Alguns vereadores utilizaram a sessão da Câmara Municipal na manhã desta quarta-feira (18/11) para repercutir os comentários que o candidato do PSD, Vanderlan Cardoso fez ontem (17/11) em entrevista à Rádio Sagres. O senador da República insinuou que a coordenação da campanha de Maguito Vilela (MDB) tem utilizado a doença do emedebista como “estelionato eleitoral”. A vereadora Priscila Tejota (PSD) fez uma timida defesa do candidato e cobrou mais debates em torno da cidade.
O líder do MDB na Câmara, Clécio Alves puxou o caminho para as críticas. Fez questão de ir à Tribuna utilizar seu tempo para comentar – e criticar – os comentários de Vanderlan Cardoso. Além de apontar possíveis incoerências na biografia do candidato, não poupou críticas a forma como Vanderlan agiu. “Mais episódio lamentável que aconteceu ontem quando o candidato adversário da nossa coligação à prefeito de Goiânia, o senador Vanderlan Cardoso, numa infeliz oportunidade de se pronunciar e ele foi muito infeliz de forma direta atacou o nosso candidato Maguito Vilela. Quero lembrar que um dos princípios que Deus nos deu chama-se de gratidão.”
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Para Clécio, se Vanderlan é hoje senador, muito se deve ao MDB. “Porque estou falando de gratidão? Porque se o Vanderlan Cardoso hoje é senador da República, primeiramente, ele deve ao MDB, ao Maguito Vilela e ao Daniel Vilela. Ele jamais seria senador se a coligação há dois anos não tivesse aceitado como candidato ao senado na nossa chapa. Inclusive eu votei para que ele pudesse ser senador.”
O discurso teve seus ânimos acentuados a ponto de Clécio chamar Vanderlan de covarde. “O senhor é covarde, senador Vanderlan. Covarde com todas as letras garrafais”, afirmou o líder do MDB na Câmara, vereador Clécio Alves (MDB). “O senhor tem que continuar no Senado e agradecer a Deus e ao MDB [por tê-lo aceitado como candidato na nossa chapa]. O senhor não é homem de palavra, o senhor deu entrevista dizendo que jamais deixaria o Senado e agora o senhor se candidata a prefeito de Goiânia e usando de covardia uma pessoa que não pode se defender, colocando em dúvida os profissionais médicos que estão cuidando do Maguito Vilela”, discursou Clécio. “Pare enquanto é tempo, não sou só eu que vou defender o Maguito, mas também a população que vai dar a resposta no dia 29”, acrescentou.
Sargento Novandir, vereador reeleito pelo Republicanos, relembrou que apoiou Vanderlan Cardoso em 2016 e ficou surpreso quando, após o pleito, conheceu a ingratidão do senador. “Em 2016 eu trabalhei muito na campanha dele, no segundo turno Vanderlan Cardoso ganhou na minha região e sabem o que eu recebi do Vanderlan? Nem um obrigado, nunca mais passou nem para me agradecer. Quero deixar o recado para vocês que estão o apoiando que nem obrigado vocês receberão”, alertou sobre o comportamento do senador.
O vereador Felisberto Tavares (PODE) também mencionou disputas anteriores, especificamente a de 2018, para falar da promessa do então candidato ao Senado, Vanderlan Cardoso, em que se comprometeu publicamente a destinar emenda impositiva para a construção de um campo de futebol na Região Leste. “Fui 18 vezes no gabinete dele em Brasília e ele nunca me recebeu, não honrou o compromisso que ele fez em público”, afirmou. Felisberto também repercutiu os ataques do senador à saúde de Maguito Vilela. “A verdadeira farsa é ele como senador da República. Eu sei o que é coronavírus porque tive e superei essa doença, a gente sofre altos e baixos. Deus vai curar o Maguito e ele vai estar aqui, votando no segundo turno”, enfatizou.
Priscila Tejota fala em debate para Goiânia
Quase todos os vereadores que pontuaram os comentários do candidato Vanderlan Cardoso não pouparam críticas, mas Priscila Tejota, do PSD, legenda do prefeitável tentou fazer uma tímida defesa. Disse que a declaração do ex-prefeito de Senador Canedo foi descontextualizada e que lamenta que o debate entre os candidatos tenham chegado no ponto que estamos vivenciando. “Eu vejo grande manipulação das palavras do Vanderlan. As coisas não foram ditas desta forma que estão sendo ditas. É uma preocupação da minha família, da minha parte, nós estamos em oração com minha igreja pela recuperação do Maguito porque eu estive no Hospital e eu sei que se o Maguito puder escolher entre a prefeitura e a vida ele vai escolher entre a vida dele.”
