Nesta segunda-feira (15), permissionários dos terminais do Eixo Anhanguera, em Goiânia, estiveram na RedeMob Consórcio, que hoje opera a Rede Metropolitana de Transportes Coletivos, para tentar uma negociação que possa reverter a ameaça de despejo anunciada pelo consórcio para o dia 17 de agosto. No total, cerca de 300 famílias dependem da renda proveniente das vendas dentro dos terminais.
“Nós apresentamos uma contra proposta que é suspender a retirada do pessoal e trazer o Governo pra mesa de negociação para encontrarmos uma solução que resolva o problema dos permissionários”, afirmou o advogado da comissão, Inocêncio Borges, que esteve presente hoje na reunião.
Vale ressaltar que hoje os permissionários pagam entre R$ 197,70 a R$ 800 por mês. Esse valor pode chegar até R$ 3 mil reais mensais caso os comerciantes aceitem a proposta de serem realocados para minishoppings nas proximidades dos terminais.
Segundo os permissionários, essa foi a única sugestão apresentada para a categoria. Os comerciantes alegam que os clientes dificilmente sairão de dentro dos terminais para comprar nesses locais fora e pagar outra passagem para voltar e continuar suas viagens. Além disso, é exigido um contrato anual que poderá resultar no endividamento dos trabalhadores.
O designer Anderson Leandro Designer, que é filho de permissionários, relatou que os comerciantes foram enganados e que durante a reunião não foi apresentado um projeto adequado. “Eu rebati a todos que eles não fizeram pesquisa de fluxo para ver quais seriam as vantagens e desvantagens para os comerciantes e até para os usuários do transporte em geral. Eles não souberam me responder”, afirmou.
Segundo Anderson, os minishoppings são um projeto para a classe média e não é um projeto para a classe pobre atuar como comerciante. Em nota, a RedMob afirmou que a mudança para a novo centro comercial popular também uma grande oportunidade para melhorar a situação dos atuais comerciantes que hoje estão em situação precária, mas não se manifestou sobre os valores do aluguel aos permissionários. (Confira nota no final da matéria).
O medo e a insegurança de quem depende das vendas dentro dos terminais para sobreviver crescem conforme a data prevista para o despejo se aproxima. Como a permissionária Maria José. “Eles estão querendo ganhar tempo para retirar nós como se fossemos lixo, uma bagagem que já não interessa a ninguém mais. E todos participam disso, o Governo do Estado, a prefeitura, todo mundo. Porque todos têm um pedacinho nessa história”, disse a comerciante que esteve na reunião de negociação.
Somos seres humanos. Sou filha de Goiânia, nascida e criada aqui e nunca tive oportunidade na minha vida. Quando tenho a mínima, eles querem tirar, isso não está certo.
Maria José
“Há uma insegurança muito grande aqui. Tem permissionário aqui que tem deficiência visual, deficiente físico e que trabalha naquele espaço. Tem gente que trabalha nos terminais e a única coisa que ganha mal dá para pagar as contas no final do mês. Então, há uma angústia muito grande. É um problema social e a gente precisa buscar uma solução social para essa questão”, concluiu o advogado Inocêncio Borges.
Confira nota da RedMob na íntegra:
“OBRAS DE MELHORIA DO TERMINAL NOVO MUNDO TAMBÉM INCLUI UM CENTRO COMERCIAL POPULAR
As obras de revitalização e modernização da infraestrutura dos 5 terminais e 19 estações do BRT Leste-
Oeste (Eixo Anhanguera) vão unificar e padronizar a sua estrutura, possibilitando novos e melhores serviços à população, priorizando a mobilidade do usuário, a organização das filas, embarques e
desembarques, acessibilidade e principalmente a segurança das pessoas que utilizam os terminais.
O novo terminal Novo Mundo passa a contar com uma nova área comercial popular que está sendo
construída para abrigar os atuais permissionários. O Centro Comercial Popular do Terminal Novo
Mundo terá 855,72 metros quadrados de área e contará com segurança, sistema de CFTV interligado
a Secretaria de Segurança Pública do Estado, acessibilidade, banheiros, áreas de convivência, equipes
de limpeza e conservação, além de ser aberto, ou seja, atenderá não só aos usuários do transporte
público coletivo, mas também a população interessada da região do Novo Mundo.
A mudança para a novo centro comercial popular também uma grande oportunidade para melhorar
a situação dos atuais comerciantes que hoje estão em situação precária, sem estrutura física digna,
instalados em quiosques de lata dentro do velho atual terminal Novo Mundo. É importante dizer que
estes novos espaços comerciais serão padronizados, bem estruturados, terão toda documentação
legal exigida, proporcionando muito mais conforto e segurança aos comerciantes e clientes usuários
ou não do transporte coletivo.
O projeto do novo Centro Comercial Popular do Terminal Novo Mundo já vem sendo tratado entre
CMTC, Metrobus, e RedeMob Consórcio, desde fevereiro de 2024, com muita responsabilidade e
transparência junto a todos os permissionários instalados no velho Terminal Novo Mundo, conforme
tratativas abaixo: