Em um momento de ascensão simultânea em todas as principais regiões do mundo, está aberta uma janela de oportunidades que pode favorecer a implantação de reformas estruturais. Ainda que alguns países estejam em expansão constante por mais tempo do que outros, está chegando ao fim a estagnação do padrão de vida de grande parte da população em muitas economias da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
A conclusão faz parte do relatório “A Caminho do Crescimento 2018”, da OCDE, que analisa o desempenho econômico para fornecer recomendações de reformas aos formuladores de políticas, divulgado nesta semana, pela ocasião do encontro do G20, que começa nesta segunda-feira (19), em Buenos Aires.
“O declínio mais rápido do desemprego visto nos últimos meses é claramente um sinal encorajador”, diz o texto.
Ele pondera que as melhorias no mercado de trabalho, no entanto, ainda não traduziram ganhos salariais significativos. “São necessárias reformas estruturais abrangentes para manter um avanço mais forte além do crescimento cíclico, para criar melhores empregos e fortalecer a inclusão”, afirma.
O texto ressalta que alguns países conseguiram introduzir reformas significativas no ano passado, cita o Japão, com medidas para melhorar o acesso a serviços de assistência à infância, sustentando a presença das mulheres no mercado de trabalho. A França implementou uma reforma do mercado de trabalho mais ampla e a Argentina aprovou uma reforma tributária abrangente.
Ele menciona exemplos de iniciativas dos governos para o emprego e os serviços de saúde, como Grécia e Itália, onde medidas significativas foram tomadas para fortalecer a proteção social, e a China, que buscou melhorias nos cuidados de saúde para trabalhadores imigrantes.
Ressalva, porém, que tais reformas são insuficientes para elevar a produtividade e reduzir a dependência de estímulos macroeconômicos. O retorno de um maior crescimento global seria, portanto, uma janela de oportunidades para reformas estruturais.
“Os tomadores de decisão precisam encontrar meios para superar as resistências políticas a reformas que abordam os gargalos de crescimento e também aproveitar a transformação digital em curso”, diz o texto.
Um crescimento mais sustentável também ajudaria a mitigar riscos financeiros provocados pelos altos níveis de dívida públicas e privadas. O relatório observa que, embora tenham ganhado impulso, o investimento dos negócios ainda é fraco, se comparado a momentos de expansões no passado. E cita dados recentes que mostram que o investimento em tecnologias digitais, essencial para a elevação da produtividade, varia muito conforme os países e as empresas.
Sobre o Brasil, o relatório afirma que a redução das barreiras comerciais ainda é prioridade, com diminuição de tarifas e de exigências de conteúdo local para elevar a exposição à concorrência internacional, fortalecendo os incentivos aos ganhos de produtividade.
Os gastos sociais deveriam se concentrar em instrumentos mais eficientes, e as distorções no sistema tributário deveriam ser corrigidas. O relatório também cita a necessidade de investimentos em educação -com treinamento, melhor remuneração de professores e elevação da oferta de escolas e da carga horária- e em infraestrutura, melhorando o planejamento de concessões. (Folhapress)