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Categorias: Especial
| Em 7 anos atrás

“Começaram a perceber que ciclista é gente”

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Ao longo dos 26 anos que tinha, João Henrique de Almeida Pacheco se transformou aos poucos no homem que deveria ser e se orgulhava disso. Nascido no interior do Paraná, João se mudou para Goiás com a família ainda pequeno e cresceu em Anápolis. Um dos passos mais significativos para a composição de João como “um homem incrível”, descrição utilizada pela esposa, Nayara Ferreira dos Santos – que prefere ser chamada de Naya – foi todo o aprendizado adquirido na faculdade de Comunicação, onde se formou em Publicidade e Propaganda.

Aliado à criação dos pais, João Batista Pacheco e Vera Lúcia Sampaio de Almeida Pacheco, os conhecimentos e vivências de João fizeram com que seus últimos anos de vida o consolidassem como cineasta, ciclista, profissional qualificado, um apaixonado pela vida e pela arte. Um verdadeiro “cara bacana”, como dizem os jovens.

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“Na faculdade João deixou o cabelo crescer e usava aqueles óculos canetinha, meio sem armação. Foi no intercâmbio na Argentina que ele deixou o cabelo crescer, quando ele se conectou e se entendeu quanto à aparência negra, enquanto homem negro. Terminou a graduação, enfim. Ele chegou ao ápice da imagem dele, ele se sentia muito feliz de ser um homem negro, de ser vaidoso, de se identificar enquanto afro latino, que ele falava que era”, relembra a Naya ao contar a história de vida do casal à reportagem.

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Casados há oito meses, João e Naya construíram uma família, que envolve uma cadelinha muito simpática, plantas bem cuidadas, familiares e amigos, que também chegam a ter um nível de parentesco significativo devido à convivência e parceria.

“Foi tudo muito rápido. A gente se conheceu em maio, antes do aniversário dele. A gente começou a ficar e não parou. Por fim, ele recebeu a proposta de um trabalho em Anápolis e voltou para lá. Mas ele passou na pós [-graduação] aqui, então, em agosto a gente começou a morar junto. Ele ficava indo e vindo, mas em agosto ele começou a ficar para a pós e nunca mais foi embora. Morávamos nós dois e um amigo, depois com uma prima e foi mudando as configurações. Por fim, ficou eu, ele e um amigo, e em outubro, antes do casamento, a gente entendeu que a gente queria casar, que queria uma casa enquanto casal […]. A gente queria ser só um casal mesmo”, comentou Naya.

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Acidente

Eis que no dia 24 de julho, enquanto pedalava na ciclovia da Avenida Universitária, em Goiânia, João Henrique se assustou com um motociclista – que havia desrespeitado a sinalização e passou no sinal vermelho. Com o susto, João freia a bicicleta, há um buraco na pista e cai, sem colidir com o motociclista, que não prestou socorro e foi embora. O ciclista foi socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO) e encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

No momento do acidente, João estava a caminho do trabalho da esposa. “Ele estava na semana de folga do trabalho, porque na UEG [Universidade Estadual de Goiás] eles têm uma semaninha em julho, e eu estava no meu trabalho, passei para pegar as coisas e ia para Campinas comprar tecido. A gente se falou, eu chamei para almoçar. Ele disse: ‘Estou descendo, vou almoçar com você. Eu deixo a bicicleta no seu trabalho e a gente vai para Campinas, depois eu pego’. Foi nesse embalo. 12h30 eu liguei para ele, fiquei esperando até 13h. Quando deu 13h10, ele não apareceu, e era o horário de ele chegar, eu liguei no celular dele e um socorrista atendeu. Foi por acaso que o socorrista atendeu […]. Os documentos do João sumiram. Ele chegou no Hugo sem identificação. Então, se o cara não tivesse atendido o telefone, a gente ia ficar louca procurando ele”.

