Embora afaste o risco de racionamento de energia, o governo prepara uma campanha para incentivar a redução do consumo no país. A preocupação é com a perspectiva de aumento nos preços diante da falta de chuvas nos reservatórios das hidrelétricas.
“É mais do que oportuno conscientizar o consumidor para incentivar o consumo responsável”, disse o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino, em entrevista durante o Enase (Encontro Nacional do Setor Elétrico), no Rio.
Ele prevê que a conta de luz terá bandeira vermelha durante todo o período de seca, que termina em novembro. Isso significa que o consumidor pagará uma taxa adicional de R$ 3 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos no período.
Os recursos arrecadados com a taxa são usados para pagar usinas térmicas, necessárias para poupar água nos reservatórios das hidrelétricas.
“É importante enfatizar que não há risco de abastecimento, mas que o preço vai subir”, afirmou o presidente do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Luiz Eduardo Barata.
A entidade prevê que, com a persistência da seca, os reservatórios das regiões Sudeste e centro oeste chegarão a 20% da capacidade em novembro. No Nordeste, onde a situação é mais crítica, ficarão abaixo de 10%.
Projeção do ONS indica que o país não corre risco de racionamento pelo menos pelos próximos cinco anos, mesmo se a economia crescer a uma média de 5% ao ano.
A perspectiva, porém, é que as térmicas continuem tendo papel fundamental no suprimento. Além da bandeira, a tendência é que as contas subam também nas revisões anuais.
“É preciso que a sociedade seja esclarecida de que não deve deixar a luz acesa, não deve usar o ar condicionado à toa”, reforçou Barata.
De acordo com Rufino, ainda não há detalhes sobre a campanha, que deve ser lançada no segundo semestre.
NORDESTE
Com a seca histórica no Rio São Francisco, Barata diz que torna-se mais importante o acompanhamento de obras de transmissão que vão ampliar a capacidade de importação de energia do Norte.
As linhas são fundamentais para evitar problemas no abastecimento da região, que tem contado hoje mais com a geração térmica e eólica do que com as hidrelétricas nordestinas.
O governo prepara nova redução na vazão da hidrelétrica de Sobradinho, com o objetivo de poupar água no reservatório, que regula a vazão rio abaixo.
Atualmente, está permitida a liberação de 700 metros cúbicos por segundo. A ideia é baixar para menos de 600.
De acordo com o ONS, a bacia do São Francisco deve chegar ao fim do período seco com sua capacidade de armazenamento de energia próxima de zero. (Folhapress)