A morte de brasileiros pretos e pardos no Brasil cresceu 28% no primeiro ano da pandemia de covid-19. O dado é maior que o acréscimo nos óbitos de pessoas brancas, que ficou na casa dos 18% no mesmo período.

Os dados foram divulgados pelo centro de pesquisa Afro-Cebrap, que estudo questões raciais, e pela organização global de saúde Vital Strategies.

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Conforme os números, 270 mil brasileiros morreram acima do esperado em 2020, em comparação com anos anteriores. Desse total, 153 mil foram entre pretos e pardos, o que representa 36 mil óbitos a mais em comparação com o excesso de mortalidade da população branca do Brasil.

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“Nossa análise mostra as disparidades alarmantes entre a população negra e branca na saúde, que pioraram durante a Covid-19. Incentivamos aqueles que têm poder de decisão a usar os resultados deste estudo para orientar planos de combate à doença que levem em consideração as lacunas na contenção do vírus, no atendimento com base na raça/cor. Isso inclui melhorar o acesso ao tratamento e a vacinas com prioridade, melhorar a qualidade do tratamento e melhorar a coleta de dados”, diz Fatima Marinho, epidemiologista e especialista sênior da Vital Strategies.

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Clique e veja os dados da pesquisa

O excesso de mortalidade da população negra com mais de 80 anos foi de 16% enquanto o da população branca na mesma faixa etária foi de 8%. As mulheres negras também foram afetadas de forma desproporcional: o excesso de mortalidade foi 57% maior do que o das mulheres brancas.

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Segundo Márcia Lima, coordenadora e pesquisadora do Afro-Cebrap, ao longo da pandemia de Covid-19 as desigualdades raciais deixam desproporcionalmente a população negra exercendo serviços essenciais, o que acaba aumentando sua exposição ao vírus. “Enquanto as camadas mais privilegiadas da sociedade – de maioria branca – dispõem de recursos que lhes garantem a possibilidade de cumprir o isolamento social trabalhando em casa, os profissionais informais e precários – majoritariamente negros – continuam cada vez mais expostos”, diz Márcia.

Principais conclusões por idade, sexo e região

● Em 2020, o excesso de mortalidade por doenças (incluindo doenças respiratórias como a COVID-19) foi de 28% (153 mil) entre pretos e pardos em comparação com 18% (117 mil) entre pessoas de cor branca.

● Os dados mostram que pessoas pretas e pardas até 29 anos morreram 32,9%. Brancos na mesma faixa etária morreram 22,6% a mais.

● Na comparação por sexo, os homens pretos e pardos morreram duas vezes mais do que as mulheres brancas e, entre os homens negros, o excesso de mortalidade foi 55% maior quando comparado à mortalidade dos homens brancos.

● Nas regiões Sul e Sudeste, as desigualdades raciais do impacto da pandemia são maiores do que no Norte. Apesar da menor população negra, o excesso de mortalidade entre pessoas pretas e pardas foi quase duas vezes maior do que entre pessoas de cor branca, em especial no estado de São Paulo, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Paraná.

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