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Categorias: Variedades
| Em 7 anos atrás

Cinema brasileiro marca presença na edição de 20 anos do Fica

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Desde antes da virada do século, quando o cinema brasileiro recebeu reconhecimento internacional, as produções nacionais buscam se consolidar no país. Segundo dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine), 2017 foi um ano recorde de lançamentos brasileiros. No entanto, os títulos estrangeiros renderam quase 10 milhões de ingressos a mais que os nacionais nas salas de cinema. Diante deste cenário, os festivais continuam sendo o principal meio de exibição para obras brasileiras. Em sua 20ª edição, o Fica traz dez títulos nacionais de diferentes formatos e contribui para a pluralidade de pontos de vista apresentados ao público.

A professora do curso de Cinema da Universidade Estatual de Goiás (UEG) e integrante do júri de seleção, Ceiça Ferreira, destaca a diversidade de estados representados na mostra. Ao longo dos cinco dias de programação, serão exibidas obras do Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro, Paraná e Goiás. Rafael Amorim, roteirista e diretor de Nanã, curta pernambucano que faz parte da programação da mostra, acredita que a seleção de obras produzidas fora do eixo Sudeste oferece uma oportunidade de democratização dos espaços de exibição. O curta de Amorim aborda a noção de progresso da cidade e como os investimentos privados afetam moradores e meio ambiente.

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Frequências é o segundo título pernambucano na mostra. O documentário é o sétimo filme do olindense Adalberto Oliveira, que já teve uma outra produção, Milagres, exibida na edição passada do Fica. O diretor lamenta que o acesso à produção pernambucana, uma das mais proeminentes no país, seja tão restrito. Ele acredita que os festivais são a principal forma de distribuição da produção independente brasileira. Adalberto conta que Frequências é o segundo filme de uma trilogia intitulada Identidades. O filme é um documentário experimental sobre o farol de Olinda e analisa a relação do monumento com os trabalhadores que vivem em seu entorno e com o projeto de urbanização da cidade.

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A reflexão sobre a cidade aparece também em A Câmera de João, curta do goiano Tothi Cardoso. Segundo o diretor, o filme é uma reflexão sobre a memória de Campinas, bairro histórico de Goiânia. Através da fotografia e dos fragmentos de lembranças do seu avô, João descobre passado e presente, lugares e coisas. O curta chega à mostra competitiva do Fica um ano após sua estreia, que aconteceu na última edição da Mostra ABD. Tothi também celebra a exibição do filme com audiodescrição na mostra paralela dedicada a pessoas com deficiência visual.

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O MalabaristaOs goianos também serão representados pelos documentários A Viagem de Ícaro, Diriti de Bdé Buré e O Malabarista, este último uma animação sobre o cotidiano de malabaristas de rua em meio à monotonia da cidade. Diriti de Bdé Buré é de roteiro e direção da goiana Silvana Beline. O curta aborda a preservação da cultura indígena a partir da perspectiva de uma ceramista. A questão indígena aparece também no longa-metragem Um Filme para Ehuana, documentário da carioca Louise Botkay. O filme aborda a preservação dos povos indígenas a partir da trajetória de uma protagonista mulher.

De acordo com uma pesquisa da Ancine, os homens correspondem a cerca de 78% dos diretores de filmes produzidos no Brasil. A direção é assumida por mulheres em somente 19% das produções. As mulheres aparecem em peso nesta edição do festival. Cinco filmes foram dirigidos ou co-dirigidos por mulheres, como é o caso do goiano A Viagem de Ícaro, um documentário sobre um catador de materiais recicláveis que tem um sonho impossível. Construindo Pontes também é encabeçado por uma mulher, a paranaense Heloisa Passos. Com sensibilidade, o filme aborda a ditadura militar a parte das posturas incisivas de um pai e uma filha. A discussão surge a partir de uma coleção de filmes em Super-8.

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Construindo PontesA relação entre ser humano e natureza é outro tema de destaque nesta edição do Fica. A animação carioca Plantae reflete o desmatamento do ponto de vista de um madeireiro que, ao derrubar uma grande árvore no meio da floresta, se depara com uma reação inesperada da natureza. Já o documentário Aracati, uma co-proudção entre Rio de Janeiro e Ceará, pondera o vínculo entre paisagem e homem no vale do Jaguaribe, acompanhando a rota do vento Aracati.
Todos os filmes serão exibidos na programação da Mostra Competitiva do Fica 2018, e concorrem a R$ 280 mil em prêmios e troféus. O Festival Internacional de Cinema Ambiental e realizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (Seduce) e vai de 5 a 10 de junho, na cidade de Goiás.

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