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Cidades
| Em 4 semanas atrás

Cirurgias e tratamentos de epilepsia são afetados no Instituto Neurológico por falta de repasses da Prefeitura

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O Instituto Neurológico de Goiânia (ING) é mais um hospital de referência que está amargando falta de repasses de recursos do SUS por parte da Prefeitura para um tipo de tratamento e de cirurgia que o tornou destaque na América Latina: o da epilepsia. A direção do hospital informou nesta quarta-feira (23), durante um evento social, que atrasos nos repasses duram desde o início do ano.

“A esperança nossa é que o novo prefeito, a nova gestão municipal [a ser eleita no domingo] volte a sentar com a gente para uma outra alavancada no serviço” enfatiza o diretor técnico do hospital, Mauricio Prudente, médico cardiologista.

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Diretor-Técnico Maurício Prudente – foto DG

Ele lembra que o ING é pioneiro no tratamento da epilepsia, desenvolvendo técnicas próprias desde antes da década de 1990. A unidade já fez mais de 3 mil cirurgias da doença em pacientes do SUS vindos de todas as regiões do Brasil, e atendidos por planos de saúde.

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Redução de mais de 50%

Segundo ele, o impacto financeiro fez com que o atendimento nos tratamentos e cirurgias de epilepsia realizados na unidade caíssem em mais de 50%. “Ao longo desse ano todo foi bem ruim”, resume. Conforme o diretor, “esse ano a gente não vai fazer 30 cirurgias”, quando a média anual poderia ser de 100 até 120 – entre delicados procedimentos neurológicos e cirurgias mais complexas para casos que demandam isso.

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Ele destacou que a parte de diagnóstico, que é mais volumosa, também tem sido muito prejudicada. Conforme o diretor técnico, os problemas de repasses são semelhantes aos vividos pelas maternidades públicas de Goiânia, situação grave que o DG vem mostrando.

O ING passou por vistoria do Ministério da Saúde no primeiro semestre desse ano e, segundo Prudente, foi elogiado, mas isso não foi suficiente para que as verbas públicas destinadas para a unidade fossem entregues pelo município.

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Passando por ajustes relacionados à sua compra por um Hub médico de Brasília, como vai mostrar outra reportagem que o DG vai publicar na quarta-feira (24), a direção do ING procurou a Secretaria Estadual de Saúde há duas semanas, “em busca de uma parceria”, conta Alessandro Estival, diretor-clínico do Instituto de Neurologia.

Leia também: Cremego ameaça interditar maternidades por falta de medicação até para pulmão de prematuros

SMS reconhece falta de repasses a Neurológico e informa que quitaria nesta quarta

A Secretaria Municipal de Saúde reconhece o atraso nos repasses e informa que ainda nesta quarta-feira (23) faria um pagamento. Conforme a SMS, o valor da dívida com o ING seria de apenas R$ 72 mil – montante que ainda não foi confirmado pelo instituto. A secretaria também enviou uma nota, mas sem citar o ING, sobre o cenário relativo às dívidas com outras unidades de saúde que têm impactado o atendimento.

Nota

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que trabalha para colocar todos os compromissos em dia.

Mesmo investindo cada vez mais na saúde, este ano já foram 24,26% da arrecadação municipal (R$ 896,3 milhões), o município encontra dificuldades em manter os altos custos das três maternidades públicas que possuem um custo mensal de R$ 20,2 milhões , sendo R$ 10,3 da Célia Câmara, R$ 6,9 da Dona Íris e R$ 2,9 da Nascer Cidadão. Mensalmente, o MS repassa R$ 7,5 milhões, os outros R$ 15,7 milhões ficam a cargo do município.

As maternidades passaram a pesar nos custos da saúde a partir do momento em que o Hospital Municipal e Maternidade Célia Câmara deixou de ser hospital covid, integralmente financiado pelo Ministério da Saúde (MS), e passou a depender 100% dos recursos do Tesouro Municipal. Mesmo com a ajuda do MS, iniciada em maio, com a ajuda de custeio da Célia Câmara, a situação ainda é desafiadora, já que a prefeitura tem outras áreas para cuidar e o custeio dos servidores.

A situação é agravada pelo frequente aumento de pacientes de outros municípios que são atendidas na Maternidade Dona Iris, que é uma maternidade de alto risco e alto custo. De janeiro a julho de 2023, 43% dos atendimentos eram de fora e agora em 2024, mesmo período, já são 52%.

Apesar das dificuldades, a rede de saúde do município está em funcionamento, somente nas urgências são uma média de 4 mil atendimentos dia, sendo 3,5 mil atendimentos adultos e 500 infantis. Não faltam médicos nas unidades de saúde e nem na atenção primária, somente nos últimos meses, mais de 400 médicos foram contratados. Das 22 novas ambulâncias contratadas para o Samu, 11 já chegaram e estão em atendimento.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.