Recuperação

À imprensa, o Hospital de Urgências de Goiânia informou que João chegou à unidade de saúde em estado de coma, com traumatismo crânio encefálico grave. Durante os dois meses em que ficou internado, o jovem passou por duas cirurgias. Nas ocasiões, grande parte do crânio foi retirado. Futuramente, João precisaria de novas intervenções cirúrgicas para colocar titânio e reestruturar todo o local que teve perda óssea.

“Ficaram cicatrizes gigantes. Quando ele caiu estourou uma veia fora do cérebro. Aí começou a comprimir. Abriu para poder drenar. Como inchou muito, teve que tirar esse pedaço do crânio para poder dar espaço para o cérebro inchar. Depois de dois dias começou a inchar o outro lado, teve que abrir do outro lado. […] Aqui, tinha ficado um pouco mais rebaixado [parte esquerda da cabeça], teria que passar por outra cirurgia depois que ele estivesse bom para colocar a placa de titânio. Ele estava com a cabeça molinha, como uma cabeça de bebê”, conta Naya.

Assim que estabilizado, João deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ficou internado em um leito de enfermaria. Com a necessidade de cuidados e observação 24 horas, familiares e amigos se revezavam para acompanhar João todos os dias e noites no Hugo.

“Eu comecei a traçar estratégias para lidar com o corpo médico. Eu falava: ‘Oi, João. Olha essa enfermeira que está aqui com a gente. Como é seu nome?’, a pessoa falava. Esse também era meu ponto de elo de saber quem era o enfermeiro. Nas enfermarias a gente tinha que ficar 24h com ele. A gente tinha um caderninho e revezada entre os pais, irmãos, amigos. Muitos amigos nossos ajudaram e a gente relatava no caderninho como foi e no grupo de WhatsApp para quem for no outro dia entender como o João passou e qual era a enfermeira, para entender como eram as pessoas e o perfil delas.

Altos e baixos dentro do Hospital, com a recuperação de João, o paciente teve que retornar novamente à UTI por ter sido infectado com uma bactéria. O dia que ele começou a tossir, ele estava com o pai à noite num sábado e estava respirando meio agitado. Foi quando ele voltou para a UTI.

“Na quarta-feira, eu estava com um amigo e o João estava acordado, bem. Na quinta, eu cheguei lá e ele já estava sedado, tomando remédio para pressão. Eu fiquei muito desesperada e vi que ele estava sofrendo. O médico falou: ‘A pressão dele abaixou muito, ele foi para o estado grave com muito risco de óbito’. Eu tinha entrado sozinha. Voltei para casa pensando que João estava querendo ir embora. Sexta, às 9h da manhã, o coração dele para. Foi a última vez que o vi meio dormindo, mas cansado, que precisava talvez vir”.

“Eu tinha entrado sozinha. Voltei para casa pensando que João estava querendo ir embora. Sexta, às 9h da manhã, o coração dele para. Foi a última vez que o vi meio dormindo, mas cansado, que precisava talvez vir”

Lembranças

“Às vezes pela manhã, um dia que ele estava de folga, acordava, ia ao Centro, comia uma empada, buscava algo, ia e voltava de bike, ia comprar uma planta. Era algo que ele gostava de fazer e era muito tranquilo. Ele já fez rotas muito maiores para cair bem na descida da [Avenida] 10. É muito doido entender esse destino louco”, disse Naya durante a entrevista que durou mais de uma hora.

Os relatos da viúva iam e voltavam entre memórias de vivências que ocorreram antes e depois do acidente, como se misturassem e ainda fosse tudo muito recente, como de fato é tudo muito recente. “Ele era muito mais sensível que eu. Eu fiquei mais sensível com esse processo. Mas ele é muito mais cuidadoso, de pensar muito no outro, de ser muito certo, de querer o que é dele, de não pensar em morrer de trabalhar, de querer viver bem. É muito doido pensar em tantas coisas”.

Durante a entrevista, Naya relembrava todo amor e carinho recebido de João nos poucos anos que ficaram juntos. Massagens após um dia cansativo, chá quente na cama em momentos de dores. Para a esposa, cuidar de João com tanta dedicação no hospital foi uma forma de retribuir tudo que já havia recebido e aprender ainda mais sobre como é amar alguém.

