Um produto químico mortal estava no frasco do qual o ex-líder militar bósnio-croata Slobodan Praljak ingeriu um líquido antes de morrer na quarta-feira (29), em plena audiência do Tribunal Penal Internacional em Haia, disse a Procuradoria holandesa nesta quinta-feira (30).
“Houve um teste preliminar da substância no frasco e tudo que posso dizer por enquanto é que havia um substância química que pode causar a morte”, disse à agência de notícias Associated Press a promotora Marilyn Fikenscher.
Ela não quis comentar qual era exatamente as substâncias, já que as investigações continuam. A Procuradoria diz que o próximo passo deve ser a autópsia do corpo do militar, programada para os próximos dias.
Os investigadores também querem saber como Prajlak levou o frasco com o veneno para dentro da sala.
Na quarta (29), logo após ter um recurso negado contra uma pena de 20 anos de previsão, Praljak, 72, gritou “eu não sou um criminoso de guerra, me oponho a essa condenação”, e tomou o líquido de um frasco que levava no bolso.
Funcionários do tribunal correram para atender Praljak, e o presidente da corte, Carmel Agius, ordenou a suspensão da audiência. Minutos depois, chegaram ao local uma ambulância e um helicóptero. Vários paramédicos entraram no tribunal e levaram Slobodan Praljak, mas ele não resistiu e morreu em um hospital de Haia.
A sala de audiência onde aconteceu o incidente foi declarada “cena de crime” e “uma investigação foi aberta pela polícia holandesa”, anunciou o juiz-presidente Carmel Agius, antes de retomar o julgamento na parte da tarde, em outra sala.
O gesto “ilustra a profunda injustiça moral” cometida pelo tribunal de Haia, disse o primeiro-ministro croata, Andrej Plenkovic, manifestando suas “sinceras condolências” à família de Praljak.
O ex-general foi condenado por sua atuação como comandante do Exército bósnio-croata durante o conflito na Bósnia, entre 1992 e 1995. Era a última sessão do Tribunal, criado pela ONU em 1993 para julgar os crimes cometidos na guerra de separação da antiga Iugoslávia.
O veredicto desta quarta (30) deveria ser o último do tribunal antes de seu encerramento em dezembro, depois de quase um quarto de século dedicado a julgar os autores dos crimes cometidos no conflito.
Esta não foi a primeira vez que um incidente desse tipo acontece no tribunal.
Em 2006, o ex-líder dos sérvios da Croácia Milan Babic, 50, condenado a 13 anos de prisão por abusos cometidos durante na guerra, cometeu suicídio na prisão em Haia.
Ele foi o segundo preso do tribunal a se matar, depois de outro sérvio da Croácia, Slavko Dokmanovic, em junho de 1998. (Folhapress)