Houve progressos na pauta ambiental apresentada nesta quinta-feira (22) pelo presidente Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima, avaliou o produtor rural e consultor em agronegócio Pedro de Camargo Neto. No entanto, para ele, que foi secretário de Produção do Ministério da Agricultura, “a credibilidade é o problema”.
Camargo Neto lembrou que o Brasil alterou as propostas apresentadas antes, em dezembro, adiantando para 2050 – em vez de 2060 – a intenção de zerar as emissões de gases do efeito estufa. Entretanto, o consultor lembrou que a fala do presidente “ignorou o plano recentemente apresentado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão”.
Publicada no Diário Oficial da União de 9 de abril, a Resolução número 3, do Conselho Nacional da Amazônia Legal, presidida por Mourão, apresentava as propostas para reduzir o desmatamento e as emissões na Amazônia entre 2021 e 2022.
Mesmo também tendo avançado, em seu pronunciamento, em relação à carta enviada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, há alguns dias, Jair Bolsonaro ainda tem como desafio “construir a credibilidade (do País), pois as mudanças, mesmo melhorando, indicam fragilidade das políticas”, ressaltou. “Vamos aguardar. Passar o pires fragiliza agora, mas houve uma melhora nos compromissos.”
Em seu discurso na Cúpula do Clima, Bolsonaro se comprometeu a alcançar a neutralidade climática no Brasil até 2050, “antecipando em dez anos a sinalização anterior”. Além disso, disse que o Brasil pretende eliminar o desmatamento ilegal até 2030, “com a plena e pronta aplicação do Código Florestal”, afirmando que a medida reduzirá em quase 50% as emissões de gases do efeito estufa no País até esta data.
Bolsonaro também voltou a pedir a ajuda de recursos internacionais para a preservação ambiental no Brasil. Cobrou “a justa remuneração pelos serviços ambientais prestados pelos bioma brasileiros ao planeta” e disse que, “neste ano, a comunidade internacional terá oportunidade singular de cooperar com a construção de futuro comum”.
Por Tânia Rabello/Estadão Conteúdo