Uma organização formada pelas igrejas Católicas, Ortodoxas e algumas Protestantes se manifestou contra o pedido de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) em nota declarou que faz defesa da democracia.
Na nota é feita a referência do respeito às regras da democracia. Para o Conselho, as argumentações do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) para acolher o pedido de impeachment são frágeis, ambíguas e sem a devida sustentação. O CONIC avaliou que um impedimento sem legitimidade poderia levar o Brasil a uma situação caótica.
Confira abaixo a nota em que o Conselho manifesta a opinião sobre o pedido de impeachment da presidente da República
DECLARAÇÃO EM DEFESA DA DEMOCRACIA
“A justiça caminhará à nossa frente e os seus passos traçarão um caminho” (Sl 85.16)
O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), nesse contexto de tensões e incertezas que paira sobre o mandato da presidente Dilma Rousseff, une-se às demais organizações da sociedade civil e reafirma o compromisso e engajamento em favor do respeito às regras da democracia.
Como já afirmamos em diferentes ocasiões, nossa história democrática foi conquista com a luta e engajamento de muitos brasileiros e brasileiras, muitos perderam suas vidas. Ela precisa, portanto ser diariamente reafirmada. Vemos com muita preocupação que o presidente da Câmara tenha acolhido um pedido de impeachment com argumentos frágeis, ambíguos e sem a devida sustentação fática para acusação de crime de responsabilidade contra a presidente da república.
O momento pelo qual passamos pede serenidade e profunda reflexão. Vivemos um tempo difícil na economia e na política. Ainda estamos estarrecidos com o crime ambiental ocorrido em Mariana (MG) e que afeta também o estado do Espírito Santo. Temos, portanto, razões para afirmar e conclamar que os e as parlamentares se dediquem para a defesa dos interesses das pessoas que, nesse momento, sofrem os impactos dos crimes ambientais, da violência e do desemprego. Perguntamos quais seriam as consequências para a democracia brasileira diante de um processo de deposição de um governo eleito democraticamente em um processo sem a devida fundamentação. Um impeachment sem legitimidade nos conduziria para situações caóticas.
No calendário cristão, estamos no período de advento. Tempo de renovação e reafirmação da esperança. Que este tempo contribua para refletirmos de fato um projeto para o país que leve em consideração não os interesses materiais e imediatos das elites econômicas e políticas, mas sim as necessidades das grandes maiorias, especialmente dos e das trabalhadores e trabalhadoras do campo e das cidades. Afinal, este é o sentido maior da res publica – atender ao bem comum e contribuir para melhorar a vida daqueles que mais necessitam do apoio do Estado na saúde, na segurança, na educação e na proteção social em momentos de crise econômica.
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil – CONIC