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Cidade próxima a epicentro ruiu com tremor no México

Os sinais de destruição de Jojutla começam já na estrada. Deslizamentos de terra, partes do asfalto que cederam, árvores e postes caídos dão as boas vindas a uma das cidades mais destruídas pelo terremoto de magnitude 7,1 que arrasou a região central do México na terça-feira (19).

“Não sobrou nada, foi a destruição completa. Dali saíram três defuntozinhos”, dizia Gloria Carrillo, apontando para uma pilha de escombros na avenida 18 de Marzo, na entrada do povoado a 131 km da Cidade do México. “Minha casa caiu, a casa da vizinha caiu, a rua toda caiu.”

Enquanto prédios se debruçam para frente ou se contorcem em formatos inacreditáveis, com paredes, tetos e sacadas que parecem feitos de massinha de modelar, o asfalto virou uma montanha- russa, com ondas de concreto tremelicando no horizonte debaixo do sol quente.

“Quer tirar fotos de desastre? Tem uma rua onde todas as casas caíram”, oferece uma mulher, andando ao lado de muros prestes a tombar, indiferente ao caos e já acostumada à nova realidade.

Fora da capital, onde foram registradas 155 das 293 mortes decorrentes da tragédia, a cidade de 52 mil habitantes, no meio do caminho entre o epicentro, em Axochiapan, e a metrópole, foi a mais destruída pela tragédia.

Jojutla registrou mais de 70 mortes, e o número aumenta a cada dia porque muitos moradores, sem ter para onde ir, acabam ficando em suas casas condenadas.

Outros fizeram da rua quarto, cozinha e sala de estar. Móveis, camas, colchões e fogões ocupam o meio das vias, quase todas interditadas.

“Dormimos na rua e deixamos as crianças dormirem na camionete”, diz Victor Ortiz, diante de sua casa arruinada, as janelas cobertas com lona.

Muitos aqui, como Abigail, a mulher de Ortiz, ficam mudos, sentados debaixo de lonas como se esperassem toda essa destruição passar.

Mas ela não passa. No dia do terremoto, um vazamento de gás explodiu um mercado e dois restaurantes. A prefeitura, com arcos e adornos dourados, parece bombardeada, com uma lateral afundada para dentro e seus elementos metálicos retorcidos. Ao lado, um carro está soterrado por escombros, como se não pudesse sair dali a tempo.

No total, 350 prédios vieram abaixo e policiais falam em 3.000 casas destruídas. Autoridades já começam a marcar com um círculo vermelho os imóveis irrecuperáveis, que serão demolidos.

Da mesma forma que na Cidade do México, voluntários aqui também abarrotam a cidade, distribuindo comida, remédios e mantimentos. A diferença, no entanto, é que enquanto a capital tem excesso de doações, moradores de Jojutla fazem longas filas para agarrar qualquer coisa.

“Estamos reabastecendo nossas despensas”, dizia María Elena Hernández, com os braços cheios de sacolas de leite em pó e farinha. “Graças a Deus nos dão essas coisas.”

Em espaço bem menor que o da metrópole, a destruição em Jojutla é mais concentrada e parece ter acontecido há segundos, não há quatro dias. Farmácias e padarias interditadas, com cordões de isolamento, ainda têm vitrines acesas, ostentando remédios, cremes e pães frescos.

Uma rua fechada à circulação por perigo dos prédios dos dois lados virem abaixo é vigiada o tempo todo pela polícia, que só deixa que moradores entrem para recuperar coisas de valor “”uma operação que pode custar a vida.

Suando, um rapaz corria para dentro de uma loja num prédio todo rachado para arrancar dali sacos enormes cheios de tênis de corrida. “Está tudo a ponto de desabar”, dizia José Alberto Santillana, sem fôlego. “Temos que correr porque vai cair.”

(FOLHA PRESS)

Samuel Straiotto

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