O empresário e ex-prefeito de Trindade, Jânio Darrot (MDB), enfrenta também bloqueio de bens no valor de R$ 3,4 milhões, além de quebra de sigilos fiscal e bancário, coincidentemente, após se lançar pré-candidato à prefeitura de Goiânia. Nos últimos dias ele já tinha sido alvo de busca e apreensão na investigação que trata de suspeitas de favorecimento familiar, em situação ocorrida há mais de dez anos.
A busca e apreensão aconteceu na quinta-feira (8), quando ele estava com uma filha internada para uma cirurgia, como mostrou o Diário de Goiás. A ocasião em que as ações ocorreram, tantos anos depois dos fatos, fizeram Jânio associar a uma possível retaliação de outros pré-candidatos que disputam o apoio do governador Ronaldo Caiado para serem os escolhidos da situação em Goiânia.
O empresário, que foi prefeito de Trindade entre 2013 e 2020, informou ao DG nesta terça-feira (13) que prefere se manifestar “um pouco mais adiante”.
A defesa de Jânio recorreu na sexta-feira (9) contra o bloqueio de bens e quebra de sigilo, revelados pelo jornal O Popular na segunda-feira (12). O advogado dele, Carlos Márcio Rissi Macedo, destacou ao DG que aguarda o julgamento do recurso junto ao Tribunal de Justiça de Goiás.
A investigação que levou ao bloqueio de bens do empresário apura suspeita de fraude em licitação e corrupção na contratação de uma empresa que já pertenceu a duas filhas de Jânio. A empresa, A Inovar Indústria e Comércio, foi transferida para um funcionário dele, Leonardo Santos da Costa, que trabalha há 30 anos para Jânio Darrot.
A empresa de Leonardo venceu licitação e continuou prestando serviços para o município inclusive até bem recentemente, segundo Macedo. O advogado afirma que não houve irregularidade na contratação.
Ele cita que a empresa foi criada em 2001 e transferida para o funcionário em 2011. “Isso foi hbem antes de Jânio ser prefeito”, argumenta. A empresa atuava prestando serviços complementares de confecção para o grupo empresarial do ex-prefeito, a Jean Darrot. Algum tempo depois ela alterou o objeto social e se capacitou para prestar outros serviços, passando a participar de licitações.
Uma das licitações foi para o aluguel de caminhões para a prefeitura de Trindade na gestão de Jânio. “A empresa não tinha vínculo familiar muito antes. Ela concorreu com várias, apresentou o menor preço e venceu a licitação dentro da legalidade, tanto que continuou até 2022 ou 2023”, sustenta o advogado.
Segundo ele, existem documentos que comprovam a correta prestação dos serviços pela empresa no período em que Jânio administrou Trindade. O advogado afirma que o contrato já havia sido denunciado de forma anônima, mas foi arquivado após apuração do Ministério Público. Entretanto, dois anos depois, o inquérito foi instaurado, em 2022.
Para finalizar, Macedo frisou o “dever e o direito da Polícia investigar”. Mas ele seguiu destacando que o que despertou estranheza foi uma busca e apreensão transcorridos dez anos dos fatos, “justo quando ele (Jânio Darrot) decidiu se candidatar”.
A reportagem não conseguiu localizar Leonardo Santos nesta terça-feira.
No cumprimento dos mandados de busca e apreensão na quinta passada, a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap) comunicou que as investigações transcorrem em sigilo.
Em nota, a Prefeitura de Trindade afirmou que entregou todos os documentos que se encontravam no arquivo da Prefeitura e também se colocou à disposição para continuar colaborando com as solicitações da justiça.