Categorias: Economia

Com R$ 23 bi a receber, bancos pressionam J&F

Os bancos estão pressionando a J&F a oferecer mais garantias para que possam estender os prazos de pagamento de dívidas do grupo, que reúne empresas como JBS, Eldorado e Vigor. As negociações ficaram mais duras após o acordo de delação de Joesley e Wesley Batista.

Segundo apurou a reportagem com executivos envolvidos nas conversas, a exposição dos principais bancos do país ao grupo supera R$ 23 bilhões. A Caixa Econômica Federal é o principal credor, com cerca de R$ 10 bilhões, seguida pelo Banco do Brasil, com R$ 4,7 bilhões.

Em seguida, estão Santander, com R$ 4 bilhões, Bradesco, com R$ 3,2 bilhões, e Itaú, com R$ 1,5 bilhão.

A J&F não divulga sua dívida total, mas a soma dos débitos das principais empresas chega a R$ 70 bilhões.

Desde que estourou o escândalo, ocorreram duas reuniões entre banqueiros e a cúpula do grupo –as conversas ainda estão em fase inicial.

No último encontro, comandado por Wesley, que segue como presidente da JBS, o grupo expôs a situação das empresas e pediu aos bancos que continuem renovando suas linhas de capital de giro, como as de antecipação de contratos de exportação.

Não se fala em dinheiro novo. Executivos do grupo dizem que as empresas não precisam de mais recursos agora. Os bancos também sinalizaram que não estão dispostos a dar.

Banqueiros consideram que as receitas da JBS, companhia de alimentos que responde por 92% do faturamento do conglomerado, não devem ser seriamente afetadas pela delação dos Batista.

Eles confessaram diversos crimes, como pagamento de propina a políticos. No exterior, de onde vêm mais de 80% das vendas, os consumidores não associam as marcas da JBS a seus donos.

É uma situação diferente da Odebrecht, que dependia de obras públicas e perdeu diversos contratos por causa do escândalo de corrupção.

Mas há riscos importantes. A holding assumiu a multa de R$ 10,3 bilhões do acordo com o Ministério Público e, nos últimos anos, não recebeu dividendos suficientes para arcar com as parcelas que virão. Será preciso elevar a distribuição de parte do lucro das empresas ou vender ativos. Além disso, as companhias ainda devem ser alvo de processos e punições de outros órgãos.

Por isso, os bancos exigem mais garantias antes de rolar os empréstimos. Uma demanda é atrelar o pagamento da dívida à venda da fatia da família em algumas empresas.

Antes de o escândalo estourar, a J&F já havia contratado o Bradesco BBI para vender a Vigor, de lácteos, e marcas de higiene e limpeza da Flora. Mas os bancos agora pressionam os Batista a vender também Alpargatas e Eldorado.

Para atenuar o desconforto de acionistas e credores, Joesley afastou-se dos conselhos de administração de JBS, Alpargatas, Eldorado, Pilgrim’s Pride e da própria J&F.

ELDORADO

Uma das empresas que mais preocupam é a Eldorado Celulose. Com R$ 1 bilhão de caixa, ela tem R$ 2,2 bilhões em dívidas vencendo em 12 meses.

José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado, reconhece que a alavancagem é alta, mas diz que aumentou a entrada de recursos graças ao corte de custos e ao maior preço da celulose.

No grupo de negócios que inspiram preocupação, também estão o Banco Original e a empresa de higiene e limpeza Flora. Por enquanto, não há sinais de uma corrida bancária no Original, mas o BC destacou um auditor para acompanhar as operações.

Dona de marcas como Minuano e Neutrox, a Flora amargou sucessivos prejuízos nos últimos anos.

Por outro lado, os Batista possuem negócios que podem gerar bilhões se forem vendidos. Comprada em 2015, a Alpargatas, dona da marca Havaianas, tornou-se uma das empresas mais valiosas do grupo. Tem operação internacional robusta, dívida baixa e lucratividade alta. Em 2016, enviou R$ 70 milhões em dividendos. A gigante JBS mandou só R$ 39 milhões.

Segunda maior companhia do conglomerado, atrás da JBS, a Vigor já despertou interesse de compradores, mas o preço não agradou à família. A companhia viu seu lucro despencar para R$ 13 milhões em 2016. A derrapada, porém, é vista como pontual.

A J&F nega que vá vender ativos e não comentou negociações de dívida. Os bancos não concederam entrevista.

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Samuel Straiotto

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