GABRIELA SÁ PESSOA, ENVIADA ESPECIAL *BOGOTÁ, COLÔMBIA (FOLHAPRESS) – Na divisa do Brasil com a Colômbia, as cidades de Tabatinga (AM) e Letícia (do lado de lá) serão as primeiras a receber as unidades do projeto do MinC (Ministério da Cultura) que prevê bibliotecas nas regiões de fronteiras do país.
Na segunda (17), o ministro Marcelo Calero se reuniu em Bogotá com a ministra da Cultura colombiana, Mariana Garcés, para tratar das primeiras conversas sobre o assunto. Foi o primeiro encontro oficial entre os dois.Interdependentes, Tabatinga e Letícia são cidades irmãs na fronteira brasileira. A implementação do projeto de duas bibliotecas bilíngues, uma em cada país, servirá como modelo para outras experiências em outros quatro municípios que receberão o projeto.
O programa foi anunciado no fim de 2015, pela gestão de Juca Ferreira. Agora, Calero quer incluí-lo no Bibliotecas do Amanhã, que pretende implementar a partir de 2017 com a modernização de bibliotecas e a construção de acervos em unidades do Minha Casa, Minha Vida.
A pasta ainda não estimou, porém, quanto custará cada unidade na fronteira, que também receberá recursos colombianos, nem quando as obras começarão. Segundo o ministro, todo o programa custará R$ 733 milhões e depende da aprovação do orçamento pelo Senado -a pasta propôs verba de R$ 2,54 bilhões. Em 2016, foram aprovados R$ 2,35 bilhões para a Cultura.
SUL-SUL
Calero viajou a Bogotá para participar da segunda edição do MICSUL, o Mercado de Indústrias Culturais do Sul. O evento promove rodas de negócios de produtores culturais da região com compradores sul-americanos e de todo o mundo, além de shows e mostras de cinema. Em parceria com a Apex, o MinC financiou a viagem de 60 representantes de projetos culturais à Colômbia.
Na tarde de segunda (11), reuniu-se com o ministro da Cultura da Argentina, Pablo Avelluto. No encontro, começaram a tratar de um acordo bilateral entre as duas pastas.O MinC propõe intensificar a cooperação e coprodução com o vizinho, em um projeto que prevê a criação de fóruns com produtores brasileiros e argentinos e o apoio mútuo em feiras culturais em outros países.
Tanto Avelluto como Garcés se interessaram pelo Vale Cultura e pela Lei Rouanet e seu mecanismo de mecenato -a Colômbia não possui leis de incentivo como a brasileira.
“Comentei que [a Rouanet] está neste momento sendo revisada pelo MinC”, afirmou o ministro, que na véspera disse à Folha de S.Paulo estar preocupado com a polarização política da comissão parlamentar, que se ocupa em discutir a convocação de artistas em vez de discutir fatos concretos.
Sobre a proposta de criar um novo mecanismo de financiamento para a Funarte (Fundação Nacional das Artes), o ministro afirmou que o assunto está “caminhando” na Casa Civil, ainda sem propostas concretas.Outro tema em aberto em sua gestão, a indicação dos integrantes do Conselho Superior do Cinema, deve sair “nas próximas semanas”. “Já definimos os nomes, que estão com a Casa Civil”, afirmou Calero. Parte dos novos membros já foram notificados, segundo a reportagem apurou.
O Brasil sediará a próxima edição do MICSUL em 2018. O evento, segundo a Colômbia informou ao MinC, custou US$ 2 milhões ao país -a organização não informou o valor.A pasta ainda não definiu qual cidade receberá a feira, mas espera dispor de mais recursos para a convenção e contar com o patrocínio de empresas privadas via Rouanet.