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Categorias: Política
| Em 6 anos atrás

Ciro ensaia apoio ao PT, e Marina revive drama

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GUSTAVO URIBE, JOELMIR TAVARES E ANGELA BOLDRINI
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mesmo tendo declarado que pretende se recolher, o candidato do PDT, Ciro Gomes, deve anunciar apoio a Fernando Haddad, do PT, em eventual segundo turno que o exclua.

Segundo aliados, mesmo que magoado com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pedetista não manteria neutralidade diante de um risco de vitória da direita.

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Em conversas reservadas, Ciro avalia que Lula agiu de maneira desleal ao ter atuado para esvaziar sua candidatura, impedindo o apoio dos partidos do centrão e influenciado o PSB a declarar neutralidade na disputa presidencial.

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“O PT, independentemente de qualquer resultado, acabará fazendo uma autocrítica. Ele maltrata todos os seus aliados, mas, depois, vem buscar parcerias”, criticou o líder do PDT na Câmara dos Deputados, André Figueiredo.

Para ele, “saem ranços do processo eleitoral” na relação dos dois partidos.

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Para evitar críticas de fisiologismo, a ideia é que o PDT anuncie apoio ao PT, mas sem a promessa de compor um eventual governo.

Mesmo assim, aliados de Haddad pretendem oferecer a Ciro um posto no comando da campanha e sinalizar com a incorporação de promessas eleitorais, como o SPCiro, e com um cargo ministerial.

Figueiredo diz que ainda acredita na possibilidade de Ciro passar para o segundo turno, mas, caso o cenário não se confirme, ele afirma que o pedetista não deixará a vida pública. “Ele continuará fazendo política, independentemente de mandato”, diz.

A campanha de Marina Silva (Rede) diz publicamente que ela pode passar ao segundo turno, por mais que as pesquisas digam o oposto.

Em privado, no entanto, já era admitida a avaliação de que ela não terá votação suficiente e será pressionada a se manifestar.

Esse cenário apresenta outro problema: ninguém sabe ao certo o que se passa na cabeça da presidenciável.

A definição dependerá, dizem interlocutores, de mais um dos habituais períodos de reflexão que ela adota antes de decisões importantes.

No pano de fundo está o trauma de 2014, quando ela apoiou Aécio Neves (PSDB) em detrimento de Dilma Rousseff (PT). Marina passou os últimos meses tendo que responder sobre o gesto.

Se já era controverso na época (depois de ter passado a campanha criticando a polarização e o PSDB), o endosso se tornou ainda mais problemático depois das revelações da Lava Jato sobre Aécio.

Embora o rumo da candidata num cenário Bolsonaro versus Haddad seja uma incógnita, a possibilidade aventada é que ela se manifeste a favor de um voto “pró-democracia”, rechaçando, dessa forma, Bolsonaro.

Ela caracteriza o deputado como líder de uma onda antidemocrática e autoritária. A ex-senadora participou em São Paulo do ato #EleNão, de oposição ao deputado.

Uma adesão mais explícita a Haddad é vista como praticamente impossível, em virtude das discordâncias dela com o PT, sua antiga sigla, e das mágoas que guarda da campanha de desconstrução que diz ter sofrido em 2014.

Se a postura no segundo turno é desconhecida, o futuro mais distante parece mais nebuloso ainda. Sem cargo eletivo, Marina corre o risco de repetir o sumiço pós-2014 apontado por detratores (e sempre negado por ela). Nenhum aliado arrisca dizer se ela pensa em disputar outro cargo que não seja a Presidência, depois de tentar chegar ao Planalto em três eleições seguidas (2010, 2014 e 2018).

Marina vê ainda se impor algo mais sério: o futuro do partido fundado por ela. A Rede teme não conseguir ultrapassar a cláusula de barreira e, com isso, ficar com sua sobrevivência ameaçada.

Hoje, a Rede tem só dois parlamentares.

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