A CPI do BNDES apresentou na terça-feira (15) um documento em que descreve seu plano de trabalho e aponta como uma de suas tarefas previstas o esclarecimento de “objetivos” e “benefícios” de acordos de delações premiadas e acordo de leniências firmados por empresas que tomaram crédito do banco de fomento.
O plano de trabalho abre espaço para que senadores apurem as motivações e condições em que os irmãos Batista, do grupo JBS, firmaram acordo com o Ministério Público. Podem ser alvo ainda dessas investigações os acordos firmados por empresas como a Odebrecht, cuja delação envolve 24 senadores.
A proposta deve ser analisada nesta quarta-feira (16) pela comissão.
Embora não leve o nome de “JBS”, a comissão foi criada na esteira do escândalo que atingiu em cheio o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), ambos gravados pelo empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo.
O presidente da comissão, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse à reportagem que não vê problema de a CPI investigar os irmãos Batista.
Ele diz ainda que o objetivo da comissão não é apenas de investigar os empréstimos concedidos ao grupo dos irmãos Batista. Além dos empresários, Alcolumbre afirma que o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, poderá ser convidado a prestar esclarecimentos sobre as motivações e as condições do acordo de colaboração.
O relator da CPI, Roberto Rocha (PSB-MA), diz que os irmãos Batista devem ser convidados a dar explicações. “Não há dúvida, pelo que me falaram, que os irmãos Batista serão convidados ou convocados”, disse, explicando que os requerimentos serão apresentados pelos integrantes da comissão.
“Acredito que eles são os mais interessados em fazer isso. Todo mundo espera que eles possam dar uma explicação de seus procedimentos em relação ao uso dos recursos do BNDES
e a oportunidade melhor que tem será essa, sem dúvida nenhuma”, afirmou.
Por sua proposta de instalação, aprovada pelo Senado este mês, a CPI vai apurar linha de crédito oferecidas pelo BNDES nos últimos 20 anos.
O presidente Michel Temer recebeu nesta terça-feira (15), mesmo dia em que a CPI apresentou sua proposta de atividades, tanto o presidente quanto o relator da comissão. Os compromissos foram registrados na agenda oficial do peemedebista.
Alcolumbre foi ao Palácio do Planalto acompanhado do ministro dos Transportes, Maurício Quintella. Já Rocha, em agenda separada, foi em companhia do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Oficialmente, as agendas não tinham qualquer relação com o objeto da comissão.
Durante a sessão da CPI, Rocha disse que fechou o plano de trabalho “durante um almoço” nesta terça. Questionada, a assessoria do senador confirmou que ele almoçou com Temer, mas negou que o tema tenha sido tratado com o presidente. Afirmou ainda que ao falar em “almoço” o senador maranhense se referiu a um encontro que estava previsto em seu gabinete com a participação de assessores e que, no qual o calendário de trabalho foi, de fato, definido. (Folhapress)