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Comissão da Verdade relata papel de igrejas no golpe de 64

O apoio ao golpe foi quase unânime entre os religiosos em 1964. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que mais tarde se tornaria uma das principais vozes contra a ditadura, estava entre os apoiadores. Outros dois ícones da resistência, posteriormente, os bispos d. Paulo Evaristo Arns e d. Hélder Câmara também apoiaram o início do movimento, como lembrou Padilha.

São Paulo – O apoio dado pelas igrejas do Brasil ao golpe militar de 1964 e, mais tarde, à consolidação da ditadura, terá destaque no relatório final da Comissão Nacional da Verdade – que será entregue à presidente Dilma Rousseff na quarta-feira. A informação é do coordenador do grupo de trabalho encarregado de analisar a questão religiosa naquele período, o cientista social Anivaldo Padilha.

Em entrevista à reportagem, ele observou que já existe grande quantidade de estudos e pesquisas sobre as perseguições sofridas pelas igrejas e a resistência de religiosos e leigos à ditadura. O colaboracionismo, porém, ainda teria sido pouco estudado. “Lideranças religiosas católicas e protestantes apoiaram o golpe e contribuíram em seguida para a legitimação e consolidação da ditadura”, afirmou.

“Nós já sabíamos, desde o início, do papel importantíssimo que as igrejas tiveram, às vésperas do golpe, na disseminação da ideologia anticomunista, provocando medo e pânico em alguns setores da sociedade. Nesse sentido foram absolutamente responsáveis por criar o clima político que possibilitou o golpe. Agora, porém, obtivemos mais detalhes, chegamos a casos de padres e pastores que denunciaram membros de suas igrejas, fiéis e até colegas.”

Segundo Padilha, o relatório da comissão terá nomes dos delatores. Ele não quis citar nenhum, afirmando que faz parte de um acordo com a coordenação-geral da Comissão Nacional, pelo qual as informações só poderão ser divulgadas após a entrega do relatório a Dilma.

“Nós tivemos acesso a um documento que revela que um bispo e um pastor metodista se ofereceram para ser informantes da polícia”, contou. “Mas esse não foi um caso isolado. Aconteceu em outras igrejas.”

Pai do ex-candidato petista ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, Anivaldo Padilha, que militou na juventude metodista e na Ação Popular, sendo depois preso e torturado, disse que um pastor metodista sabia das prisões e das torturas. “O que se viu muito naquele período foram opções ideológicas – e não o resultado de ignorância ou falta de informação”, afirmou.

Unânime

O apoio ao golpe foi quase unânime entre os religiosos em 1964. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que mais tarde se tornaria uma das principais vozes contra a ditadura, estava entre os apoiadores. Outros dois ícones da resistência, posteriormente, os bispos d. Paulo Evaristo Arns e d. Hélder Câmara também apoiaram o início do movimento, como lembrou Padilha.

“Menciono isso não para desqualificar, mas para mostrar a grandeza desses dois bispos”, explicou. “No momento em que perceberam que haviam caído numa cilada, tomaram consciência de suas responsabilidades e se tornaram dois gigantes na luta contra a ditadura. Vários outros bispos católicos apoiaram o golpe e depois se redimiram. No campo protestante também ocorreram casos assim.”

O documento do grupo coordenado por Padilha tem quase 200 páginas – mas só uma parte dele faz parte do relatório da Comissão Nacional a ser divulgado na quarta-feira. O material restante deve ser transformado numa publicação para distribuição e debate nas igrejas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Marcley Matos

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