A rebelião que já dura seis dias no Rio Grande do Norte e resultou em uma série de ataques na capital potiguar na noite desta quarta-feira (18) tem preocupado viajantes que passam o verão em uma das regiões mais turísticas do país.
“Realmente, todos estamos com medo. Não esperávamos que fôssemos passar nossas férias em meio a esse clima de insegurança, diz o comerciante Alberico Lima, 48, curitibano. “Por enquanto não houve necessidade de alteração. Mas já estamos pensando em, se a situação piorar, remarcar alguns passeios”, continua.
“Já estive aqui outras vezes e sempre foi tudo muito tranquilo. Hoje está mesmo só esse clima de insegurança diante de tantas notícias, mas a torcida é que isso tudo passe logo”, diz o aposentado Aroldo Martins, 69.
Apesar do clima de apreensão, praias famosas, como a de Ponta Negra, tinham bastante movimento durante a tarde. “Está dando para aproveitar a cidade. Só fica mesmo a preocupação da família que está longe, mas estamos sempre em contato”, diz a gaúcha Mariana Sampaio, 32.
Segundo Daniel Joás, gerente de um restaurante próximo à orla, não foi possível perceber ainda grande impacto no movimento. “Mas claro que, se a situação demorar muito a ser resolvida ou se tudo piorar, deve acabar prejudicando todos os setores da cidade”, diz.
ÔNIBUS
Por volta das 12h30 do horário local, as empresas de ônibus voltaram a recolher os coletivos em circulação em toda a cidade, alegando falta de segurança. No fim da tarde, à medida que as pessoas iam saindo do trabalho, as paradas de ônibus ficavam lotadas.
“Quem está mandando aqui é a bandidagem. O povo é que mais sofre. Não temos mais nem como ir para casa. Infelizmente essa é a realidade”, diz o ambulante Samuel Dantas, 58, enquanto esperava um ônibus para ir à cidade de Macaíba, vizinha a Natal.
No entanto, nenhum coletivo circulava nas ruas, e os táxis foram autorizados a fazer o transporte como lotação. Durante a noite de quarta (18), 15 ônibus foram incendiados e outros também foram recolhidos.
“Ontem já tive que esperar bastante. Hoje está sendo a mesma coisa. E do jeito que está é melhor encontrar outro jeito de ir para casa porque estão todos com medo até de pegar ônibus”, reclama Juliana Borges, 22.
A Polícia Militar diz que está se reunindo com o setor de transporte para traçar estratégias de segurança e que colocou todo o seu efetivo nas ruas para conter novos ataques.
Os ônibus já saíram das garagens com atraso de duas horas no começo do dia, o que causou longa espera em paradas de toda a cidade. O Sintro-RN (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do RN) diz que a categoria esperou o dia amanhecer para sair com mais segurança.
“Nós estamos nas ruas confiando apenas na segurança de Deus e esperamos que nos terminais viaturas [policiais] possam dar segurança”, disse o presidente do Sintro-RN, Júnior Rodoviário, pela manhã. “Sem polícia não tem condições de colocar a vida dos motoristas e cobradores na mão dos marginais”, disse o presidente do Sintro-RN, Júnior Rodoviário.
A coleta de lixo na cidade também foi prejudicada na quarta-feira (18). A Prefeitura de Natal decidiu suspender o serviço com medo de ataques aos veículos.
A Guarda Municipal de Natal, que poderia atuar na escolta dos ônibus, como ocorreu em outras ocasiões, está em greve desde 23 de dezembro. A categoria pede o pagamento de salários atrasados e a compra de coletes para todos os servidores, entre outras reivindicações.
Apesar do clima de insegurança, as escolas, universidades e o comércio em geral funcionam normalmente nesta quinta (19).
(FOLHAPRESS)
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