“Ele cuidava muito de mim. Então, cuidar dele foi muito leve, foi muita entrega de fazer tudo que ele já tinha feito por mim em vários pedacinhos, vários cuidadozinhos, que é o que me dá tranquilidade. Ele ainda ficou esses dois meses muito ensinando, sofrendo muito, mas ensinando muito para todo mundo, que talvez fosse a missão dele mesmo e que a gente estava cuidando com amor, vivendo coisas, falando tudo que tinha que falar para ele, estando com ele, dando apoio para ele. Se fosse ele ficar, ele iria ficar. É muito doido pensar… Não é viajar e ficar seis meses. É viajar e não ligar. É viajar e não ouvir a voz. É viajar e não vir molhar a planta. Quando eu estava despedindo dele, eu disse que viveria tudo de novo, sem nenhum pesar, porque acho que vivemos tudo incrível. Se fosse para viver 50 anos com alguém que não fosse incrível como o João ou viver três anos com ele, eu ficaria com três anos. A gente está aqui para ser intenso”.

Morte

Em nenhum momento a gente achou que ele iria desencarnar”, iniciou Naya, a frase em que conta como foi encarar a partida do homem que havia se casado em janeiro de 2017. Depois de todo o cuidado, ver o marido careca devido às cirurgias na cabeça, com traqueostomia – e posteriormente com sonda gástrica –, adaptar a casa para recebê-lo, com cama adequada, rampas entre a garagem e o quatro, ajuda de amigos e a conquista do home care pelo Ipasgo por 24 horas, João não resistiu à bactéria e morreu, na UTI.

“Um dia antes, eu fui visitar ele e achei ele mal. […] Nesse último dia eu senti que ele estava cansado. A gente fez as meditações com ele, e que Deus era para decidir o destino dele, que a gente tinha que largar de ser egoísta. Você é egoísta, você quer que alguém incrível fique ao seu lado, porque ele é companheiro, um ótimo marido, ótimo amigo, ótimo namorado, ótimo pai de cão custoso”, disse Naya.

“Você é egoísta, você quer que alguém incrível fique ao seu lado, porque ele é companheiro, um ótimo marido, ótimo amigo, ótimo namorado, ótimo pai de cão custoso”

João Henrique morreu no dia 22 de setembro, data em que é celebrado o Dia Mundial Sem carro. “A gente ouviu muito: porque ele estava andando de bicicleta? É um meio de transporte. É muito perto daqui [casa do casal] até a praça cívica. Eu trabalhava na [Avenida] 10. Então, é o caminho que eu fazia direto. A gente anda de Uber também porque a gente não tem carro. João era super questionador sobre se a gente precisava de um carro. Ele tinha muita consciência, que dava para ocupar a cidade de outro jeito, dava para andar a pé, de bicicleta. Tanto que ele tinha várias bicicletas, uma speed e a outra superleve, feita para trilhas urbanas. […] Acho que a galera começou a pensar que ciclista é gente. Eu e muitos amigos queridos fizemos o ato Força João, que foram mais de 100 ciclistas. Acho que esse é o ponto X, começar a ver…”

Investigação

Logo após a morte de João Henrique, a Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (DICT) iniciou as diligências. À época houve algumas críticas à unidade da Polícia Civil pela falta de investigação quando João ainda estava vivo. “A lesão corporal, no Código de Trânsito, depende da vítima vir à Delegacia representar, por exemplo, dizer: ‘quero processar essa pessoa’. […] Depois que morre, a obrigação passa a ser da Polícia”, ressaltou a titular da DICT, delegada Nilda Andrade.

À reportagem, a delegada informou sobre o processo, que ainda está ouvindo testemunhas do acidente para que seja possível identificar o motociclista. “Os policiais já andaram no local, tentaram verificar, tem até um policial civil que é amigo da família do João, ele mesmo, na data do fato tentou fazer tudo isso e não conseguiu, depois uma equipe da Delegacia retornou ao local, tentou apurar isso, não conseguiu, mas vamos ouvir essas testemunhas para até ver se alguma traz algum fato novo para a investigação”, disse.

