A economia brasileira cresceu em fevereiro deste ano, mas em ritmo mais fraco que no mês anterior, dando sinais de que a recuperação pode estar perdendo fôlego, aponta o monitor do PIB (Produto Interno Bruto) da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Na comparação 2017, o indicador ficou positivo na base mensal (0,7%) e no acumulado em 12 meses (1,3%).

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Em relação a janeiro deste ano, no entanto, a economia retraiu 0,3%. Em valores correntes, o PIB alcançou aproximadamente R$ 1,88 trilhão no acumulado do ano até fevereiro.

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No trimestre móvel até fevereiro, o PIB foi positivo em 1,7%, ante mesmo período de 2017, mas desacelerou em relação à taxa trimestral até janeiro, que havia registrado alta de 2,1%.

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“Fevereiro apresentou um dado que pode significar que a economia esteja perdendo o fôlego na recuperação que vinha acontecendo. Não é uma questão de susto, as taxas trimestrais continua subindo, mas estão crescendo menos que no trimestre anterior”, afirma Claudio Considera, coordenador do monitor.

O consumo das famílias subiu 0,3% em fevereiro, ante janeiro, quando havia caído 0,5%.

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Na taxa trimestral, subiu ligeiramente, 0,1%, sobre os três meses encerrados em janeiro, reduzindo o ritmo de crescimento do trimestre móvel anterior, de 0,6%.

Na comparação anual, no entanto, a alta trimestral foi de 2,5%, com o consumo de produtos duráveis acelerando à alta de 12,6%, frente aos 8,9% no trimestre anterior.

Os serviços ficaram praticamente estáveis em fevereiro, avançando 0,1% sobre janeiro. Em relação a fevereiro de 2017, a alta foi de 1,7%. A taxa trimestral também avançou 1,7% sobre o ano anterior, mas subiu apenas 0,4% ante o trimestre encerrado em janeiro.

Os dois setores são impactados pela alta taxa de desemprego, que no trimestre de dezembro de 2017 a fevereiro deste ano voltou a crescer, atingindo 13,1 milhões de brasileiros.

“O desemprego ainda pesa, a taxa não está cedendo, pelo contrário, vimos uma certa mudança de rumo. As famílias estariam comprando mais e demandando mais serviço se houvesse emprego”, diz Considera.

Em fevereiro, o consumo do governo recuou 0,9% na base mensal e 0,8% na anual. A taxa trimestral caiu 0,4% sobre um ano antes, mas conseguiu avançar 0,5% em relação ao trimestre encerrado em janeiro.

A indústria, por sua vez, recuou 1,2% em fevereiro, ante janeiro, quando a queda havia sido menor, de 0,5%.

Na taxa trimestral, houve alta de 1,8% sobre o mesmo período de 2017 -impulsionada pelo avanço de 5,4% na transformação-, mas o indicador recuou 0,2% sobre o trimestre móvel imediatamente anterior (de novembro a janeiro).

“Não dá para dizer, a partir de fevereiro, que a economia começou a voltar para a recessão. Não é esse o caso. A economia vai crescer neste ano, mas pode não ser o tanto que estava se esperando, entre 2,8% e até 3%”, diz Considerado.

Ele cita medidas que o governo estuda e que poderiam estimular o consumo, como a ampliação de quem pode sacar o PIS/Pasep e a redução do compulsório (percentual dos recursos que os bancos são obrigados a manter parados juntos ao Banco Central), o que poderia injetar mais dinheiro para o crédito.

O IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) teve uma pequena expansão em fevereiro, de 0,09%.

Analistas vêm revisando para baixo as expectativas para o PIB deste ano.

Segundo o último boletim Focus, do BC, a projeção média é de um crescimento de 2,76%. Há quatro semanas, a expectativa era de uma alta de 2,83%.

Positivo

A maior alta mensal em fevereiro foi da agropecuária: 1,8%. Sobre fevereiro de 2017, no entanto, o segmento despencou 7,9%. No trimestre, recuou 1,7% na comparação com o ano anterior, após treze meses consecutivos de alta nessa base.

O setor também registrou a maior alta entre os segmentos na passagem do trimestre até janeiro para o encerrado em fevereiro: 1,9%, empatado com a formação bruta de capital fixo, isto é, os investimentos.

Eles cresceram 1,5% ante janeiro deste ano e 5% na base anual.

A taxa trimestral avançou 1,9% em relação ao trimestre encerrado em janeiro e 4,4% sobre 2017.

O bom desempenho dos investimentos se deve, principalmente, a máquinas e equipamentos, que cresceram 17,2% no trimestre na comparação anual. A construção continua em queda (-1,8%).

“Quem compra máquina e equipamento, majoritariamente, são as empresas. De alguma forma, os empresários estão investindo, talvez se preparando para uma nova fase de expansão ou substituindo equipamentos”, diz Considerado. Ele pondera que “haveria mais investimento se houvesse uma confiança maios de que a economia vai continuar se ajustando e, nesse sentido, seria importante as reformas seguirem em frente.”

A taxa de investimento (divisão da formação bruta de capital fixo pelo PIB), a preços constantes, foi de 17,8% em fevereiro de 2018.

Balança

A exportação caiu 2% em fevereiro, ante janeiro, mas subiu 1,5% em relação a 2017. No trimestre, avançou 0,3% sobre os três meses anteriores e, na base anual, subiu 5,5%, ainda com destaque para produtos agropecuários (alta de 39,1%), seguidos de bens de capital (37,8%).

Em contrapartida, a exportação de produtos da extrativa mineral continua caindo, alcançando baixa de 21,6%, menor taxa registrada desde o trimestre móvel terminado em junho de 2013 (-25,6%). A retração se deve, principalmente, à queda da exportação de minério de ferro.

A importação recuou 0,3% em fevereiro, sobre o mês anterior. Em relação a 2017, no entanto, registrou alta de 2,2%.

A importação também cresceu 1,4% na passagem dos trimestres e 2,8% na comparação com igual período de 2017, com a importação de serviços subindo 8,1%. Produtos agropecuários recuaram 16,4%. (Folhapress)

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