Uma mutação da variante Gamma, encontrada incialmente em Manaus e antes denominada P.1 foi identificada em amostras de diversas cidades de Goiás. A Gamma Plus preocupa profissionais, pois pode ter maior capacidade de contágio. O sequenciamento foi realizado dentro do projeto de mapeamento das variantes do Sars Cov-2 realizado na Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás e Instituto Federal de Goiás.
A alteração genética dessa variante está em uma parte do vírus que responde pela velocidade com que ele entra nas células do corpo infectado. Esta alteração também é encontrada na variante Delta (Índia) e preocupa porque pode significar uma maior capacidade de contágio, relata a professora Mariana Telles, coordenadora do projeto.
No primeiro conjunto de 62 amostras sequenciadas 54 eram do tipo Gamma, 1 Alpha (Reino Unido) e 7 da Gamma Plus. No segundo conjunto de 61 amostras analisadas, 40 eram do tipo Gamma, 20 da Gamma Plus e 1 B.1.153. As amostras vieram de diversas cidades de Goiás.
Sequenciamento – O projeto de sequenciamento genético do Sars-Cov 2 vem sendo realizado desde julho de 2021 e possui financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e também do INCT de Ecologia e Evolução da UFG, que está fornecendo equipamentos, espaço físico e envolvendo pós-graduandos que atuam de forma voluntária para realizar esse sequenciamento.
O infectologista Marcelo Daher, explica que trata-se de uma mutação que acabou se adaptando mais e que pode ser transmitida com menor quantidade de vírus. “Ela faz com que se ligue mais fácil a célula do hospedeiro, ou seja, o vírus vem ganhando mais velocidade de transmissão e se adaptando mais, sendo transmitido com menor quantidade de vírus. A carga viral de transmissão é menor. Não tem necessidade de ser muito alta”, destaca.
Apesar da velocidade de contágio maior, não é necessário que se entre em pânico. “Ainda assim, as vacinas funcionam e protegem. A mutação não leva ao vírus a vacina. A vacina ainda protege, mas ela facilita a transmissão, mais ou menos como a Delta”, explica.
Questionada pelo Diário de Goiás, a Secretária de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), destacou que ainda é cedo para falar se a mutação pode ser considerada de alto risco. Uma investigação será feita com relação aos dados disponíveis para avaliação se há diferenças na transmissão em relação às outras variantes que já circulam no Brasil. Veja o posicionamento na íntegra:
Como a detecção da mutação Gamma-plus é muito recente, ainda não há um posicionamento do Ministério da Saúde se ela pode ser considerada como uma variante de alto risco.
O Estado monitora o surgimento de novos casos e iniciará, assim que conseguir mais detalhes, a investigação dos casos detectados para identificar se há diferenças na sua transmissão e evolução comparados aos casos infectados com as outras variantes já em circulação.
Por fim, independentemente de qual variante está circulando em Goiás, para a população é muito importante manter as medidas de prevenção, como o uso de máscara, higienização das mãos, evitar aglomerações e se vacinar contra a Covid-19.