De acordo com Nilda Andrade, caso identificado, o motociclista poderá ser acusado por um crime de homicídio culposo, cuja pena é de até quatro anos de detenção. “Ele estava na rua 10. A gente vê na imagem que o semáforo fecha, os veículos param. Uma moto vem e João assusta, cai e a moto vai embora. Nós já fizemos várias diligências para ver se identifica, até peço que se alguém souber quem é informe no 197, que é o disque-denúncia da Polícia Civil, e ninguém ligou. […] Na realidade nem a bicicleta nem João colidem na moto. A moto vai embora. A moto descumpriu a sinalização. O semáforo estava aberto para João, a preferência era de João. Isso dá para ver não que na imagem veja o semáforo, mas pressupõe porque os veículos, por onde a moto trafegava, param. Está difícil identificar o autor do acidente com o João”, afirmou.

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Sem infraestrutura

Nos últimos anos, foram implantados aproximadamente 80 quilômetros de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas na capital. No entanto, nem todos os trechos recebem a devida fiscalização e monitoramento. De acordo com o secretário Municipal de Trânsito, Fernando Santana, existe uma parceria entre a SMT e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) para que as imagens de câmeras de monitoramento instaladas na cidade sejam compartilhadas.

“Nós temos hoje a Central de Monitoramento, que é única. Lá estão os agentes e os guardas civis, monitorando essas câmeras que temos em Goiânia hoje. Muito além disso, estamos fazendo agora uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, onde vamos passar a compartilhar as câmeras da Prefeitura com as do Estado, da SSPAP-GO, que estão implantadas em Goiânia, visando um melhor monitoramento e acompanhamento na cidade como um todo”, explicou Fernando Santana.

No entanto, no local do acidente de João – Avenida Universitária, localizada no setor Universitário, ainda não há o monitoramento devido. “É o nosso próximo passo. Nós já temos dez câmeras implantadas, que estão na fase final, de teste, de correções para que muito em breve elas possam ser operadas pelo sistema e, obviamente, vão passar a fiscalizar também todo o corredor Universitário, a exemplo do [Parque] Vaca Brava, que estamos monitorando há algum tempo”, informou.

Junto com a ideia das ciclovias e ciclofaixas implantadas em Goiânia, uma parceria entre a Prefeitura e entidade privada resultou na disponibilização de bicicletas compartilhadas, para que a população possa fazer a utilização do tempo necessário e devolvê-la em qualquer um dos pontos de estação. Contudo, uma das ferramentas imprescindíveis para a segurança do ciclista não é fornecida à população: o capacete.

“A bicicleta é um veículo hoje também usado para o transporte. O usuário da bicicleta obviamente tem que utilizar os equipamentos de proteção, principalmente o capacete, porque em um acidente, em um tombo, a pessoa está totalmente desprotegida. Como ela passa a ser parte do sistema de mobilidade da cidade com essas ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, ela participa de todo esse sistema. […] A pessoa que utiliza aquela bicicleta tem que entender isso, que para utilizá-la precisa ter o capacete. Porque deixar a bicicleta ali com o próprio capacete seria difícil, a gente tem que entender isso também, o brasileiro é custoso. Seria difícil. Como você manteria esse capacete preso à bicicleta? Teria que arrumar uma solução para isso”, ressaltou o secretário.

Com a regulamentação de uma nova resolução do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), do Ministério das Cidades, ciclistas que cometerem alguma infração de trânsito poderão também ser multados, caso haja fiscalização no município. À reportagem, Fernando Santana deixou claro que a SMT tem, sim, condições de fazer essa fiscalização.

