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Com líderes barrados, oposição pode ter de se unir a ‘outsider’

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Terceiro homem mais rico da Venezuela, o empresário Lorenzo Mendoza, 52, foi ovacionado em 4 de dezembro em Valencia (a 165 km de Caracas) ao entregar o prêmio ao jogador de beisebol que fez o maior número de home runs, principal jogada do esporte, em um festival.

Além dos aplausos, os espectadores, que pagaram de 4.000 a 50 mil bolívares pelo ingresso (18 mil a 233 mil de fevereiro, sendo o último equivalente a 30% do salário-mínimo), gritaram “presidente” quando o CEO da maior empresa alimentícia do país entrou no estádio.

Embora o empresário sempre tenha negado a intenção de se candidatar, seu nome volta a soar forte em um cenário no qual a oposição a Nicolás Maduro tem poucas opções para evitar a permanência do mandatário até 2025.

Seus líderes estão inelegíveis ou são alvo da Assembleia Constituinte chavista, que ordenou que as eleições ocorram até abril.

A popularidade de Mendoza se deve ao êxito nos negócios, à penetração de suas marcas no país e às vantagens para funcionários, tornando-o um cobiçado empregador.

A Polar é a principal fabricante venezuelana de farinha de milho (usada nas arepas, uma das bases da alimentação no país) e outros itens de mercearia, cerveja, vinho e bebidas não alcoólicas.

Com isso, o conglomerado responde a 18% dos alimentos da cesta básica e quase metade do mercado de bebidas, participação que era maior antes da ofensiva chavista contra o empresário.

Todo o setor alimentício era afetado pelos preços regulados, implementados em 2003. Mas foi com as expropriações que começaram as ameaças diretas de Chávez.

O líder o acusava de pagar os funcionários para protestar. “Se ele continuar a agredir o governo e desrespeitando este país, por mais Mendoza que seja, por mais sangue azul que tenha, vou te tirar a Polar toda”, disse, em 2009.

Embora as expropriações tenham se restringido a poucas unidades, Mendoza enviou parte da produção para Colômbia e EUA. Para manter a operação na Venezuela, usou seu patrimônio.

O prejuízo pode ser visto na sua queda na relação de bilionários da revista “Forbes”. Do 125º em 2006, com patrimônio de US$ 4,9 bilhões, caiu para a posição 1.198 em 2016, com US$ 1,5 bilhão, e saiu da lista em 2017.

Em maio de 2013, o então 329º da “Forbes” reuniu-se com Maduro para sugerir medidas para abrir o mercado. Ao sair, negou pretensão eleitoral. “Meu único interesse é ser empresário e me dedicar à construção de um setor empresarial competitivo.”

As propostas seriam reiteradas, tornando-se mais incisivas à medida que aumentava a escassez e a frustração com a inação chavista.

“O que não eles não podem é nos impor perdas. […] Há uma série de produtos que estão sequestrados pelo congelamento. É ridículo”, afirmou, em fevereiro de 2016.

O rompimento viria no fim daquele ano, quando passou a ser vigiado por Maduro.

“Vou continuar aqui e sempre vou dar a cara a tapa à Venezuela, aos trabalhadores e ao venezuelano de bem, que está de pé, que tanto precisa de trabalho honesto”, disse à época, com dedo em riste.

SILÊNCIO

A ovação no estádio também marcou o fim de uma tradição a cada discurso inflamado de Mendoza: a Polar não desmentiu a intenção eleitoral de seu CEO.

Também veio o apoio de líderes de uma MUD que implodiu após a derrota na eleição estadual para o chavismo e o boicote ao pleito municipal e não tem conseguido levar seus eleitores às urnas.

Líderes como Henri Falcón, Henrique Capriles, María Corina Machado e Henry Ramos Allup consideram sua entrada na política bem-vinda. O empresário também recebeu atos de apoio em frente à sede da Polar em janeiro.

Pesquisa do Venebarómetro mostra que Mendoza superaria todos os opositores habilitados nas primárias e é quem teria mais chances contra Maduro. Segundo a Consultores 21, é o mais competitivo entre os antichavistas que podem se candidatar.

Mas Nicolás Toledo, sócio-diretor da Consultores 21, faz uma ressalva. “O entrevistado na pesquisa não menciona o nome de Mendoza de forma espontânea. Só quando ele figura na pesquisa induzida que ganha apoio.”

Para o presidente do instituto Datanalisis, Luis Vicente León, o clamor por Mendoza é fruto do afã de preencher um vazio não ocupado pela política tradicional, o que se repete em toda a América Latina.

“É como alguém tivesse dito que seria uma boa ideia lançar o cardeal”, diz León, para quem o empresário não tentará trocar sua sala na Polar pelo Palácio de Miraflores.

(FOlHA PRESS)

Samuel Straiotto

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