Apesar de ter sido descoberto oficialmente há muito tempo, o micro-organismo Sporothrix brasiliensis, identificado em gatos de rua no Rio de Janeiro, já é considerado um problema de saúde pública. Isso por que o fungo brasileiro foi dos bichos sem dono para cães e gatos domésticos e, depois, se espalhou para outros estados. Hoje já sendo detectado em vários países da América do Sul e até na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Como um organismo vivo, fungos do gênero Sporothrix são, obviamente, vindos da natureza e em alguns casos raros, podem causar doenças em seres humanos, em enfermidades conhecidas genericamente como esporotricose. O Sporothrix brasiliensis, por exemplo, por sua vez, consegue se infiltrar no organismo dos animais e de humanos e coloniza o tecido subcutâneo, abaixo da pele, provocando feridas. O micro-organismo também pode invadir o sistema linfático e afetar os olhos, o nariz e até os pulmões.
O pior de tudo é que a frequência dos casos tem aumentado cada vez mais. No Rio de Janeiro, por exemplo, segundo a Vigilância Sanitária, em 2016 houve registro de um aumento de 400% nos casos em relação a 2015. A cidade teve 13.536 casos notificados em gatos e 580 em humanos em 2016.
Pesquisares afirmam que isso acontece por possível desequilíbrio ambiental, que fez com que o fungo brasileiro se adaptasse a gatos mais facilmente, por exemplo. De acordo com especialistas, um gato infectado transmite para outros, além de passar para cachorros e seres humanos, mas que não é culpa dos felinos, já que falta de políticas públicas para controlar a disseminação do fungo.
Vale lembrar que o Sporothrix brasiliensis se espalha com mais facilidade que outros micro-organismos do gênero e pode causar quadros infecciosos mais severos, mas que a transmissão de gatos/cães para seres humanos se dá por meio de mordidas ou arranhões, já que o fungo está nas garras, na saliva e no sangue dos bichos infectados. O tratamento também é incerto às vezes, já que antifúngicos disponíveis nem sempre funcionam de primeira e dura muito tempo: mais de seis meses, em média.