Com uma recuperação mais lenta do que a esperada para os financiamentos tomados por empresas, o Banco Central reduziu sua projeção para o crédito em 2017 de um crescimento de 1%, que foi o percentual divulgado há três meses, para estabilidade.
Até o final de maio, a autoridade monetária considerava que o total de financiamentos tomados na economia iria subir 1%, no caso dos financiamentos imobiliários, empréstimos do BNDES e crédito rural (os chamados recursos direcionados), e se manter estável para o restante dos empréstimos (recursos livres).
Com a demora de reação do crédito concedido a empresas, o crescimento do crédito direcionado, composto principalmente de pessoas jurídicas, foi revisto para uma queda de 0,5%. O do crédito livre, estimulado pela recuperação dos empréstimos a consumidores, foi projetado para alta de 0,5%.
“A recuperação esperada para o crédito das empresas demorou a ocorrer. Houve melhora, mas vemos que as condições de crédito ainda se revelam restritiva para as empresas”, afirmou Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatística do BC.
Apesar de as taxas de juros ao consumidor e empresas terem caído no mês passado, os novos empréstimos se mantiveram estáveis na comparação com julho, mostram dados do Banco Central divulgados nesta quarta-feira (27).
As concessões de financiamento somaram R$ 12,2 bilhões em agosto na média diária, mesmo valor registrado em julho.
A taxa média de juros cobrada dos consumidores com recursos livres -que não incluem financiamentos imobiliários, empréstimos do BNDES e crédito rural- caiu de 63,8% ao ano para 62,3% ao ano entre julho e agosto.
No caso das empresas, a redução foi de 25,3% para 24,4%.
Sempre na mesma comparação, o spread (diferença entre o que os bancos pagam para captar e o que cobram na ponta) médio de consumidores e empresas se reduziu em 0,7 ponto percentual.
A inadimplência se manteve inalterada para consumidores e empresas -em 5,7% e 5,5%, respectivamente.
O BC informou ainda que as novas regras para o cartão de crédito rotativo, que impedem que o cliente se mantenha por mais de 30 dias na modalidade, ainda estão reduzindo os juros dos que pagam o mínimo de 15% da fatura.
Esse consumidor pagou uma taxa média de 221,4% ao ano em agosto, uma leve queda de 2,4 pontos percentuais na comparação com julho.
No caso do chamado consumidor não regular, que é o que não quita esse percentual mínimo da fatura, houve aumento na taxa, de 504% ao ano para 506,1%. (Folhapress)