“Os agentes estão sendo preparados para que tenham esse olhar como um todo. Aí é uma parte que fica por conta exclusivamente do agente, porque se ele se deparar com ciclista sem equipamento é obrigação dele parar o ciclista, orientá-lo. A partir do momento que estiver tudo regulamentado, vai vir a questão da multa. Então, o pessoal está sendo realmente preparado para isso”, concluiu.

Estatísticas e acessibilidade

Mesmo sendo apenas estatísticas, que não demonstram o envolvimento individual de ciclistas como ser humano, que possui família e histórias, o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), a DICT e a SMT não têm informações sobre números de acidentes de trânsito que envolvem ciclistas.

O Detran-GO, por sua vez, promove passeios ciclísticos, com orientações sobre trânsito e utilização de equipamentos de segurança pessoal. Além disso, os candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) também recebem instruções fundamentais referentes à educação de trânsito, sendo que os veículos maiores devem respeitar os veículos menores, ciclistas e pedestres.

No entanto, essas campanhas não necessariamente uma política regional, que incentiva a utilização de bicicletas como meios de transporte e para lazer. Exemplo disso é a implantação de ciclovias e ciclofaixas que foi iniciada há poucos anos e ainda não fazem muito sentido no ponto de vista de interligação, conforme o ponto de vista do jornalista Deivid Souza, de 35 anos.

“Não existem espaços dedicados ao ciclista. As ciclovias que foram construídas têm seu valor, mas não atendem à necessidade. Para dar um exemplo, moro na Região Noroeste e lá tem duas ciclovias, mas elas não ligam minha região ao Centro. Quem utiliza a bicicleta para locomoção diária precisa ir para a região Central e Sul da cidade. Enquanto a locomoção das pessoas não for prioridade, o ciclista será intimidado pela violência e desestimulado pela falta de espaço”

Deivid andar de bicicleta há cinco anos. Inicialmente, a bike era para lazer, mas atualmente também é usada, esporadicamente, para ir ao trabalho. “Eu vejo a bicicleta como mais que um veículo, ela é um instrumento de democratização dos espaços urbanos. Ela também é sustentável, sua massa equivale a 1% da massa de um carro, economizando recursos naturais e não polui, mas a cidade precisa ser planejada para colher estes benefícios”, afirmou.

Questionado sobre a segurança no trânsito, o ciclista ressaltou que ainda é preciso melhorar a educação dos condutores e motoristas em relação aos veículos menores, ciclistas e pedestres. “A insegurança nossa é algo crítico. Os motoristas não têm o menor pudor em colocar a nossa vida em risco. Eu penso que é algo cultural. Falta informação, mas muito mais o respeito à pessoa e à vida. A regra de respeitar a distância de 1,5 m do ciclista, por exemplo, é frequentemente desrespeitada, e nós junto com os ciclistas, somos a parte frágil no trânsito”, reforçou o jornalista.

A estudante de Engenharia de Agrimensura, Tatiane Alves Monteiro, também passa por dificuldades de infraestrutura ao pedalar. “Nossas ciclovias são poucos quilômetros e não tem interligação. Uma coisa que atrapalha quando estou pedalando é a parte da ciclovia em frente ao Fórum, na Assis Chateaubriand. Lá arborização está grande e tenho que passar abaixando a cabeça (usando capacete) pra árvore não bater no rosto, mas vai esbarrando pelo braço. Com isso, uso uma camisa de manga longa pra não machucar e proteger do sol também”, destacou.

Outra dificuldade é a falta de educação de motoristas e condutores. “Os motoristas não respeitam. No início, quando estavam bem destacadas até que eles viam. Fora isso, eles estacionam e quando perguntamos se não viu a sinalização, avisando que ali é uma rota de bike e tem um horário pra passarmos, eles falam que não viram”.

Referente aos capacetes, Tatiane informou que já encontrou os equipamentos com valores entre R$ 60 e R$ 110, de acordo com o modelo. “É um investimento barato, tendo em vista o benefício que traz. O que mais escuto de pessoas que não se preocupam com capacete é ‘não vai acontecer nada comigo, vou pedalar com cuidado’”, concluiu.

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