Por fim, propôs que haja debates em torno das políticas públicas para Goiânia e que o vice de Maguito, o vereador Rogério Cruz esteja à disposição para enfrentá-los. “Eu proponho que os debates sejam feitos. Ele tem um vice capaz que é o Rogério Cruz, vereador desta casa e que os debates sejam feitos politicamente. Entre o Vanderlan e entre o Rogério. Que se discuta Goiânia. Todos nós temos família, somos políticos. Não é justo esse sangue moral e derramado num momento em que a nossa capital precisa ser vista do ponto de vista da gestão e ambos são capaz de serem bons gestores.”
A vereadora também relembrou que teve covid-19 e que foi tratada pelo mesmo médico que cuida de Maguito já há alguns anos. “Tive covid. Fiquei sete dias internada no Hospital Neurológico e quase tive que subir para UTI, o meu médico que depois cuidou das sequelas foi o doutor Marcelo [Rabahí] também.”
O MDB quer ‘esconder’ o vice?
Em sua fala, Priscila adotou de forma sucinta à estratégia da campanha de Vanderlan em dizer que a campanha emedebista tem utilizado a covid-19 ‘para esconder o vice’. Em entrevista à Rádio Interativa, o presidente do PSD Simeyzon Silveira reforçou isto. “O que estamos querendo é detectar o nosso real adversário na disputa pela prefeitura de Goiânia. Se é o Rogério Cruz, então é com ele que vamos debater, e não com o filho do candidato, não com a coordenação de campanha. Nós apenas queremos o nosso adversário. Não sendo o Maguito, precisa ser o vice. Ele precisa assumir esse protagonismo e vir discutir a cidade de Goiânia conosco”, salientou.”
Na entrevista, Simeyzon ainda pontuou que o estado de saúde de Maguito não foi questionado por Vanderlan. “Nós não estamos questionando o estado de saúde do candidato Maguito Vilela, muito pelo contrário, entendemos a gravidade da situação, e temos desde o início orado por ele. Fomos respeitosos a todo momento, com uma campanha totalmente propositiva, não respondemos a nenhum ataque da campanha adversária. O que queremos é que estas divulgações não sejam políticas, apenas queremos que seja expressa a realidade da saúde dele”.
MDB e o PT: aliança invisível?
O presidente metropolitano do PSD também falou sobre o fato da campanha emedebista esconder alianças reais, com o PT, por exemplo, enquanto tentam mostrar uma que não existe, com o prefeito de Goiânia, Iris Rezende. “Escondem todos os fatos, todas as alianças, e tentam mostrar a parceria com Iris Rezende, que já declarou que não entra na campanha, que não fez uma declaração de apoio a eles. Mesmo assim ficam o tempo todo utilizando imagens antigas, tentando colar a imagem a todo custo, o que já está aborrecendo o prefeito”.
Apesar da declaração, tanto o presidente do MDB MDB no Estado, Daniel Vilela como o metropolitano, Carlos Júnior, dizem que não há aceno ao PT neste momento. “A Adriana é uma excelente pessoa, uma excelente parlamentar, teve um desempenho muito bom na eleição do primeiro turno, porém o projeto do PT goianiense é antagônico ao projeto do MDB. O nosso líder maior, o prefeito Iris Rezende se candidatou em 2016 para corrigir os equívocos do PT em sua administração. Então seria uma incoerência o MDB de Goiânia aceitar o apoio do PT de Goiânia. Nada contra o PT, mas nós temos as nossas diferenças administrativas no município de Goiânia e têm que ser respeitadas. Então, como diz nosso presidente Daniel Vilela, é uma barreira quase intransponível, então eu acho que seria muito improvável que tenha essa aliança”, pontuou Júnior em entrevista ao Diário de Goiás, nesta terça-feira (17/11).
Tanto Adriana Accorsi como o Partido dos Trabalhadores ainda não fizeram qualquer aceno ao MDB até o momento.