O mercado imobiliário brasileiro deve ter crescimento recorde em 2021, alheio à crise econômica do país. Em Goiânia, segundo dados da associação de empresas do setor (Ademi-GO), os lançamentos triplicaram e, mesmo assim, ainda há mais demanda que oferta.
No primeiro semestre de 2021, a quantidade de unidades lançadas disparou mais de 50% em relação ao mesmo período de 2020: foram disponibilizadas 3.501 propriedades contra 2.330 lançadas no ano anterior. Em Volume Geral de Vendas (VGV), o aumento chegou a 175%, saltando de R$ 785 milhões para R$ 2,156 bilhões, ou seja, quase o triplo.
De acordo com o presidente da Ademi-GO, Fernando Razuk, o patamar mais baixo da taxa de juros foi o grande motor do mercado imobiliário. “Chegamos ao menor patamar da história para financiamento imobiliário. Isso aumenta a demanda, pois mais pessoas passam a ter condição de comprar imóvel. Há crédito abundante”, pontua.
Dados da Abecip mostram que o crédito de financiamento imobiliário mais que duplicou em todo o país quando se compara o primeiro semestre de 2021 com o primeiro semestre de 2020, passando de R$ 43,35 bilhões para R$ 97,05 bilhões, crescimento de 123,9%.
Razuk cita também o retorno de investidores que compram imóveis para aluguel ou revendas e um fenômeno oriundo da pandemia de covid-19. “As pessoas ficaram mais tempo dentro de casa e enxergaram a necessidade de morar melhor”, destacou. “Todos os segmentos aqueceram. Desde produtos para a população de baixa renda até em localizações premium, em função dos investidores. Muitos passaram a comprar apartamentos maiores também”, complementa.
O presidente da Ademi-GO diz que neste momento, em que os juros voltam a subir e a inflação pesa, pode ser a melhor hora para comprar imóveis, uma vez que haverá grande valorização. “Em 2010 e 2011, anos do maior boom, houve valorização em torno de 20% ao ano. Este ano deve voltar a este patamar e pode chegar a 30%”, destaca. Ele explica que a procura além da oferta e o aumento dos custos dos insumos colabora para este cenário.
O contexto mostra que 2021 pode ser o melhor ano para o setor, revela Razuk. “Em nível nacional, há quem diga que este ano será o maior de vendas da história do mercado imobiliário, mais que o boom de 2009, 2010 e 2011. Acredito que a perspectiva é positiva para os próximos anos”.
Insumos em alta
Ao passo que o mercado cresce, há também uma elevação no preço dos insumos. A pandemia fez a produção dos itens da construção civil cair, enquanto a procura cresceu. Tudo isso fez o preço disparar. Recentemente, o setor recebeu a notícia do aumento nos valores do cimento e concreto, por exemplo. Equilibrar essa balança é o grande desafio do setor.
“Os custos continuam subindo. Imaginávamos que no segundo semestre haveria um alívio. É um desafio para nós incorporadores. Ainda há uma dificuldade de fornecimento, então as obras têm que se planejar muito bem para não ter atraso”, pontua. A estimativa, diz Razuk, é que o custo da construção subiu 20% no país nos últimos 12 meses.
Emprego
Com o mercado aquecido, o setor colaborou para a criação de 1.451 empregos no saldo mais recente divulgado pelo Caged. Há um estoque de 84.158 vagas. No país, foram abertos 29.818 novos postos de trabalho com carteira assinada em julho de 2021. “Com o aumento no volume de lançamentos nos últimos meses, a tendência é que a geração de empregos no nosso setor continue em alta nos próximos meses, o que ajudará, inclusive, na retomada da economia neste momento pós pandemia”, destaca Razuk.