federal, calcula 30% de baixas nas hospedagens desde o início das paralisações.
Para manter os hotéis em funcionamento, há funcionários que estão dormindo nas unidades em que trabalham, já que o transporte nas cidades foi comprometido. “Alguns hotéis do grupo estão suprindo os mantimentos dos outros”, diz a rede Accor.
Sem combustível no carro próprio, os viajantes podem optar por ônibus ou carros alugados para fazer trajetos terrestres neste feriado, mas precisam ficar atentos.
A viação Cometa afirmou que só estava saindo com ônibus cheios e que, por isso, precisou alterar os horários de algumas saídas. Porém, nesta quarta (30), anunciou que já estavam trabalhando com 100% da frota e que as viagens para o feriado não seriam afetadas.
A Localiza informou que está honrando as reservas de locação de carros que já foram feitas, mas que pode acontecer de o veículo disponível não ser da categoria escolhida pelo cliente ou de o tanque não estar cheio, como é o costume. O cliente que pegar o carro com o tanque cheio e não conseguir abastecer antes de devolvê-lo não recebe multa, mas paga para que a empresa complete o reservatório.
O engenheiro civil José Ângelo Figueiredo, 52, precisou tentar duas empresas para conseguir reservar um carro no aeroporto de Goiânia. Ele pretendia viajar na quarta (30) à noite para a cidade, de avião, e seguir de carro até Abadiânia (a 90 km da capital), onde vai passar o feriado.
“Liguei para confirmar a reserva e disseram que até o momento estão conseguindo entregar com tanque cheio.”
Com um filho cadeirante, o aposentado José Fernando Correa, 62, não sabe se vai conseguir visitar a família em Tupã, a 523 quilômetros de São Paulo, onde vive.
Com meio tanque de combustível, ele precisaria abastecer durante a viagem e tem medo das filas. “Com o meu filho é muito difícil ficar parado na estrada.”
Para quem estiver em São Paulo, acontece no domingo (3) a Parada do Orgulho LGBT, um dos maiores eventos da cidade. A organização afirma que a parada está confirmada, assim como os trios elétricos que vão passar pela avenida Paulista, com apresentações de Pablo Vittar e Preta Gil, entre outros artistas.
A estimativa é que o público seja menor do que os 5 milhões alcançados no ano passado, segundo contagem da própria organização, por causa das dificuldades para chegar até o evento.
(Folhapress)
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