A comissão de ética do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) concluiu que não houve erro médico na cirurgia do quadril a qual Pelé se submeteu em 2012. A denúncia foi feita pelo próprio ex-jogador em abril do ano passado, em entrevista à Folha de S.Paulo.
O tricampeão mundial pela Seleção Brasileira afirmou na ocasião que teve de ir aos Estados Unidos para refazer a cirurgia, no Hospital Special Sugery, em Nova York. “De acordo com os médicos que me analisaram, teve um erro médico. Um erro na técnica dos brasileiros”, afirmou. Na ocasião, o Hospital Albert Einstein divulgou uma nota lamentando “a percepção do paciente Sr. Edson Arantes do Nascimento (Pelé)”.
“O hospital avaliou as circunstâncias do atendimento e do procedimento realizado em novembro de 2012 por médico indicado pela família do próprio paciente e não encontrou nenhuma evidência de erro na conduta do médico, julgando-a adequada, dado o histórico, idade e queixa do paciente”, dizia o comunicado, assinado pelo diretor superintendente do Albert Einstein, Dr. Miguel Cendoroglo Neto.
A denúncia de Pelé foi parar na comissão de ética do Cremesp. O conselho informou ao UOL Esporte que a sindicância aberta para apurar se houve erro médico no procedimento “foi arquivada, uma vez que não foi comprovada a responsabilidade no caso em questão”. A reportagem procurou a assessoria de Pelé sobre a decisão do Cremesp, respondendo que “não tem nada a declarar sobre a decisão do Cremesp”.
CIRURGIAS E INTERNAÇÕES
O Rei do Futebol está hoje com 77 anos. Na época da operação no Albert Einstein, estava com 72. Logo após o procedimento, o médico brasileiro que o operou, Dr. Roberto Dantas Queiroz, afirmou que “Pelé tinha um desgaste da articulação que chamamos de artrose, em que você vai consumindo a cartilagem, tanto da cabeça do fêmur como do encaixe da bacia. Isso é fruto de toda a atividade física durante anos e anos. Ele sempre esteve ativo, com futebol, tênis e tudo o mais. Parte dessa conta vem dos 1.283 gols e atividade que ele sempre manteve”, afirmou o ortopedista do Hospital Albert Einstein dias depois da operação.
Pelé passou a fazer fisioterapia em sua casa no Guarujá com a filha Flávia Kurtz, que é fisioterapeuta.
Mas continuou a sentir fortes dores na região do quadril. Então, decidiu ir aos Estados Unidos em 2015. Ele ficou internado no Hospital Special Surgery de 3 a 7 de dezembro. Dias após a cirurgia em Nova York, o médico Roberto
Dantas Queiroz, que continuou acompanhando a saúde do ex-jogador, afirmou que, nos Estados Unidos, Pelé precisou tratar de uma fibrose na região do quadril -fibrose é uma espécie de cicatriz, que causa incômodo.
Antes, em julho do mesmo ano, Pelé se submeteu a uma cirurgia na coluna, também realizada nos Estados Unidos. O procedimento foi para “descompressão de raiz nervosa”. No mesmo ano, ficou três dias internado no Albert Einstein por causa de uma operação na próstata.
No ano anterior, em 2014, Pelé foi internado no mesmo hospital após exames de revisão de cirurgia renal constatar uma infecção urinária. Chegou a ser transferido para UTI e precisou de hemodiálise para ajudar o rim a filtrar o sangue.
Foi quando o estafe do ex-jogador informou que ele não tinha o rim direito, extraído em uma cirurgia há mais de 30 anos. A falta de um rim acabou retardando o tratamento.
Os problemas de saúde de Pelé não param por aí. Os esforços feitos como jogador de futebol profissional, com direito a arrancadas sensacionais a partir do meio-campo, impulsões espetaculares para cabecear a bola, e chutes potentes, de direita e de esquerda, fizeram estragos também em seus dois joelhos. Hoje, o Atleta do Século, considerado um atleta perfeito, sofre com hérnias de disco nas lombares L-2 e L-3.
CADEIRA DE RODAS
O declínio físico de Pelé chamou a atenção no sorteio dos grupos de seleções para a Copa da Rússia, realizado dia primeiro deste mês. De cadeira de rodas, o ídolo do Santos foi um dos convidados pela Fifa no evento que reuniu lendas do futebol mundial, como Maradona e Ronaldo, entre outros, no Kremlin, em Moscou.
Mereceu a atenção de todos os ex-jogadores presentes e ganhou até um beijo na testa do astro argentino. Mas a imagem que rodou o mundo foi de um Pelé debilitado, que não consegue se locomover com suas próprias pernas.
José Fornos, o Pepito, assessor pessoal do ex-jogador, disse após o sorteio que não houve qualquer alteração recente no quadro de Pelé, que usa no dia a dia uma bengala. “(Está) Tudo bem. Ele usou a cadeira porque as distâncias eram muito grandes dentro do teatro do Kremlin”, disse Pepito.